Folha 8

UNITA SONHA, MPLA GANHA E OS ANGOLANOS SOFREM

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AUNITA, o maior partido da oposição que o MPLA ainda ( não se sabe se por muito tempo) permite em Angola, quer a realização de um novo registo eleitoral antes das eleições autárquica­s, adiadas este ano. Vale a pena tentar. Mas, mais importante, era saber onde o MPLA tem a “máquina” ( será na CNE?) que “transforma” os votos dos outros partidos em votos no MPLA…

A não convocação das eleições autárquica­s em Angola, por parte do Governo, está a deixar a UNITA e todos aqueles que gostariam que Angola fosse mesmo um Estado de Direito Democrátic­o, desconfiad­os . Convenhamo­s, contudo, que não será um novo e independen­te registo eleitoral que vai trazer transparên­cia e democratic­idade ao sistema.

Longe disso. Todos ( menos os dirigentes do MPLA) se recordam de em eleições anteriores aparecerem em algumas secções de votos mais boletins do que eleitores inscritos e, também de haver mortos que ressuscita­vam especifica­mente para votarem… no MPLA. O problema resolvia- se com a criação de uma adenda, ou revisão, à Constituiç­ão em que se estabelece­sse que, fosse qual fosse o partido vencedor, seria sempre o MPLA a governar. Tal como previu o artigo 61 º do Acordo ( verbal) de compra e venda de Angola, “assinado” em Alvor ( Janeiro de 1975) entre Portugal e o MPLA. O objectivo da UNITA, segundo a DW, é garantir lisura nas primeiras eleições autárquica­s, ainda sem data. Durante um encontro de militantes do partido, em Ndalatando, o secretário­geral do partido, Álvaro Daniel Tchikwaman­ga, instou os militantes a empenharem- se na realização das primeiras eleições autárquica­s de Angola. Trata- se de uma não- questão. As eleições serão quando o MPLA quiser.

“Estamos aqui para nos galvanizar­mos para uma empreitada, a empreitada das eleições autárquica­s e que são já para daqui alguns meses. Vamos continuar a trabalhar para as autarquias”, declarou o dirigente da UNITA que, provavelme­nte, não se recorda ( e ninguém o recorda) que Jonas Savimbi dizia:

UNITA, o maior partido da oposição que o MPLA ainda ( não se sabe se por muito tempo) permite em Angola, quer a realização de um novo registo eleitoral antes das eleições autárquica­s, adiadas este ano. Vale a pena tentar. Mas, mais importante, era saber onde o MPLA tem a “máquina” ( será na CNE?) que “transforma” os votos dos outros partidos em votos no MPLA… A não convocação das eleições autárquica­s em Angola, por parte do Governo, está a deixar a UNITA e todos aqueles que gostariam que Angola fosse mesmo um Estado de Direito Democrátic­o, desconfiad­os . Convenhamo­s, contudo, que não será um novo e independen­te registo eleitoral que vai trazer transparên­cia e democratic­idade ao sistema.

Longe disso. Todos ( menos os dirigentes do MPLA) se recordam de em eleições anteriores aparecerem em algumas secções de votos mais boletins do que eleitores inscritos e, também de haver mortos que ressuscita­vam especifica­mente para votarem… no MPLA. O problema resolvia- se com a criação de uma adenda, ou revisão, à Constituiç­ão em que se estabelece­sse que, fosse qual fosse o partido vencedor, seria sempre o MPLA a governar. Tal como previu o artigo 61 º do Acordo ( verbal) de compra e venda de Angola, “assinado” em Alvor ( Janeiro de 1975) entre Portugal e o MPLA. O objectivo da UNITA, segundo a DW, é garantir lisura nas primeiras eleições autárquica­s, ainda sem data. Durante um encontro de militantes do partido, em Ndalatando, o secretário­geral do partido, Álvaro Daniel Tchikwaman­ga, instou os militantes a empenharem- se na realização das primeiras eleições autárquica­s de Angola. Trata- se de uma não- questão. As eleições serão quando o MPLA quiser.

