URGE EXPLICAR A PORTUGAL QUE MORREM PESSOAS EM ANGOLA
Ogove rno português, o Presidente da República Portuguesa, um jurista reconhecido, deve saber que mais importante que as relações entre governos é a relação entre os povos de diferentes países, no caso os povos de Angola e o povo de Portugal.
Quando morre, barbaramente, um angolano nas mãos da injustiça, dos órgãos policiais, nenhum homem de bem, de bom senso, amante da justiça e da democracia, pode ficar indiferente.
Durante muitos anos, se pede uma visão superior a, barroca, do Partido Comunista português, que purifica todos os assassinatos, até os mais hediondos dos seus aliados, as demais autoridades portuguesas, sob pena de um dia perigarem, até os seculares laços de respeitabilidade entre governos, na mudança que se avizinha ou, um dia chegará... É hora de pensar e agir diferente e, neste verão, seria bom a Marcelo Rebelo de Sousa dar um mergulho, para retirar do corpo os seus equívocos e, depois aconselhar, António Costa a fazer o mesmo.
A fome, a miséria, as injustiças, as violações dos Direitos Humanos, são astronómicas, para não colherem a sensibilidade de quem se diz amigo dos povos de Angola. Ou serão apenas, amigos do dinheiro?
Activistas angolanos promoveram, em Lisboa, uma recolha de assinaturas para denunciar a violência policial em Angola, cujo mais recente e dramático episódio aconteceu com o assassinato do médico Sílvio Dala, numa esquadra da Polícia, em Luanda. A iniciativa visa levar o assunto à União Europeia e às Nações Unidas. A recolha de assinaturas foi promovida pelo movimento político angolano Bloco Liberal e decorreu na zona de Entrecampos, Campo Pequeno e Avenida da República, próximo da Embaixada de
Angola, em Lisboa.
O objectivo é recolher nesta e em outras acções a realizar nos próximos dias 1.000 assinaturas para encaminhar para organizações internacionais como a União Europeia eo AltoComissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos uma petição para denunciar os casos de violência policial em Angola. “Nestes 10 últimos anos, a Polícia Nacional de Angola deixou um rasto de mais de 400 mortos na via pública, tiros dispersos, confundindo cidadãos com marginais. É um conjunto de situações que temos de analisar com alguma preocupação”, disse à agência Lusa Emerson Sousa, coordenador do Bloco Liberal. A iniciativa surge depois de, em 1 de Setembro, o médico Sílvio Dala ter morrido em circunstâncias ainda por esclarecer após ter sido levado a uma esquadra policial por não usar máscara facial no interior da viatura que conduzia.
A morte médico provocou grande comoção em Angola e fortes críticas da sociedade civil à actuação da polícia, tendo também dado origem a uma petição contra o uso de máscaras faciais no interior de viaturas, que já reuniu mais de 15 mil assinaturas e levou à revogação desta disposição legal. “Ninguém devia temer pela sua vida por não usar uma máscara ou por ser abordado por um agente da polícia e as autoridades devem ser responsabilizadas ao privar todo e qualquer cidadão dos seus direitos, sobretudo o direito à vida”, defende a petição. “Infelizmente, em Angola, só no último mês morreram muitas pessoas por brutalidade policial”, disse Érica Tavares, uma jovem activista ambiental angolana, de passagem por Lisboa e que se associou à iniciativa. Na petição são destacados os nomes de outras sete vítimas de abusos das forças policiais, com idades entre os 14 e os 25 anos, sendo pedida uma investigação “imediata, rigorosa e independente” às suas mortes, bem como à do médico Sílvio Dala.
A recolha de assinaturas foi também uma oportunidade para esclarecer os transeuntes sobre a situação dos direitos humanos em Angola ( assunto que, manifestamente, não interessa aos portugueses em geral e à sua comunicação social em particular), que os jovens acreditam “pouco mudou”, apesar das promessas do Presidente da República ( João Lourenço), do Presidente do MPLA ( João Lourenço) e do Titular do Poder Executivo ( João Lourenço). Emerson Sousa recordou que a questão dos direitos humanos foi uma das bandeiras da campanha de João Lourenço, mas do que o chefe de Estado não está a cumprir. “Demos o benefício da dúvida ao novo Presidente de Angola. Prometeu liberdade de reunião, de expressão e de pensamento, mas cada vez que tentamos apontar os erros e fiscalizar os actos do Governo ele extrapola a lei e acaba por reprimir mais”, considerou.
“As coisas não mudaram. Houve um estímulo para podermos falar, mas o que nós falamos não se ouve. Tiraram- nos as coleiras para podermos falar, mas meteramnos dentro de uma sala fechada e tudo o que falamos e gritamos não é levado em consideração”, sublinhou.
Sobre as pessoas que assinaram a petição, cerca de três dezenas, Emerson Sousa destacou a representatividade de nacionalidades.
“Tivemos brasileiros, cabo-verdianos, guineenses, um casal de turistas romenos, portugueses e angolanos. A ideia é que as pessoas reflictam sobre o que está a acontecer em Angola”, disse.
“Existe uma grande comunidade, não apenas de angolanos, mas de outras nacionalidades africanas em Portugal e decidimos sair à rua para fazer sensibilização porque não podemos continuar a ver isto acontecer e não fazer nada”, reforçou, por seu lado, Érica Tavares. Em Angola, quando um cidadão não usa máscara tem de ser levado para a esquadra, o único lugar adequado para resolver tão candente problema, e aí há sempre a possibilidade de quedas, de ferimentos ligeiros que evoluem para grave e que terminam na morgue.
Está, portanto, esclarecido que o médico Sílvio Dala foi ( como é timbre da Polícia) levado com toda a cortesia e urbanidade para uma esquadra, tendo ficado irritado com os agentes por estes se terem (e bem) recusado a – como mandou o chefe – dar- lhe chocolates e rebuçados e a servir- lhe um “whisky” ( com duas pedras de gelo).
Pensando em denegrir a impoluta imagem da Polícia Nacional, o médico Sílvio Dala terá começado a agredir as grades da cela, atirandose pelas escadas abaixo numa tentativa de suicídio que se concretizou mau grado o enorme esforço dos agentes para tentarem evitar o falecimento…
Acooperação entre Angola e a União Europeia ( UE) tem conhecido “mudanças qualitativas” com a introdução de métodos inovadores de relacionamento, afirmou o ministro das Relações Exteriores de Angola, Téte António. Introdução de métodos inovadores que ainda não chegaram a Luanda. Consta que, devido à Covid, vêm de bicicleta mas que os pneus… furaram. Segundo o governante angolano, que falava na abertura da 5. ª Reunião
Ministerial AngolaUnião Europeia, por videoconferência entre Luanda e Bruxelas, no âmbito do programa “Caminho Conjunto”, o encontro tem em vista uma cooperação mais activa e participativa. Isto, é claro, desde que a UE aceita fazer o que o MPLA quer e este continue a fazer o muito bem entende.
