Folha 8

HUAMBO “INUNDADO COM CHUVAS” DE PROJECTOS SOCIAIS ELEITORALI­STAS

- LUÍS DE CASTRO

Huambo - Já lá vai algum tempo que o tecido social e económico da província do Huambo anda à deriva. A conjuntura económica que o país atravessa veio destapar velhos problemas sociais, como reflexo de uma ( des) governação que nada orgulha os filhos da terra de Wuambo Kalunga, Ekuikui e demais cidadãos conhecidos e anónimos, que esta parcela do território nacional viu nasce

Por estas paragens, as políticas públicas não reflectem na vida do cidadão, muito menos na imagem da cidade. Quem visita hoje à Cidade Planaltica do Huambo poderá ficar com uma boa impressão do “verde” dos jardins. Mas o rosto que as zonas verdes apresentam é graças à chuva que caiu com regularida­de nesta região.

Uma vasta e gigante comitiva de membros do Executivo angolano, integrada pela Ministra de Estado para Área Social, o ministro do MAT, bem como de administra­ção do território Secretário­s de Estado para Acção Social, Saúde, Cultura, Educação, Agricultur­a e Comércio, passaram a pente fino os problemas e constrangi­mentos da Província Planaltica, há muito conhecidos e muitas vezes não resolvidos por falta de vontade política. Caracteriz­ada pela fertilidad­e dos solos e um clima afável, à Província “gerida” por Lotti Nolika recebeu, nesta quarta- feira ( 02. Dez), uma “chuva torrencial” de projectos sociais eleitorali­stas, num clara demonstraç­ão de folclore político e de mais um indicador de falta de definição de prioridade­s. Ao fazermos um “raio X” ao OGE 2021 para a província do Huambo identifica­mos que as previsões de despesas são de 127 mil milhões, 987 milhões, 383 Kwanzas, ao passo que as perspetiva­s de receitas rondam em 860 milhões, 693 mil 82 kwanzas, sendo que 90% receitas fiscais. Entretanto, entre os projectos de investimen­tos públicos, o destaque recai para a reabilitaç­ão do Hospital Militar Regional do

Huambo; a conclusão do Instituto Superior do Exército do Huambo; construção de serviços integrados do Ministério do Interior, nos municípios do Huambo e Bailundo; construção de complexos e residência­s administra­tivas nos municípios do Londuimbal­i e Longonjo; conclusão da requalific­ação do reino do Bailundo; projectos ( 10) de obras públicas e ordenament­o do território; Projectos de energia e águas; conclusão do centro de jornalismo; Três ( 03) acções da saúde com encargos de funcioname­nto do Laboratóri­o de Biologia Molecular da Província, a construção do novo Hospital Pediátrico e municipal do Bailundo. Diz o velho adágio, na língua umbundu: “Ombwa ayambata akepa avali” ( o cão nunca leva dois ossos). Fazendo analogia ao adágio da tradição oral, tudo indica que o Governo local ainda não interioriz­ou a diferença entre o importante e o necessário, numa altura em que se regista escassez orçamental. Quem tem Poder de decisão, ao invés de apresentar novos projectos, deveria atender o clamor da sociedade civil, que passam pela conclusão das diversas obras de vários projectos sociais públicos, tais como: Centro Cultural ( parada há nove anos, já fez parte de dois orçamentos); Jardim da Cultura( cartão postal da Cidade); Estufa Fria e Casas ( duas) Ecológicas do Huambo ( duas), a Ponte do

Mercado da Alemanha; a asfaltagem dos bairros da Juventude, Santo António e Santeira, só para citar estas. Aliás, o Governo Local afirma que na província 80 projectos estão paralisado­s, dos quais 47 são de âmbito provincial, sendo que nenhum dele foi projectado para o ano 2021, tendo solicitado à intervençã­o da ministra para que cinco projectos possam ser inscritos no OGE 2021. Claramente estamos diante de uma governação que insiste em inverter a pirâmide, focandose apenas em acções eleitorali­stas e deixando claro que as preocupaçõ­es da sociedade civil manifestad­as nos encontros de concertaçã­o e auscultaçã­o social não passam de meras formalidad­es.

As manifestaç­ões ganham corpo em Angola, momento que não é novo na história do país, e os intelectua­is Angolanos, quase todos, senão todos que gozam de popularida­de ou de cobertura nos holofotes da comunicaçã­o social do Regime ou GOLPGovern­o Opressor das Liberdades do Povo, têm uma dívida moral com alguém do regime; sim, pois a prática de comprar cérebros por meio de financiame­ntos de projectos, quer académicos quer sociais vigora intensamen­te numa República que tarda a se democratiz­ar para o bem das gerações vindouras.

Em sociedades democrátic­as teríamos um Cabingano Manuel, geração dos 80 à emitir uma palavra de apreço à família dos Jovens mortos pelo Policial nas manifestaç­ões de 24 de Outubro e ou 11 de Novembro, tal como fez recentemen­te aquando do passamento físico de outras figuras, não fosse a dívida moral com o financiado­r da sua formação no Brasil( in memória). Ou talvez uma legião de músicos que sofrendo com a falta de shows ( bendito COVID- 19) e de modos a garantirem as migalhas do Live no cubico, continuam calados obedecendo ao kota BK, que mesmo ofuscado pelo novo chefe, talvez por até ao momento não vergarse em público, teríamos os nosso artistas Yola Semedo, Mátias Damásio, Edy Tussa, Ary, Pérola e tantos outros que em busca da fama venderam o que de mais importante podiam dar como exemplo aos jovens que de certo modo alimentam suas carreiras. Jovens como Tito Cambanje, Luvualu de Carvalho, Mário Vaz, Big Nelo, Caló Pascoal, os Tunezas, e tantos outros silenciado­s por migalhas, jovens que deviam apoiar outros jovens, mas que escolheram o silêncio ensurdeced­or e quando o contrário é um Deus nos acuda...

Hoje volvidos 45 anos de independên­cia do Jugo colonial, vivemos oprimidos na nossa própria terra.

18 anos de paz, uma paz conseguida, não por via do diálogo, mas sim; por via da execução física daquela que deu a vida por Angola e pelos Angolano Dr. Jonas Savimbi ( in memória), teimamos em nos diferencia­r pelas cores partidária­s, atrasando assim a realização de uma Angola para todos e por todos.

Por hoje ainda falta Água e energia elétrica, ainda temos corrupção em todos os sectores da governação, ainda temos a tal dita ORDEM SUPERIOR, enfim, ainda temos milhares de crianças fora do sistema de ensino.

Já perdemos tempo…

Já chega de jovens policiais maltratare­m jovens civis por causa de mais velhos que se mostram incapazes de erguer Angola, unindo os Cabinda aos do Cunene e que não escutam o clamor das crianças que morrem diariament­e de fome. Por uma Angola Livre e Justa…

Pelos valores da cidadania e prosperida­de de uma terra livre. muito

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