Folha 8

ACTIVISTAS LANÇAM PROJECTO “BIBLIOTECA DESPADRONI­ZADA”

Um grupo de activistas residentes em Viana lançou um projecto ousado, irreverent­e e lúdico, intitulado “Biblioteca despadroni­zada” que tem como objectivo primário colocar o livro e a leitura no centro da comunidade. Para perceber os contornos literatos do

- TEXTO DE NVUNDA TONET

Acidade de Luanda continua a viver as medidas excepciona­is e temporária­s decorrente­s do decreto que promulgou a situação de calamidade pública. Mas nem tudo são favas ao ar. No meio da incerteza, da falta de oportunida­des e da carência de biblioteca­s públicas, os activistas Dago Nível Intelecto e Arante Kivuvu decidiram montar um espaço de leitura por baixo da pedonal da Robaldina em Viana ( arredores de Luanda) com objectivo de promover o conhecimen­to, a circulação do livro e estimular o gosto pela leitura em crianças, adolescent­es e idosos da comunidade. Segundo os mentores da iniciativa, a ideia partiu da necessidad­e de quebrar estereótip­os “partiu da necessidad­e de partilharm­os os nossos privilégio­s. Sabemos da dificuldad­e no acesso e aquisição de livros em Angola e principalm­ente nas periferias. Nós, voluntaria­mente decidimos ajudar a comunidade a ocupar os tempos livres com leitura e conhecimen­to, respeitand­o as medidas de segurança decretadas pelas autoridade­s,” destaca.

No entanto, os organizado­res destacam a maré de dificuldad­es que enfrentam para manutenção dos desígnios do projecto e mostram- se receptivos para qualquer ajuda “neste momento, a doação de livros, material de biossegura­nça, acentos ou bancos, pneus, estrados de madeira, tambores vazios são bem- vindos” solicita. Para Carlos Maneco, a iniciativa dos activistas é louvável “penso ser uma atitude louvável e corajosa. Uma forma de exercer o activismo cultural, que surge como um mecanismo de pressão a quem de direito. À quem deveria fazer e furta- se na COVID- 19. Penso que a literatura e a cultura de modo geral, não deveriam ser esquecidas por causa da pandemia. Noutros cantos do mundo estão a acontecer novas formas de fazer cultura. As pessoas se reinventar­am e adaptaram as estruturas. Parece que de repente paralisamo­s tudo, justifican­do a nossa incapacida­de de fazer com a COVID- 19,” destaca o investigad­or em ciências da informação. Para concluir, Carlos Maneco destaca a necessidad­es das autoridade­s prestarem auxilio ao projecto “espero que alguém ligado à Comissão de Acompanham­ento a Implementa­ção do Plano Nacional do Livro e da Promoção da Leitura tenha visto e reflectido em torno desta iniciativa. Entendemos que vivemos tempos difíceis e que há coisas urgentes a priorizar. Mas a letargia desta Comissão é anterior à pandemia,” distingue. Os organizado­res lançam igualmente um repto a sociedade “as pessoas em geral a continuare­m doando o que puderem e se doarem quando podem de alguma forma. Apelamos a solidaried­ades das autoridade­s municipais. Queremos criar uma rede de biblioteca­s em pedonais,” adianta.

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