“A República de Angola tem a UE como um parceiro importante para o seu desenvolvimento económico e social, consiste num modelo de cooperação de vantagens mútuas para o progresso e bem- estar das nossas populações”, afirmou Téte António que teve como interlocutor o Alto Representante para a Política Externa e Segurança Comum, Josep Borrel.
O ministro angolano deu conta de que a cooperação entre Luanda e Bruxelas, “não apenas caracterizada pela componente económica”, tem conhecido “mudanças qualitativas” com a introdução de métodos inovadores de relacionamento. As relações entre Angola e a UE “são abrangentes, tal como a União Europeia o quer fazer com toda a África, se falarmos da futura cimeira da União Europeia e União Africana”.
A Agenda Nacional de Desenvolvimento da República de Angola, disse o governante angolano, “não assenta somente na necessidade de expectativas nacionais de crescimento, mas também nas oportunidades decorrentes da dinâmica económica regional” e da possibilidade de criação de parceria ainda mais estreitas e bem diversificadas. “Continuamos engajados no nosso desejo permanente franco
ede continuar a reforçar a nossa cooperação multiforme baseada no respeito mútuo”, concluiu. A situação política e de segurança na África Austral e na Região dos Grandes Lagos, bem como no espaço da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral ( SADC), “com especial atenção para os assuntos políticos e de segurança”, foram temas da agenda. O programa “Caminho Conjunto” Angola- União Europeia foi assinado, em Julho de 2012, em Bruxelas, com o intuito de reforçar o diálogo e a cooperação entre as partes.
Recorde- se que em 18 de Novembro de 2015, apenas, como esperado, com os votos do MPLA, a Assembleia Nacional manifestou “profunda preocupação” com as entidades europeias que, afirmou, pretendem denegrir a “imagem e o bom- nome” de Angola, matérias que qualifica como “crime público pela legislação angolana”. Como escreveu o Folha 8 nesse dia, talvez fosse altura de o regime apresentar queixa internacional contra o Parlamento Europeu e, no caso de algum dos seus membros entrar no país, detê- lo pelo tal “crime público”. Seria uma forma de mostrar aos europeus que essa coisa da liberdade de expressão e de informação não se aplica a Angola.
A posição do regime consta de uma resolução, em resposta a uma outra resolução do Parlamento Europeu – adoptada por maioria absoluta, em Setembro de 2015, sobre violação de liberdades e direitos humanos pela autoridades angolanas -, e que foi aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda, com 145 votos a favor ( MPLA, no poder desde 1975), 27 contra e duas abstenções, estes da oposição.
O documento do regime, debatido sob forte contestação do partido dono disto tudo, o MPLA, considerando nomeadamente que a resolução do Parlamento Europeu pedia a libertação de pessoas suspeitas de crime contra a segurança nacional sem pronunciamento prévio dos tribunais, refere que o mesmo “viola flagrantemente os princípios da boa- fé e da não- ingerência nos assuntos internos, da igualdade de Estados”. Continuamos a pensar que essa era a altura de citar o então embaixador itinerante do regime, Luvualu de Carvalho, e lembrar a Europa que os países de África já não são colónias europeias e, ainda, avisar a NATO para se portar bem se, é claro, não quiser levar porrada. Acrescentava o MPLA que a resolução do Parlamento Europeu “é um acto unilateral, carecendo de legitimidade para com o Estado angolano e, em particular, com a Assembleia
Nacional, única, legítima representante e defensora de todos os cidadãos angolanos”.
O Parlamento Europeu tinha aprovado em 10 de Setembro ( 2015) uma resolução sobre as “tentativas incessantes” das autoridades angolanas para limitar as liberdades de expressão, de imprensa e de reunião pacífica e de associação.
A resolução, que reuniu 550 votos a favor, 14 contra e 60 abstenções, além de destacar as limitações de liberdades, notou ( coisa estranha) o nível de corrupção e as deficiências no sistema anti- branqueamento de capitais em Angola. Mais uma vez os europeus meteram o pé na argola ao falarem de coisas que não existem em Angola. Onde terão eles descoberto que existe corrupção e branqueamento de capitais? Francamente. Todo o mundo democrático, a começar na Coreia do Norte e a terminar na Guiné Equatorial, sabe que nunca o Presidente do MPLA permitiria tal coisa. Conta, aliás, com o apoio do Titular do Poder Executivo e também do Presidente da República. A resolução então aprovada pelo parlamento do regime sublinhava ainda que o documento europeu punha em risco as boas relações políticas e diplomáticas entre o Estado angolano e as instituições da União Europeia ou cidadãos dos Estados- membros. O Parlamento Europeu foi exortado a respeitar as decisões e resoluções do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, instituído e aceite pelos membros da ONU e competente para analisar a situação dos direitos humanos a nível internacional. Na resolução, os membros do Parlamento Europeu são convidados a visitarem Angola e as instituições, no quadro da cooperação parlamentar. A resolução recomendou ao executivo angolano o reforço do diálogo entre o Conselho Europeu e a Comissão das Comunidades Europeias nos termos dos Acordos de Cotonou e do “Caminho Conjunto Angola- União Europeia”.
O Parlamento sublinhou que Angola é parceira da União Europeia desde longa data, relação guiada pelo Acordo de Cotonou no âmbito multilateral. Ainda em Setembro de 2015, em carta endereçada ao seu homólogo europeu, o presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos, repudiou a resolução tomada por aquele órgão. Mencionando casos de jornalistas e activistas de direitos humanos, o Parlamento Europeu manifestou a sua “profunda preocupação com o rápido agravamento da situação em termos de direitos humanos, liberdades fundamentais e espaço democrático em Angola, com os graves abusos por parte das forças de segurança e a falta de independência do sistema judicial”.
No texto, os eurodeputados pediam às autoridades angolanas para “libertarem imediata e incondicionalmente todos os defensores dos direitos humanos” e prisioneiros de consciência ou opositores políticos “arbitrariamente presos”.