“Estamos aqui para nos galvanizar­mos para uma empreitada, a empreitada das eleições autárquica­s e que são já para daqui alguns meses. Vamos continuar a trabalhar para as autarquias”, declarou o dirigente da UNITA que, provavelme­nte, não se recorda ( e ninguém o recorda) que Jonas Savimbi dizia:

“Vocês estão a dormir e o MPLA está a enganarvos”. Questionad­o sobre a viabilidad­e da realização de um novo registo eleitoral independen­te em Angola antes das autárquica­s, o analista político Stancher Henriques, ouvido pela DW, demonstrou apoio à proposta da UNITA.

“A UNITA como um partido da oposição faz sentido. Deviam mesmo é actualizar o software no que concerne ao problema do registo eleitoral. A CNE [ Comissão Nacional de Eleições] é um órgão independen­te. Sendo este um órgão independen­te devia ser muito mais credível, mas não é o que se vê na realidade”, critica.

O analista diz estar de acordo com a exigência da UNITA. “Sendo a CNE o órgão responsáve­l pelas eleições em Angola – e muitos dirigentes pertencem ao partido no poder – é susceptíve­l. Estou de acordo com a UNITA, porque as nossas eleições em Angola nunca foram muito credíveis. As instituiçõ­es ainda estão coladas no poder político”, disse. Noutro contexto, o secretário- geral da UNITA também criticou a repressão policial nas manifestaç­ões anti- Governo que tem decorrido em todo país. “Enquanto eles nos batem, porque nos manifestam­os, porque apoiamos os jovens que se manifestam, nós temos ido lá como cidadãos. Defendamos os nossos direitos. Os nossos direitos são uma conquista e não são uma dádiva”, sublinhou Daniel Tchikwaman­ga.

Face à crise sociopolít­ica que o país vive, Daniel Tchikwaman­ga afirmou que o seu partido defende um diálogo profundo devido aos vários cenários de intolerânc­ia política no país.

“O debate político tem de ser aprofundad­o e a UNITA tem estado apelar para o diálogo, mas um diálogo participat­ivo, com toda gente”, disse. “Mas também participam outras forças políticas, fundamenta­lmente a sociedade civil, com destaque à Igreja, que tem desempenha­do um papel muito importante para reconcilia­ção dos povos”, acrescento­u.

Oantigo director do GRECIMA, Manue l Rebelais , começa a ser julgado pelo Tribunal Supremo a partir do dia 9 de Dezembro 2020, por crime de peculato e está também é acusado pelo crime de violação das normas de execução orçamental do GRECIMA entre os anos de 2016 e 2017. Além do ex-ministro da Comunicaçã­o Social, está igualmente arrolado no processo, como arguido, Hilário Santos, então assistente- administra­tivo do GRECIMA. A Procurador­ia- Geral da República de Angola ( do MPLA) deduziu em Setembro de 2019 acusação contra o general Hilário Santos e o antigo ministro da Comunicaçã­o Social, Manuel Rabelais, pelos crimes de peculato, violação das normas orçamentai­s, recebiment­o indevido de vantagens e branqueame­nto de capitais.

No despacho de acusação recebido na Secretaria Judicial da Câmara Criminal do Tribunal Supremo em Luanda em 28 de Agosto de 2019 (e que antes “circulou” por outros areópagos para as devidas correcções), Manuel Rabelais admite ter realizado transferên­cias para empresas e aquisição de divisas, mas alega que o fez no interesse do Estado angolano e sob orientação do ex- Presidente da República José Eduardo dos Santos.

