Folha 8

CERVEJEIRA

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A 16 de Setembro de 2005, o Conselho de Ministros aprovou a privatizaç­ão da cervejeira Cuca através da resolução 65/ 05, tendo o Estado transferid­o, de forma obscura, 51% das suas acções à Soba, uma sociedade mista entre a holding do MPLA, a GEFI, e a Brasseries Internatio­nales Holding ( BIH), do grupo francês Castel. Esta última, na qualidade de investidor estrangeir­o singular, ficou com 13% das acções da Cuca. A empresa francesa detém 75% do capital da Soba e à GEFI cabe 25% da sociedade. Para além ser uma empresa do MPLA, não são do conhecimen­to público os investimen­tos ou contribuiç­ões de activos que a GEFI terá feito na sociedade com a BIH, em comparação, por exemplo, com a sua compartici­pação na Fly540 acima referida. Todavia, o que importa analisar aqui é o processo de gestão do governo. O Conselho de Ministros é chefiado pelo presidente José Eduardo dos Santos que, ao aprovar a alienação da Cuca, estava claramente a beneficiar o aumento da carteira de negócios do seu partido, da entourage presidenci­al, como é o caso do secretário­geral da Presidênci­a da República, Adelino Peixoto, e outros dirigentes privilegia­dos do regime. 2

Como principal líder do MPLA, a aprovação de projectos que envolvam a GEFI, em sede do Conselho de Ministros, por si dirigido, coloca o Presidente da República numa grave situação de conflito de interesses e numa posição embaraçosa sobre os destinos dados aos lucros da GEFI, informação desconheci­da até por vários membros do seu Bureau Político. A questão dos lucros da GEFI merecerá a devida atenção no capítulo referente às conclusões.

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