A moção instava ainda Luanda a garantir que não serão praticados tortura e maus- tratos contra os detidos, a realização de “inquéritos céleres, imparciais e exaustivos” sobre as alegações de violação de direitos humanos cometidos por forças de segurança.
AProcuradoriaGeral da República (PGR ) angolana ordenou a apreensão de vários edifícios do grupo AAA, pertencente ao empresário Carlos São Vicente, genro de Agostinho Neto, que está a ser investigado na Suíça, por suspeitas de peculato e branqueamento de capitais. A Fundação António Agostinho Neto irá mover um processocrime contra a PGR ( eventualmente pedindo o seu fecho) e apresentar queixa à ERCA? Segundo um comunicado do Serviço Nacional de Recuperação de Activos da PGR foram apreendidos os edifícios AAA, os hotéis IU e IKA, localizados em todo o território nacional e o edifício IRCA, localizado na Rua Amílcar Cabral, em Luanda.
A PGR justifica a apreensão com indícios da prática de crimes de peculato, participação económica em negócio, tráfico de influência e branqueamento de capitais.
O AAA, liderado por Carlos São Vicente, casado com uma das filhas do primeiro Presidente angolano, Agostinho Neto ( não será, com certeza crime falar- se de genro, mas a ERCA dirá), é um dos maiores grupos empresariais angolanos, operando na área dos seguros e da hotelaria. O empresário é também administrador nãoexecutivo do Standard Bank de Angola e solicitou a sua suspensão imediata de funções até conclusão do processo, anunciou na segunda- feira instituição bancária. O nome de Carlos São Vicente foi notícia na semana passada por suspeitas de lavagem de dinheiro na Suíça, divulgadas num blogue que acompanha questões judiciais naquele país. De acordo com o blogue judicial suíço Gotham City, que cita o despacho do Ministério Público da Suíça, Carlos Manuel de São Vicente, viu congeladas sete das suas contas, tendo sido libertados os fundos de seis e mantendo- se congelada a conta que tem cerca de 900 milhões de dólares, o equivalente a mais de 752 milhões de euros.
Numa nota, a família de António Agostinho Neto considerou “abusivo, calunioso e inamistoso, o uso do nome de
aAntónio Agostinho Neto a propósito do combate à corrupção que o país leva a cabo”.
A família e a Fundação António Agostinho Neto lembram que o primeiro Presidente de Angola faleceu em Setembro de 1979, seis anos antes do casamento da sua primeira filha, Irene Neto, em 1985, com Carlos Manuel de São Vicente, considerando, por isso, “um absurdo associar o seu nome a processos judiciais em investigação”. As autoridades suíças alegam que entre 2012 e 2019 o empresário transferiu quase 900 milhões de dólares da companhia de seguros para as suas contas, algo que só foi descoberto quando o banco SYZ alertou para uma transferência de 213 milhões de dólares, de acordo com os documentos da acusação divulgados no site do ICIJ ( Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação).
“É pouco comum para um presidente executivo e do conselho de administração ter em sua posse fundos pertencentes a uma companhia, ainda para mais uma seguradora regulada pelo Estado, apesar de ter, neste caso, poder de representação individual da companhia”, lê- se na acusação divulgada pelo consórcio de jornalistas. Nos documentos, segundo o blogue Gotham City, Carlos São Vicente é citado a explicar que os 213 milhões de dólares transferidos entre contas eram um reembolso parcial de empréstimos, mas o Ministério Público argumenta que os contratos usados para sustentar a explicação foram criados só depois das transferências de dinheiro e só depois de o banco pedir mais informações.
Outra das ‘ bandeiras vermelhas’ terá tido a ver com o pedido feito por São Vicente para transferir a totalidade da sua fortuna no banco de investimento e gestão de activos SYZ para Singapura, algo que o empresário explica com um descontentamento com a gestão das suas finanças.
A empresa petrolífera angolana, a Sonangol, tem uma participação de 10% na AAA Seguros, que foi dissolvida já este ano.
Ainda segundo o Gotham City, as autoridades angolanas não responderam ao pedido de ajuda feito pelas autoridades judiciais suíças. De facto, a Procuradoria- Geral da República de Angola manteve silêncio sobre o assunto.
A AAA Seguros deixou oficialmente a actividade seguradora depois do anúncio feito em Fevereiro pela Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros ( ARSEG), da caducidade da autorização que a habilitava a comercialização de produtos de seguros. Em comunicado, o regulador angolano observou que a caducidade da autorização para o exercício da actividade resultou da dissolução voluntária deliberada pelos accionistas da AAA Seguros e autorizada pela ministra das Finanças. A AAA Seguros foi a segunda seguradora mais antiga do mercado, depois da ENSA Seguros e actuava nos ramos Vida e não Vida. Era integrante do grupo AAA Activos, um dos maiores conjuntos empresariais nacionais com participações em diferentes sectores económicos como a hotelaria.
A liquidação ocorreu sete anos depois de a AAA ter colocado fim à gestão dos fundos de pensões e dos planos de pensões “resultado do fraco crescimento dos activos dos referidos fundos e no âmbito da revisão estratégica de negócios da instituição”. “A decisão de cessar a actividade de gestão de Fundos de Pensões enquadra- se no âmbito da revisão da estratégia de negócios da AAA Pensões e funda- se no baixo crescimento do exercício de gestão dos fundos de pensões, agravada recentemente com a queda brutal do valor dos activos dos fundos de pensões sob nossa gestão”, informara na altura o Conselho de Administração liderado por São Vicente. Devido à alegada gestão pouco transparente, em Março de 2016 as AAA foi substituída na liderança do regime especial de coseguro das actividades petrolíferas ( seguro petroquímico) pela ENSA Seguros, mediante um Despacho Presidencial n. º 39/ 16, publicado em Diário da República de 30 de Março.
Em Julho de 2015, os franceses da Accor anunciaram que iriam gerir a rede de hotéis do grupo AAA, permitindo a abertura de 50 unidades e a criação de 3.000 postos de trabalho até 2017, segundo acordo então assinado em Luanda.
Tratou- se de um dos três acordos empresariais assinados durante o fórum económico Angola- França, no âmbito da visita de Estado que o Presidente francês, François Hollande, a Luanda.