Os crimes terão sido cometidos quando Manuel Rabelais era director do GRECIMA ( Gabinete de Revitaliza­ção e Execução da Comunicaçã­o Institucio­nal e Marketing da Administra­ção), um órgão criado em 2012, para auxiliar o então Presidente da República,

José Eduardo dos Santos, na “coordenaçã­o e implementa­ção das linhas político-estratégic­as relativas à comunicaçã­o e marketing” do Governo ( do qual fazia parte essa anónima e impoluta figura de dimensão internacio­nal conhecida por João Lourenço, como ministro da Defesa), a nível externo e interno. Segundo a PGR, Manuel Rabelais, deputado à Assembleia Nacional pelo MPLA, partido no poder desde 1975 e que agora é presidido por João Lourenço ( essa exanónima mas sempre impoluta figura de dimensão internacio­nal), foi constituíd­o arguido por haver – na versão oficial – indícios de factos que constituem “actos de gestão danosa de bens públicos, praticados enquanto director do Gabinete de Revitaliza­ção da Comunicaçã­o Institucio­nal e marketing (GRECIMA)”, entre 2012 e 2017.

O despacho de acusação refere que Manuel Rabelais terá usado os seus poderes enquanto director do GRECIMA, para adquirir junto do Banco Nacional de Angola (BNA) divisas que eram posteriorm­ente canalizada­s para o BCI (Banco de Comércio e Indústria) para efectivar operações cambiais de compra e transferên­cia de divisas, alegando “compromiss­os do Estado angolano”.

O co- arguido, Hilário Santos, que era assistente administra­tivo do GRECIMA, terá ajudado a concretiza­r as operações, segundo a acusação. A acusação salienta que Manuel Rabelais, auxiliado por Hilário Santos, “transformo­u o GRECIMA em autêntica casa de câmbios, angariando empresas e pessoas singulares para depositare­m kwanzas em troca de moeda estrangeir­a”, indicando quatro empresas que depositara­m valores na conta do GRECIMA, bem como pessoas singulares, das quais apenas sete foram já identifica­das. Foram também feitos depósitos nas contas do GRECIMA domiciliad­as noutros bancos comerciais (BIC, BPC, BAI e SOL). “De realçar que à medida que eram adquiridas as divisas no BNA e aprovision­adas nas contas do GRECIMA nos bancos comerciais, com os depósitos de empresas e pessoas singulares”, Manuel Rabelais ia ordenando a Hilário Santos que efectivass­e “um plano de levantamen­to, compra e venda ou transferên­cia das mesmas”, lê- se no documento.

O despacho refere igualmente que os arguidos transferir­am para fora do país, através do banco BCI, um total superior a 16 milhões de euros para 11 empresas. Manuel Rabelais era, segundo a acusação, beneficiár­io efectivo de três destas empresas (Radwan Limited, Bencland Holdings Limited e Zilfor Lda.), através das quais recebia os valores, que por sua vez movimentav­a “para outras contas pessoais e de seus parentes”, totalizand­o cerca de 2,8 milhões de euros.

Em sede de contraditó­rio, o antigo governante alegou relativame­nte à transferên­cia destes valores que o fez “no interesse e protecção do Estado angolano, pois não podia usar o nome do Estado em operações de natureza secreta e tudo foi feito por orientação e conhecimen­to do Presidente da República”. Alegou ainda, quanto à aquisição de divisas, “ter sido um expediente utilizado pelo GRECIMA e outros órgãos do Estado (…)” para obter receitas que lhes permitisse­m satisfazer as suas despesas, também com conhecimen­to do Presidente da República. Os arguidos fizeram também transferên­cias da conta do GRECIMA no BPC, no valor de quase 13 milhões de kwanzas ( 32,5 mil euros) para um beneficiár­io desconheci­do, enquanto no BIC consta uma transferên­cia de mais 8 milhões de kwanzas ( 20,2 mil euros) a favor da Euronews. No total, são cerca de 21 milhões de kwanzas ( 53 mil euros), “despesas efectuadas sem qualquer documento de suporte”.

Além das transferên­cias, os arguidos fizeram directamen­te, através da conta do GRECIMA, compra de divisas e levantamen­tos no valor superior a 16 mil milhões de kwanzas (40,3 milhões de euros).

O total dos movimentos bancários feitos na conta do GRECIMA, incluindo compra e transferên­cia de divisas, bem como levantamen­to, totaliza mais de 19 mil milhões de kwanzas ( 47,9 milhões de euros).

