ACTIVISTAS LANÇAM PROJECTO “BIBLIOTECA DESPADRONIZADA”
Um grupo de activistas residentes em Viana lançou um projecto ousado, irreverente e lúdico, intitulado “Biblioteca despadronizada” que tem como objectivo primário colocar o livro e a leitura no centro da comunidade. Para perceber os contornos literatos do
Acidade de Luanda continua a viver as medidas excepcionais e temporárias decorrentes do decreto que promulgou a situação de calamidade pública. Mas nem tudo são favas ao ar. No meio da incerteza, da falta de oportunidades e da carência de bibliotecas públicas, os activistas Dago Nível Intelecto e Arante Kivuvu decidiram montar um espaço de leitura por baixo da pedonal da Robaldina em Viana ( arredores de Luanda) com objectivo de promover o conhecimento, a circulação do livro e estimular o gosto pela leitura em crianças, adolescentes e idosos da comunidade. Segundo os mentores da iniciativa, a ideia partiu da necessidade de quebrar estereótipos “partiu da necessidade de partilharmos os nossos privilégios. Sabemos da dificuldade no acesso e aquisição de livros em Angola e principalmente nas periferias. Nós, voluntariamente decidimos ajudar a comunidade a ocupar os tempos livres com leitura e conhecimento, respeitando as medidas de segurança decretadas pelas autoridades,” destaca.
No entanto, os organizadores destacam a maré de dificuldades que enfrentam para manutenção dos desígnios do projecto e mostram- se receptivos para qualquer ajuda “neste momento, a doação de livros, material de biossegurança, acentos ou bancos, pneus, estrados de madeira, tambores vazios são bem- vindos” solicita. Para Carlos Maneco, a iniciativa dos activistas é louvável “penso ser uma atitude louvável e corajosa. Uma forma de exercer o activismo cultural, que surge como um mecanismo de pressão a quem de direito. À quem deveria fazer e furta- se na COVID- 19. Penso que a literatura e a cultura de modo geral, não deveriam ser esquecidas por causa da pandemia. Noutros cantos do mundo estão a acontecer novas formas de fazer cultura. As pessoas se reinventaram e adaptaram as estruturas. Parece que de repente paralisamos tudo, justificando a nossa incapacidade de fazer com a COVID- 19,” destaca o investigador em ciências da informação. Para concluir, Carlos Maneco destaca a necessidades das autoridades prestarem auxilio ao projecto “espero que alguém ligado à Comissão de Acompanhamento a Implementação do Plano Nacional do Livro e da Promoção da Leitura tenha visto e reflectido em torno desta iniciativa. Entendemos que vivemos tempos difíceis e que há coisas urgentes a priorizar. Mas a letargia desta Comissão é anterior à pandemia,” distingue. Os organizadores lançam igualmente um repto a sociedade “as pessoas em geral a continuarem doando o que puderem e se doarem quando podem de alguma forma. Apelamos a solidariedades das autoridades municipais. Queremos criar uma rede de bibliotecas em pedonais,” adianta.