“A França confia no futuro económico angolano. Sentimo- nos impressionados com o potencial de Angola”, afirmou o chefe de Estado francês na intervenção neste fórum, durante a qual reconheceu a necessidade de diversificar a cooperação económica entre os dois países, “que ainda se cinge muito ao petróleo”. “Investir em Angola significa transmitir uma mensagem de confiança à população angolana e à economia angolana”, disse Hollande, perante uma plateia composta por dezenas de empresários dos dois países.
No âmbito deste fórum foi também assinado um acordo entre a petrolífera francesa Total e a angolana Sonangol para “reforçar a cooperação” e “acelerar as actividades de exploração” dos recursos petrolíferos em Angola.
O Governo previa concluir, até 2022, a construção, reabilitação e apetrechamento de 16 tribunais, entre os quais os dois primeiros tribunais de Relação em Angola, de segunda instância, no âmbito da Reforma Judiciária em curso.
Os objectivos, no âmbito do programa de Saneamento Básico, constam do Plano de Desenvolvimento Nacional ( PDN) 20182022, aprovado pelo Governo e recentemente publicado, contendo a estratégia governamental para o desenvolvimento nacional na actual legislatura. O Programa de Reforma e Modernização da Administração da Justiça, incluído no PDN 2018- 2022, envolve ainda o apetrechamento de quatro Tribunais de Comarca, bem como a remodelação, adaptação e apetrechamento de 10 edifícios da antiga seguradora AAA, para acolher tribunais de jurisdição comum nas províncias judiciais.
Organizações angolanas de direitos humanos condenaram c o m “veemência” a morte do médico Sílvio Dala, após detenção numa esquadra policial por conduzir sem a máscara facial, considerando o caso como “reflexo da extrema violência policial no país”. Quem cala consente. E calados continuam, entre outros, João Lourenço, Eugénio Laborinho e Paulo de Almeida. Para o director geral do Mosaiko – Instituto para a Cidadania –, o frade dominicano Júlio Candeeiro, que lamentou “profundamente” a morte do médico angolano de 35 anos, a situação é “a todos os níveis condenável” e reflecte “aquilo que tem sido nos últimos tempos o escalar da violência policial”.
“Já há uns anos que denunciamos a brutalidade policial, temos vários registos de violência policial e, em tempo da pandemia, esses casos apenas vieram à tona”, afirmou o director do Mosaiko – organização nãogovernamental de promoção dos direitos humanos.
O médico pediatra Sílvio Dala morreu no passado 1 de Setembro, em Luanda, numa esquadra policial após ter sido detido por conduzir sem máscara. Em comunicado, o comando da polícia de Luanda confirma a detenção do médico referindo que o mesmo apresentava “sinais de fadiga, teve uma queda aparatosa” e morreu no caminho para o hospital. Uma versão contrariada pelo Sindicato Nacional dos Médicos Angolanos ( SINMEA) que atribui os ferimentos na cabeça as “pancadarias e duros golpes” de que Sílvio Dala terá sido alvo na esquadra policial. A Procuradoria- Geral da República ( PGR) angolana já abriu um inquérito para averiguar as “reais causas” da morte do médico. Segundo o director do Mosaiko, está- se diante de “mais um caso de violência policial” em que “faltou a lei da proporcionalidade, faltou racionalismo na abordagem da questão”. “Se o cidadão conseguiu se explicar, se havia alguma forma de passar a multa para o cidadão não havia necessidade de o reter naquele espaço”, frisou.
Frei Júlio afirmou igualmente que as reacções divergentes entre a polícia e os médicos mostram “algum desespero da corporação” e que a situação deveria ser resolvida com alguma pedagogia, defendendo um inquérito “sério e independente”. Repúdio e condenação à morte do médico Sílvio Dala também surgem a nível da Associação Mãos Livres, organização de defesa e protecção dos direitos humanos, para quem os angolanos “não podem continuar a morrer gratuitamente”. “Condenamos veementemente a atitude da polícia nacional, sobretudo aquilo que tem sido e, pensamos que há ordens superiores por parte da polícia nacional, porquanto o ministro do Interior havia dito que não haveria de distribuir chocolates e rebuçados para com os cidadãos”, disse Salvador Freire, presidente das Mãos Livres.
O também advogado defende uma “sindicância para ser responsabilizada a estrutura da polícia nacional”, admitindo mesmo avançar com uma queixa ao tribunal contra a corporação policial.
A não- utilização da máscara facial no interior de uma viatura, mesmo estando sozinho, dá lugar a multa de 5.000 kwanzas, segundo o decreto presidencial sobre a situação de calamidade, que o país vive, desde 26 de Maio passado, para conter a propagação da Covid- 19. De acordo ainda com Salvador Freire, a detenção pelo falta de uso da máscara “não colhe, por se tratar de uma transgressão administrativa e não de um crime”, porquanto, adiantou, “nesses casos o cidadão deve pagar a multa e não ser detido numa esquadra”. “Essa atitude é incorrecta por parte da polícia nacional que, mais do que nunca, deve rever a sua forma de actuação”, concluiu. O SINMEA agendou para os próximos dias uma marcha de protesto contra a morte do médico Sílvio Dala, que, em Angola, gerou uma onda de comoção e solidariedade para com os profissionais de saúde.
No final de Agosto, a Amnistia Internacional tinha já contabilizado sete mortos às mãos das forças de segurança angolanas, por não usarem máscara, entre Maio e Julho, admitindo que o número de vítimas possa ser superior. Também várias personalidades recorreram às redes sociais para lamentar e criticar a morte do médico Sílvio Dala. Welwitschea “Tchizé” dos Santos, filha do antigo Presidente angolano José Eduardo dos Santos, escreveu também uma mensagem na rede Facebook sobre “o brutal assassinato de um médico numa esquadra de polícia em Angola”.
“Claramente não era um cidadão armado ou que representasse perigo ao ponto de ser agredido até à morte”, escreveu
“Tchizé” dos Santos, acrescentando que “Angola é um país onde há uma gritante falta de profissionais de saúde”. “Tchizé” dos Santos recordou uma intervenção que fez em 2016 no Parlamento, enquanto deputada do MPLA, sobre a morte “pelas tropas do exército de um rapaz de 14 anos que resistia à autoridade durante uma acção de despejo de casas anárquicas”.
“Há que lutar para que essa seja a única morte desnecessária e arbitrária a ocorrer em Angola, depois do Rufino, em 2016, a Zungueira Juliana Cafrique, em 2019, e tantos outros angolanos assassinados por quem os teria de proteger”, assinalando que “está na hora de corrigir o que está mal a este nível”. Através da plataforma Twitter, o activista Luaty Beirão convocou uma acção de protesto no Largo da Independência, em Luanda.