O documento acrescenta que o GRECIMA “beneficiou de 4,5 mil milhões de kwanzas ( 11,2 milhões de euros), valores de que foram beneficiár­ias” as empresas Vitalopen, Achieve, Semba Comunicaçã­o, Goldex, Consulcom, JGK & Filhos, Oakloade Investment­s, bem como o Instituto Nacional de Segurança Social e o próprio GRECIMA, não havendo provas de que tenham prestado algum serviço ao Estado. No requerimen­to de instrução contraditó­ria (uma fase ainda investigat­ória do processo), a PGR pedia a audição de José Eduardo dos Santos para determinar “se terá autorizado o arguido Manuel Rabelais a realizar todas as operações bancárias a ele imputadas”. O ex- Presidente da República poderá, contrarian­do os conselhos dos seus mais próximos conselheir­os políticos e jurídicos, aceitar ser ouvido sobre o assunto. Curiosamen­te, tantos estes conselheir­os que lhe são fiéis como os que estão agora do outro lado da barricada ao lado de João Lourenço, não querem que José Eduardo dos Santos diga o que pensa sobre este e, sobretudo, outros assuntos.

Uns porque entendem que José Eduardo dos Santos vai correr riscos desnecessá­rios, outros porque temem que ele possa abrir o “dossier” 54 na página 348 onde, dizse, começa o vastíssimo capítulo dedicado ao seu sucessor, João Manuel Gonçalves Lourenço…

d e Novembro de 2015. O presidente angolano recusou críticas de corrupção sublinhand­o que “na política não vale tudo”. Para José Eduardo Santos deve- se, também, dar oportunida­des à juventude. Descubra as diferenças para 2020 ( se as “haver” dirá João Lourenço. Se as houver, dizemos nós).

Estas referência­s foram transmitid­as na mensagem à nação sobre os 40 anos da independên­cia de Angola, emitida a 11 de Novembro, pela rádio e televisão públicas, em que José Eduardo dos Santos apontou a necessidad­e de o país crescer a seis por cento ao ano para “acelerar a diversific­ação da economia e o cresciment­o do emprego”, e “reduzir significat­ivamente a pobreza”.

Numa altura particular­mente sensível em Angola, com sucessivas manifestaç­ões promovidas por jovens contestatá­rios do regime, apelidados de “revús” – revolucion­ários -, como o grupo de 15 elementos detidos desde Junho ( de 2015) por suspeita de prepararem uma rebelião no país, José Eduardo dos Santos reservou algum tempo dos quase 40 minutos de discurso para a juventude, que recordou ser dois terços ( menos de 25 anos) da população.

“Sabemos que os jovens querem tudo resolvido de um dia para o outro. Assim foi em todas as gerações anteriores. Somos um país independen­te, respeitado e admirado por muitos por causa do bom trabalho do seu Povo, e da sua juventude em particular. Temos que continuar a transforma­r a energia e o dinamismo da juventude em alavanca para continuarm­os a construção de uma Nação mais próspera, feliz e justa”, apontou. Eduardo dos Santos enfatizou que a “Nação deve assumir como sendo seu dever trabalhar para garantir um futuro melhor à juventude” e que “deve fazer tudo” para oferecer aos jovens “cada vez mais oportunida­des de cresciment­o pessoal e profission­al”. A movimentaç­ão dos jovens contestatá­rios foi associada, na altura, até por membros do Governo angolano, a tentativas de ingerência estrangeir­a nos assuntos nacionais, através de alegados apoios a estes grupos. Ainda assim, disse o então

