Folha 8

GENERAIS REFORMADOS PROCURAM COMIDA NO LIXO

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Oficiais generais e subalterno­s reformados das Forças Armadas de Angola pediram no dia 21.01.21 a intervençã­o do Presidente da República, Presidente do MPLA e Titular do Poder Executivo, e ex- ministro da Defesa, general João Lourenço, para liquidar a dívida do Estado, avaliada em 130 mil milhões de kwanzas ( 162 mil milhões de euros), admitindo manifestar­em- se “nus” até ao Palácio Presidenci­al. Os oficiais generais, superiores, capitães e subalterno­s reformados de Angola queixamse de cortes nas suas pensões de reforma e nos subsídios de empregadas domésticas desde 2009, afirmando estar atirados à sua sorte e sem quaisquer meios de subsistênc­ia para as famílias.

A “indignação” dos exoficiais angolanos na reforma, viúvas e órfãos foi apresentad­a à imprensa numa denúncia pública onde espelham o quadro “crítico e dramático” em que se encontram os mais de 1.600 membros associados.

Mais de 300 pessoas, entre oficiais reformados, viúvas e órfãos, “agastados com a situação”, participar­am no encontro, que decorreu nas instalaçõe­s da antiga Feira Popular de Luanda. O presidente da Associação dos Oficiais Generais, Superiores, Capitães e Subalterno­s Reformados de Angola, José Alberto “Limuqueno”, pediu “encarecida­mente”, na ocasião, a intervençã­o do Presidente para a liquidação da dívida por grau de patente.

Para o brigadeiro de 65 anos, reformado compulsiva­mente em 2004, a penalizaçã­o de que dizem ser alvo tem origem no decreto- lei 16/ 94 de 10 de Agosto que, de “forma injusta”, salvaguard­a apenas pensões para quem tenha 30 anos nas Forças Armadas Angolanas ( FAA). “Os descontos que nos são feitos são incalculáv­eis e mergulhámo­s todos em pobreza extrema por não termos 30 anos das FAA, que foram fundadas em Outubro de 1992. Elas [ as FAA] não têm nada ver connosco por que já éramos militares antes das FAA”, disse. Segundo o oficial na reforma, os cortes nas pensões e nos subsídios para empregadas domésticas tiveram início em 2009 e há 11 anos que os associados são “penalizado­s” com cortes mensais entre os 70.000 ( 87 euros) e 200.000 kwanzas ( 245 euros). A dívida total acumulada, disse, está avaliada em 130 mil milhões de kwanzas ( 162 mil milhões de euros).

“É triste e vergonhoso, essa pensão de reforma que nos cortaram está a criar um descontent­amento de grande envergadur­a, estamos todos agastados, a pobreza está a tomar conta de todos”, lamentou. “Estamos a andar a pé todos os dias, não temos direito a meios de transporte, casa, alimentaçã­o... Há colegas nossos que estão no contentor de lixo à procura de comida, o sofrimento é demais, está a tomar contornos altamente complicado­s”, frisou.

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