“A minha filha viu- me a preparar o meu cartaz e pediu papelão para fazer o dela. A hora é esta. A gente vai para o simbolismo, mas o que vai lhes levar lá é sempre uma incógnita. A caminho do Largo da Independência”, escreveu Luaty Beirão, publicando uma foto de um cartaz onde se lia “Prender, matar, cumprase! # PEDEPARASAIR”. Luaty Beirão partilhou também um apelo feito pelo activista Timóteo Miranda, que pediu a realização de um “panelaço e buzinão”. “Quem estiver em casa bate as panelas e as tampas, quem estiver no trânsito buzina forte. Não custa nada. Pelos nossos irmãos que são vítimas o tempo todo”, escreveu Timóteo Miranda. No sábado, o Luaty Beirão tinha reagido à morte de Sílvio Dala, escrevendo que este “violou a estupidez tornada lei”. “Morreu um médico, como se os tivéssemos em excesso. Estava no seu carro, sozinho, sem máscara. Violou a estupidez tornada lei. ‘ Vamos para a esquadra!’. Lá ‘ caiu’, bateu com a cabeça, morreu! A discussão é só se foi morte acidental ou ‘ assistida’”, disse então.
No mesmo dia, a empresária Isabel dos Santos abordou a morte de Sílvio Dala, apelidando- a de “uma notícia triste e revoltante”.
“Um jovem médico angolano foi preso pela polícia “que não distribui chocolates” pois ia a conduzir o seu carro e não estava a usar a máscara”, escreveu Isabel dos Santos, filha de José Eduardo dos Santos. “Quando acontece na América ou Europa atribuímos ao racismo, mas aqui entre nós vamos dizer que éo quê? A nossa valorização como africanos começa entre nós. É muita falta de amor ao próximo”, escreveu, por sua vez, o músico Anselmo Ralph na sua conta na plataforma Instagram.
Um grupo de colegas do Hospital Pediátrico David Bernardino, onde trabalhava a vítima, depois de tomar conhecimento, deslocou- se à morgue e surpreendentemente a gaveta estava cheia de sangue. Porquê surpreendentemente se a queda provocou ferimentos ligeiros que, como se sabe, provocam um grande derramamento de sangue?
“O colega apresenta uma ferida incisiva, tipo corte na região occipital o que presumimos ter sido submetido a agressões e duros golpes de que resultou naquela ferida e abundante sangramento”, realça o sindicato. Mas, afinal, quem é que sabe do assunto? Os médicos ou os polícias? Se têm dúvidas é só perguntar ao ministro Eugénio Laborinho ou ao comandante- geral da Polícia Nacional, Paulo de Almeida. Entretanto, fonte do Ministério do Interior avançou que a autópsia feita na presença da família e de um procurador, concluiu que o médico não foi alvo de qualquer agressão. Está, portanto, esclarecido que o médico Sílvio Dala foi ( como é timbre da Polícia) levado com toda a cortesia e urbanidade para uma esquadra, tendo ficado irritado com os agentes por estes se terem (e bem) recusado a servirlhe um “whisky” ( com duas pedras de gelo). Pensando em denegrir a impoluta imagem da Polícia Nacional, o médico Sílvio Dala terá começado a agredir as grades da cela, atirandose pelas escadas abaixo numa tentativa de suicídio que se concretizou mau grado o enorme esforço dos agentes para tentarem evitar o falecimento.
OEstado ( ou seja, há 45 anos, o MPLA) assum iu recentemente a gestão de vários grupos de comunicação social privados, constituídos ( como o próprio MPLA, como tudo em Angola) com fundos públicos, entre os quais o Media Nova S. A, que integra a TV Zimbo e a Rádio Mais. Pelas mesmas razões, foram criadas comissões de gestão na TV Palanca, Rádio Global e Agência de Produção de Programas de Áudio e Visual, detidas, até ao dia 28 de Agosto, pela empresa Interactive Empreendimentos Multimédia, Lda. Aqui existe um “qui pro quo”, porquanto um exgovernante, Manuel Rabelais ligado a imagem do MPLA e Executivo de José Eduardo dos Santos, indicou, a PGR, Recuperação de Activos, quiça com uma arma a cabeça, para saldar, alegados descaminhos de fundos do Estado, uma sociedade, pasme- se que ele, não faz parte do pacto social: a Interactive Empreendimentos Multimédia, Lda. A sociedade engaja dois sócios: Albertina Fernandes com 51%, considerada laranja de Manuel Rabelais, na qualidade de esposa, não podem, as acções, em litígio judiciai, engajar a esfera do cônjuge, não sendo casados em comunhão de bens adquiridos e, outro, Henrique dos Santos tem 49% e a sua condição societária, para espanto, não foi tida em conta pela PGR, enquanto fiscal da legalidade, com dever de separar o trigo do joio, para aferir se recebia um património empresarial de um proprietário ou de um pseudo – proprietário, que teria, comprovadamente, escondido dinheiro público, no interior da Interactiv, com o Registo Comercial n. º 2007.721 e publicada no Diário da República, foi construída, com fundos e no terreno de Henrique Santos, conhecido, na praça como empresário de som e luzes.
Um dos objectivos ao incluir Albertina Fernandes seria a de esta trazer alguns contratos institucionais, como o de um contrato milionário com a TPA, que não chegou a avançar, para a produção de novelas nacionais e transmissão de jogos do campeonato nacional de futebol, em 2010, uma vez a televisão estatal se negar a honrar os contratos para fornecimento das telenovelas e transmissões desportivas. Ora, nestes últimos 10 anos, nunca a sócia Albertina investiu ou financiou a empresa, mesmo quando ela mais precisou, na fase de renovação dos equipamentos, por os anteriores terem ficado completamente descontinuados. Neste momento, com o confisco, entrega ou arresto, o caricato é do grupo Interactive não ter qualquer património técnico, ou seja equipamento, que é de uma empresa portuguesa: Porto Canal, que na constituição de uma joint venture, com a parte angolana, detém 60%, ficando os restantes 40%, repartidos a Albertina e Henrique, cada com 30%. Com esta situação o que foi, afinal para controlo da PGR e onde foi aplicado o dinheiro do Estado, surgindo esse sócio estrangeiro, também.. O objecto da parceria é o da produção de conteúdos para a Multichoice, num contrato de 3 anos, renováveis ou não, que caduca no próximo ano, logo a TV Palanca, não é, um canal de televisão, mas uma produtora de programas e conteúdos informativos, cujos produtos preenchem espaços da DSTV. Mas, aqui, também, existe um novo imbróglio é dos equipamentos para a produção, serem todos do sócio estrangeiro, que poderá entrar com uma acção para exigir do Estado angolano a sua devolução, por não ter nenhuma vinculação, com Manuel Rabelais. “A empresa nunca recebeu, nem acolheu, nenhum dinheiro ou investimento do Dr. Manuel Rabelais, pelo que estranhamos esta posição da PGR, sem ter ouvido os outros sócios, até porque, a perspectiva da sua mulher conseguir, enquanto sócia, um contrato com a TPA não se efectivou”, disse, um representante do sócio português, ao F8, acrescentando, “estar ainda indignado, por estarem no edifício outras empresas e os seus equipamentos e pertenças também foram confiscados, quando nem são parte da Interactive. Isso, denota, claramente, não ter a PGR de Angola feito o trabalho de casa ou lido a documentação da outra.