Presidente angolano, sem concretiza­r, “o egoísmo e o desrespeit­o das normas do direito internacio­nal e particular­mente a ingerência nos assuntos internos de outros Estados por países mais fortes são factores que geram instabilid­ade, tensão e conflitos armados com consequênc­ias políticas e sociais graves, pondo em risco a segurança internacio­nal”. Antes, José Eduardo dos Santos disse que a política actual é “feita por meios pacíficos e democrátic­os”, precisamen­te quando os activistas sob detenção desde Junho se preparavam para ser julgados, em Luanda, por actos preparatór­ios para uma rebelião e um atentado ao Presidente. “Na política não vale tudo. Ela pressupõe o respeito pelo próximo, pelos princípios éticos, morais e cívicos. Felizmente, na luta política pacífica e democrátic­a surgiu uma Constituiç­ão moderna ajustada à nossa realidade e que indica como devemos organizar o Estado, a sociedade e a economia”, avisou, sem nunca se referir a qualquer caso concreto. Numa altura em que surgiam críticas da comunidade internacio­nal sobre o cumpriment­o dos direitos humanos em Angola e a alegada interferên­cia política na Justiça, José Eduardo dos Santos fez questão de sublinhar que a Constituiç­ão define a “separação dos poderes e a interdepen­dência de funções”.

“Consagra a independên­cia dos tribunais e a legitimaçã­o do poder político através de eleições livres, periódicas e multiparti­dárias, baseadas no sufrágio universal, e consagra também o respeito pelos direitos humanos, pelas liberdades fundamenta­is”, apontou. Retomando a necessidad­e de cresciment­o do país, o Presidente enfatizou que não é possível estruturar o sistema económico “sem a presença no mundo do capital e do trabalho de empresas e grupos económicos angolanos consciente­s e fortes”, que “serão a garantia” da independên­cia.

“Há quem pretenda confundir deliberada­mente este exercício de promoção e defesa do interesse nacional com a promoção da corrupção para enfraquece­r o nosso país, porque sabe que a acção contra a corrupção é conduzida por outros meios”, refutou. A celebração dos então 40 anos de independên­cia decorreram com um desfile civil e militar e um discurso do Presidente José Eduardo dos Santos, numa cerimónia a que assistem convidados estrangeir­os, entre chefes de Estado e de governo e delegações estrangeir­as.

Antes do discurso do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, falou o ministro do Interior e coordenado­r da comissão preparatór­ia das comemoraçõ­es da independên­cia, Bornito de Sousa.

Aos discursos segue- se o ponto mais alto das cerimónias, com o desfile civil e militar, que contará com a participaç­ão de 10 mil pessoas.

O desfile cívico contou com blocos dos antigos combatente­s e veteranos da pátria, infantis, administra­ção pública, juventude e dos desportist­as, cultura e comunicaçã­o social, educação, ensino superior, ciência e tecnologia, comércio, hotelaria e turismo, mercados e feiras, saúde e ambiente, indústria, transporte­s e comunicaçõ­es, construção, urbanismo e habitação, agricultur­a, pescas, pecuária e florestas.

Logo a seguir, desfilam a Polícia Nacional, Exército, Força Aérea e Marinha de Guerra. Segundo o programa, José Eduardo dos Santos oferece em seguida aos chefes de Estado e de Governos e delegações estrangeir­as um banquete oficial, para 3.000 convidados.

Em Novembro de 2015, o ministro do Interior, Ângelo Veiga Tavares, entendia como “prudente” a detenção dos 15 activistas angolanos, para não permitir o desenvolvi­mento de planos apoiados por forças estrangeir­as para a desestabil­ização do país, que previam “mortes”. Ângelo Veiga Tavares, que falava no dia 4 de Novembro de 2015, em Luanda, em conferênci­a de imprensa sobre o plano das comemoraçõ­es dos 40 anos da independên­cia, referia- se ao grupo dos 15 que estavam detidos desde Junho, acusados de prepararem uma rebelião e um atentado contra o Presidente da República. Apontou, a título de exemplo, que o Governo convidou em 2014 uma cidadã europeia ( italiana) a abandonar o país, porque esta se reunira com aquele grupo, supostamen­te dando indicações para que nas manifestaç­ões de contestaçã­o ao regime deveriam ser provocados confrontos com a polícia, gerando entre 20 a 25 mortos.

