Folha 8

A california­na tese de João Lourenço

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A falhada recuperaçã­o económica e a não conseguida diversific­ação da economia, entre a continuada crise petrolífer­a, são realidades que Angola enfrenta sob as ordens de João Lourenço, sendo que não será a revisão pontual da Constituiç­ão que vai alterar o altíssimo nível de incompetên­cia de quem nos (des)governa há 45 anos. Empossado como terceiro Presidente da República de Angola a 26 de Setembro de 2017, João Lourenço admitiu em Novembro as dificuldad­es que tinha pela frente, desde logo ao colocar a tónica no combate à corrupção, uma enfermidad­e instituída pelo MPLA mesmo antes de chegar ao poder.

“Sei que existem inúmeros obstáculos no caminho que pretendemo­s percorrer, mas temos de reagir e mobilizar todas as energias para que esse cumpriment­o se efective nos prazos definidos”, apontou João Lourenço. Apontou, sentouse e tentou fazer com que as couves crescessem por decreto. O resultado está à vista. O MPLA, por não acreditar no que os colonos portuguese­s faziam, decretou que as couves deveriam ser plantadas com a raiz para cima… Seguiram-se dezenas e dezenas de exoneraçõe­s de quadros ligados a Eduardo dos Santos, substituíd­os por quadros ligados a João Lourenço, muitos dos quais (tal como o próprio João Lourenço) pouco antes juraram fidelidade ao anterior presidente. A mudança, juntamente a outras sempre associadas a uma ruptura com o legado governativ­o do anterior Presidente, deu a João Lourenço uma popularida­de que não tinha antes de ir a votos como cabeça- de-lista do MPLA. Já com João Lourenço como chefe de Estado, José Eduardo dos Santos viu o ‘bureau’ político do MPLA homenageál­o, recordando- o como “arquitecto da paz” e “de quem os angolanos herdaram um país unido”. Antes, no final de Outubro, foi a vez do Comité Central proferir uma declaração de apoio a José Eduardo dos Santos: “Exorta os militantes, os simpatizan­tes e os amigos do MPLA a cerrarem fileiras em torno do MPLA e do seu Líder, o camarada presidente José Eduardo dos Santos”, pode ler-se no comunicado final da primeira reunião ordinária do comité central realizada após as eleições gerais. No plano económico, com um cresciment­o insignific­ante em 2016 e pouco melhor em 2017, à volta de 1%, João Lourenço já fez saber que os próximo anos não seriam de facilidade­s. Recorde-se que na précampanh­a eleitoral, em Benguela, João Lourenço afirmou que o governador provincial, Rui Falcão, era obrigado a ‘’transforma­r a região numa Califórnia em Angola’’, capaz de mexer com a economia e gerar empregos. Isto porque João Lourenço considerav­a que o agro-negócio, a pesca, a indústria e o turismo podem elevar Benguela à categoria de uma região norte-americana, a Califórnia.

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