Nestes casos, por cautela, manda o Direito Comercial, que a aferição de uma sociedade comercial, por quotas, seja feita a partir de investigação competente, para aferimento do registo, relatório e contas, depósitos e movimentos bancários, etc, visando a confirmação de movimentos financeiros suspeitos de um ou de todos accionistas.
De acordo com os manuais, a ERCA – Entidade Reguladora da Comunicação Social Angolana, resolveu emitir uma declaração ( que transcrevemos ipsis verbis) sobre o assunto, tapando o Sol com uma peneira e procurando maquilhar a sua subserviência ( a maioria dos seus membros foi escolhida pelo MPLA) com pó- de- arroz fabricado pelo Bureau Político do MPLA. Constituem ( ou deveriam constituir) objectivos das actividades de regulação e supervisão da ERCA a promoção e garantia do pluralismo e da diversidade das correntes de opinião e de expressão cultural, linguística, religiosa e étnica que representam a natureza multicultural de Angola;
A garantia da livre difusão e do livre acesso aos conteúdos; a protecção dos grupos sociais vulneráveis , designadamente crianças, jovens, idosos e portadores de necessidades especiais relativamente a conteúdos informáticos que possam prejudicar o seu desenvolvimento como cidadãos ou que ponham em causa a preservação de valores sócio- culturais, éticos e de carácter patriótico produzidos e difundidos pelas entidades sujeitas a regulação e supervisão; A garantia de que os conteúdos difundidos pelos Meios de Comunicação Social se apurem por critério rigorosos que correspondam as boas práticas do jornalismo; a garantia da efectivação da responsabilidade editorial em caso de violação da Lei ou dos princípios que informam a actividade da Comunicação Social, bem assegurar a protecção dos direitos e personalidade individuais.
a sua subserviência (a maioria dos seus membros foi escolhida pelo MPLA) com pó-de-arroz fabricado pelo Bureau Político do MPLA.
Um diferendo entre irmãos, no município do Cacuaco, bairro Belo Mon te , poderá redundar em homicídio depois de já ter causado lesões físicas graves, se nada for feito, para apaziguar os ânimos, fruto de rixas, do desemprego, da fome e miséria que assola o lar de uma mulher, anciã, que vive com a maioria dos filhos, mesmo sendo estes adultos. “Deveriam ajudar a mãe, na velhice, mas acontece o contrário e ainda lhe agridem e acusam de ter dormido com muitos homens, por sinal, pais de cada um dos frustrados filhos”, denuncia Abel Ngandu. Os psicólogos têm muito trabalho, em Angola, numa altura em que aumenta, vertiginosamente, o número de homicídios, suicídios, divórcios, abandono dos filhos, etc, no seio familiar, face ao desespero, por falta de emprego, fome e miséria. A história aqui reportada é um retrato de uma realidade, mais ampla e que banha, momento o país.
Um bem imóvel, ciúmes, inveja e falta de educação estão no cerne da questão, muito pela involuntária conivência e responsabilidade dos progenitores.
“Eles são filhos de pais diferentes e a mãe não consegue criar um espírito de harmonia, entre eles, daí os muitos abusos, insultos e lutas feias, entre eles”, denuncia Maria Nganji, prima da mãe, acrescentando que “o nosso maior receio seja que um dia destes ainda possamos ter uma desgraça maior com o ferimento grave de um deles ou mesmo morte, porque, às vezes usam mesmo facas, ferros, paus e pedras quando estão a lutar, para além das ofensas, que incluem os pais de cada um e das posses que possuíam”. neste
A situação, lamenta a sexagenária mãe, “devese a uma má consciência desses miúdos que nem consigo entender e já lhes expliquei para mudarem, porque para além de tudo, eles saíram do mesmo ventre: o meu”, lamenta entristecida.
Alice Cavitókeca, filha de 26 anos, tem 4 filhos, fruto de igual número de relacionamentos, confirma o mau ambiente. “Temos de acabar com isso, pois até os nossos filhos, netos da mamã, também já estão a viver esse clima que é mau, pois muitas vezes, nós, dificilmente passávamos e ainda acontece, por vezes, um dia, sem nos ofendermos e, até, colocar o nome do pai do outro, no barulho”. Marito reconhece não ser bom o relacionamento, justificando da seguinte forma: ‘’ tenho uma irmã mulata, que, por exemplo, dizia: ‘’ os vossos pais eram escravos do meu pai dela’’! Isso nos doía muito”, esclarece, adiantando que a única forma de defesa, era, também, em tom jocoso, considerando a irmã “de filha de mulatoassassino, da tunda que cheira bombo e cachico do colono, em Angola’’, concluiu.
Mas, o grande pomo de discórdia é o imóvel ( casa), que “a Eugenia ( irmã mulata), defende( ia) ter sido do pai dela, logo a herdeira, por ser única filha da relação”, conta Maria Nganji, mas, segundo ela, “mas, nós, os outros irmãos não aceitávamos e isso levavanos as brigas, muitas vezes apaziguadas pela mãe, que ora batia, nuns, ou nos ignorava, simplesmente, pela nossa malcriadez”, conta a primogénita, Domingas Virgílio de 30 anos, recordando ainda o facto “de sermos dois de pai e mãe e a nossa relação é mais sadia”. Todavia, defende que o ambiente de luta entre irmãos, não caracteriza, hoje, o seu lar, “tão pouco do meu irmão, muito pela educação, que estamos a dar aos nossos filhos”, disse.