“Por isso é que em alguns casos, a polícia prefere não permitir que tais manifestaç­ões atinjam um nível de confronto para atingir esse fim. Portanto, essa cidadã europeia foi convidada a abandonar o país”, frisou. Segundo o então ministro, também em alguns círculos diplomátic­os, alguns cidadãos com esse estatuto instigavam esses jovens “e coincident­emente sempre na mesma perspectiv­a”.

“Haver confrontos para permitir – era o termo que utilizavam – a intervençã­o do ocidente e, por caricato que pareça, a cifra era sempre a mesma, entre 20 e 25 mortos”, acrescento­u. “Portanto, o que se estava a passar não era aquela habitual tentativa de simples manifestaç­ão, era coisa bem diferente, era coisa bastante ousada. Ou seja, no meu entendimen­to, havia sim alguém por trás a arregiment­ar e a aproveitar o estado de alma desses jovens para fins diferentes daqueles que estão mais desenvolvi­dos do ponto de vista democrátic­o”, acusou o ministro. Ainda sobre as investigaç­ões, Ângelo Veiga Tavares disse que em finais de 2013 transmitiu à UNITA, o maior partido da oposição que o MPLA ainda permite, que alguns núcleos daquela força política estavam, naquela altura, a procurar localizar a casa dos ministros da Defesa e do Interior, do chefe do Serviço de Inteligênc­ia, do Comandante Geral da Polícia Nacional e do

Chefe de Estado- Maior General das Forças Armadas.

O então titular da pasta do Interior frisou ainda que havia também informaçõe­s sobre a preparação de alguma desordem na capital angolana, com a ocupação de novas centralida­des habitacion­ais, a destruição de viaturas e de multibanco­s.

“Nós, confrontad­os com esses dados que tínhamos do passado, com essa ingerência de fora, que perspectiv­ava que se criasse condições de confronto e mortes para que houvesse intervençã­o do ocidente, achamos prudente ter algumas atitudes que permitisse­m cortar e não permitir o desenvolvi­mento de acções dessa natureza”, afirmou o ministro. O ministro sublinhou que as autoridade­s angolanas não têm “o prazer de prender quem quer que seja”, realçando que o processo de paz em Angola ainda “não está totalmente consolidad­o”, por isso há necessidad­e de algumas cautelas na abordagem de certos assuntos. Novamente sobre a ingerência externa nos assuntos de Angola, e sem concretiza­r ( acusar sem provar está no ADN do regime), Ângelo Veiga Tavares frisou a necessidad­e de os angolanos preservare­m “um ganho muito importante”, que foi terem conseguido alcançar a paz “metendo de fora os estrangeir­os”. “Hoje, há a tentativa e o agrado do estrangeir­o, porque estamos a abrir outra vez uma brecha para que esses estrangeir­os venham determinar e voltar ao passado de desentendi­mento”, realçou. Admitindo “problemas por resolver” no país, sublinhou que o tempo é dos políticos resolverem internamen­te.

“Porque há uma tendência muito grande de dar espaços muito bem desejados por alguns estrangeir­os, para desvirtuar­em e criarem situações de muitas dificuldad­es, que podem ser muito graves e trazernos consequênc­ias muito perigosas”, concluiu. Ângelo Veiga Tavares foi, apesar de tudo, modesto no enquadrame­nto. Esqueceu- se de dizer que foi descoberto em poder dos jovens diverso material bélico, altamente letal, a saber: 12 esferográf­icas BIC ( azuis), um lápis de carvão ( vermelho), três blocos de papel ( brancos) e um livro sobre como derrubar de forma pacífica as ditaduras. Sabe- se, igualmente, que a Polícia Nacional do regime descobriu que os jovens activistas tinham mísseis escondidos nas lapiseiras, Kalashniko­vs camufladas nos telemóveis e outro armamento pesado e letal disfarçado nos blocos de apontament­os. São, reconheça- se, provas mais do que suficiente­s para provar que estavam a preparar um golpe de Estado.

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PRESIDENTE DA UNITA , ADALBERTO COSTA JÚNIOR
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EX-MINISTRO DO INTERIOR, ÂNGELO VEIGA TAVARES

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