‘’ Acredito que estas nossas lutas e desunião dependeu, muito de ternos faltado os pais, num período importante da nossa educação. Por outro lado, o que tivemos e temos não permite que andemos a lutar entre nós, até porque seríamos mais fortes unidos e, muita força até poderia vir dos dois manos, do mesmo pai e mãe’’.
A mãe está a ser crucificada, pelos filhos, por não ter conseguido manter uma relação forte e longa, com nenhum dos seus ex- parceiros o que influenciou na má conduta, destes.
‘’ Nenhuma mulher gostaria de ter filhos nestas circunstâncias, mas acontece e, isso aconteceu na minha vida, não porque era leviana, mas por não ter sorte e acreditar demais nas pessoas, pois eu entregava- me de corpo e alma e, sempre fui contra o aborto, devido a formação cristã, que respeita a vida humana de inocentes, que não devem pagar pelo erros dos pais, por isso não interrompia”, explicou, concluindo, “Não é bom, mas também, uma mulher, não pode ser sacrificada, por falta de sorte. Não me deviam maltratar, mesmo os meus filhos sem ouvirem as minhas razões, pois eu, lhes diria, nunca ter sonhado, gerar vários filhos, com pais diferentes’’. Neste momento, um grupo de anciãos e tios, estão desde o dia 30 de Agosto de 2020, em que se realizou a primeira reunião, conciliar, filhos e mães para a criação de um ambiente de concórdia e harmonia entre todos, para se evitar o pior, como ofensas corporais e ou homicídios.
– Caso Sílvio Dala. « Se a questão da obrigatoriedade do uso da máscara, numa viatura, estando sozinho, está epidemiologicamente comprovado pelo CDC de Atlanta ( Centro de Controlo e Prevenção de Doenças), a maior autoridade mundial no controlo de doenças, que é uma nulidade científica, proibindo- o inclusive. Quem propôs tal medida, à Comissão Interministerial, deve arcar com as devidas consequências, tanto no plano ético- deontológico, como políticas, assim, como a Ordem dos Médicos, que foi obviamente cúmplice por omissão.
Por outro lado, o laudo da autópsia, lido pelo comissário da Polícia, é um atentado ao conhecimento científico médico, que não obedeceu a preceitos éticolegais, nomeadamente, a da obrigatoriedade, da presença de dois outros anatamo- patologistas, assim como a realização de exames histológicos ( microscópicos ) das peças anatómicas do cadáver e, eventualmente a da realização de exames toxicológicos. Só cumprindo esses pressupostos é que deve ser dado, o diagnóstico definitivo sobre a causa da morte. Havendo falha gritante, essa o comissário, mostrou desconhecimento e foi incompetente em aferir tal necessidade, o que é inconcebível a esse nível, não tendo por isso, condições politicas, para ser o porta- voz dos órgãos de defesa e segurança, ao nível da Comissão Interministerial. Ao médico legista que produziu o laudo da autópsia, deve ser instaurado um competente Inquérito, ao nível do Colégio de Especialidade de Medicina Legal, da Ordem dos Médicos e, caso se conclua, que foi o autor do respectivo relatório “autopsial” , sem que os pressupostos assinalados em epígrafe fossem acautelados e, que ferem, a ética e a deontologia profissional, dever- se- á fazer a cassação da respectiva cédula profissional, pois o país não pode sucumbir à barbárie, foi um acto de uma selvageria inqualificável, tem de haver consequências aos vários níveis da cadeia de comando.
Uma colega perguntava há dias: “Onde foi que nós perdemos, para permitirmos isso?”. Nunca uma pergunta, teve uma resposta demasiadamente óbvia. Foi o facto de termos permitido, A PERDA DA HIERARQUIA DO
SABER.
A minha solidariedade à família enlutada e à classe médica, será que ela existe??? »
2 – Caso do Covid- 19. A falha das medidas de contingência, no Aeroporto 4 de Fevereiro. Artigo publicado em 17 de Março: « O Covid- 19 é para Angola, uma patologia claramente exógena e não endógena, isto é, qualquer caso que ocorra em território nacional, é importado. Nesta base, o epicentro do combate contra essa já pandemia, para o caso de Angola, tem de ser efectuado primeiramente no Aeroporto 4 de Fevereiro.
Ora, um exemplo pessoal quando chegava de Johannesburg, permiteme constatar os seguintes aspectos, tirar algumas ilações e, fazer algumas sugestões:
1- Foi- nos entregue um Inquérito Epidemiológico ( IE) durante o voo, com os aspectos relevantes da doença, assim como a nossa identificação, incluindo a nossa morada e, números de telefone e de passaporte. O Inquérito Epidemiológico é a peça fundamental da Vigilância Epidemiológica, e que nos permite conhecer os possíveis transmissores da doença. Se a Vigilância Epidemiológica ( VE) falha, todas as
medidas subsequentes falharão redondamente e redundarão em custos acrescidos desnecessários. A VE é aquilo a que designamos, em termos militares, o “reconhecimento do inimigo”, sem a qual, qualquer composição e acção das nossas forças torna- se estéril, porque ninguém vence uma batalha, sem que conheça o seu adversário, é suicidário.
2- Como não tinha inserido o número do meu passaporte no IE, solicitei ao funcionário do SME que o inserisse. Qual não foi o meu espanto, ao constatar que o mesmo prescindira desse acto, pondo o IE ao lado e, o mais grave, é que a maior parte dos passageiros atravessara a fronteira, sem que apresentassem esse elemento fundamental de combate em qualquer epidemia; o IE. A constatação foi a de que, não estão hierarquizadas as funções de cada elemento na cadeia de comando ao nível do
Aeroporto 4 de Fevereiro. Quem tem de receber esse documento, tem de ser o agente sanitário, ( e não o Agente do SME) que deverá “scannerilá- lo” e enviar em tempo útil para um Centro Operacional de Processamento de Dados ( COPD), que infelizmente não existe.
O COPD faz a avaliação dos passageiros e define os passageiros com elevado risco, para que no briefing matinal do dia seguinte, se definam as prioridades da actuação e se engajem os agentes sanitários do local de residência desses passageiros, e se accione a VE activa, com visitas de 48/ 48h, até ao término do período de incubação de 14 dias. Como disse atrás, não se ganha guerra nenhuma, se não conhecermos o inimigo. 3 –A medição da temperatura no local de passagem à fronteira, junto do SME, é contraproducente porque permite um aglomerado exagerado de pessoas e contraria o principio da não aglomeração para o caso do COVID- 19 e é folclórico. A medição da temperatura, para constatar a presença de febre nos passageiros deveria ser efectuada logo à saída do avião por dois agentes sanitários, com termómetros laser, sendo depois os febris encaminhados para autocarros diferentes dos não febris, e a realização dos procedimentos migratórios em locais adequados e com elevada protecção dos funcionários.
4- É louvável o esforço, tanto do MINSA, como do SME, mas será necessário elevar o profissionalismo, para que se alcancem os resultados a que todos nós almejamos.
5- Dado o impacto económico negativo, que a pandemia do COVID- 19, tem inquestionavelmente, na nossa economia, como país produtor de petróleo, urge mitigar esse impacto e, para isso sou de opinião, que um órgão político de coordenação que abranja o MINSA ( Coordenação), MIREX, MININT, MINDEN MINFIN,
edeve ser implementado, assim como o órgão de coordenação operacional do combate ao COVID- 19 que abranjam os técnicos daqueles sectores , para a avaliação permanente das medidas de contingência no combate ao COVID- 19. (*) Coronel, Médico ( reformado) e Especialista em Doenças Renais
OPaís gastou milhões de dólares para colocar em funcionamento um Centro Integrado de Segurança Pública ( CISP), que marcou uma nova era de abordagem nas políticas de segurança interna em Angola, emprestando qualidade, eficiência e eficácia, como declarou o ministro do Interior, Eugénio Laborinho, no dia 30 de Dezembro de 2019, no decorrer do acto de inauguração. O ministro do Interior disse na ocasião, estar convicto de que com a entrada em funcionamento “deste sofisticado centro”, com cerca de 700 especialistas formados dentro e fora do país, o sistema de segurança pública em Angola jamais será o mesmo.
“O centro tem muitas valências para a coordenação, em tempo real, de diferentes instituições públicas e privadas para a resolução rápida e eficaz dos problemas de segurança que impactam directamente a vida do cidadão”, indicou o ministro.
O acesso ao sistema será efectuado utilizando os terminais 111 e 112, ambos de fácil assimilação, sendo que o último é referência da região da SADC.
Com toda esse investimento e toda essa sofisticação, alguém vem dizer- nos que para socorrer um cidadão, adoentado e ferido numa unidade policial situada no Rocha Pinto ( podia ser na estrada como consequência de um acidente), não tão longe assim da unidade central do CISP e do Hospital do Prenda, da Unidade Central do Corpo de Bombeiros e, provavelmente, do Centro de Coordenação do INEMA, a decisão correcta, no caso do Dr. Sílvio Andrade Dala, foi ligar para uma viatura de patrulhamento que tardou em chegar? Podemos concluir que alguma coisa não está a funcionar bem, nessa estratégia de correção do que se disse que estava mal. Eu que, lá fora, já vi um cão atropelado ser transportado numa ambulância devidamente equipada, mesmo não sabendo qual foi o tipo de viatura de patrulha utilizada pelos efectivos da Polícia Nacional para socorrer o médico Sílvio Andrade Dala ( porque esse dado importante não foi revelado), continuarei a ter dúvidas sobre as reais causas da sua morte. Se da doença, se do traumatismo e provável choque hopovolémico ( diminuição do volume do sangue no corpo), se da forma como foi, ou não, socorrido. Aliás, continuo e ter dificuldade em aceitar que, o desfalecimento de alguém que esteja ao nível do chão, possa provocar uma “queda aparatosa” e “ferimentos ligeiros”. E as imagens que correm nas redes sociais são chocantes, intrigantes e levam à outras interpretações contrárias.
Por outro lado (e a Polícia Nacional também não disse e certamente nem dirá) quanto tempo decorreu, desde que o médico “caiu de forma aparatosa”, sofreu “ferimentos ligeiros”, foi transportado pela viatura de patrulhamento, chegou à unidade hospitalar e foi declarado morto?
Dúvidas, e não são poucas, que a autopsia não esclareceu, que o porta- voz da PN também não e, provavelmente, nunca saberemos, porque não há nenhum pronunciamento que ateste que o caso será investigado. Ao insistirmos nessas dúvidas, o objectivo não é condenarmos ou crucificarmos a Polícia Nacional, até porque, o seu papel e a sua importância não deve ser aferida pelo comportamento dos agentes da unidade do Rocha Pinto, ou da morte ocasional de um cidadão, ainda que indefeso. Mas, no seu exercício, é fundamental o conhecimento da verdade, ainda que ela afecte a sua imagem, ou resulte na responsabilização de alguém. Infelizmente, nos últimos tempos, são muitas coisas más que acontecem. E para todos nós, está difícil perceber porque razão se fala tanto em mudanças e correção de más práticas do passado, quando se continua a roubar, a matar, a morrer por causas tão triviais, como neste caso, por se usar ou não uma máscara dentro de uma viatura de alguém que conduz sozinho, depois de 32 horas de trabalho sem parar, 24 das quais no banco de uma enfermaria, onde usou máscara. E gente honesta, porque os bandidos continuam a ser soltos logo depois de detidos, ou as nossas queixas contra eles, continuam a cair em saco roto. Quase um ano depois de um assalto, a titulo de exemplo, mesmo com a intervenção do Comandante Provincial de Benguela, continuo a espera para prestar declarações num caso em que por duas vezes, o mesmo ladrão, perfeitamente identificado, penetrou em minha residência, podia matar- me, roubou três telefones e algum dinheiro. Quase um ano, numa vilazinha como a Catumbela.
E tudo isso só acontece por uma razão: A VIDA EM ANGOLA NÃO VALE NADA, e de gente honesta, vale menos ainda. E era pressuposto que o primado da mudança fosse o respeito à vida, à diferença, a defesa dos nossos direitos fundamentais. Mas eles continuam a ser violados sistematicamente: começando pelo aumento de impostos e do preço de produtos básicos num momento de crise, passando pela banalização da vida, terminando na nossa falta de confiança nos governantes, nas instituições, incluindo a Polícia Nacional. Concluindo, o prato de mudanças que inicialmente nos foi oferecido, decorridos mais de dois anos, está longe, muito longe mesmo, de satisfazer os nossos anseios e expectativas. E causa arrepios, a percepção de que o que vem aí ainda é pior, e que não há um indicador sequer de sensibilidade, de contemplação de quem nos governa, face os indicadores de empobrecimento que não param de crescer.
Até quando tanto mal?