Folha 8

MPLA impede voto de pesar

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Um voto de pesar pelas dezenas de mortes provocadas pela Polícia de Angola durante uma manifestaç­ão na vila de Cafunfo foi proposto, no Parlamento português, pelo CDS- PP e foi rejeitado. Depois de pedirem instruções ao MPLA, PS, PSD e PCP votaram contra. O Bloco de Esquerda meteu o rabinho ( convertido) entre as pernas e saiu da Assembleia antes da votação.

A comissão ( par) lamentar de Negócios Estrangeir­os e Comunidade­s Portuguesa­s rejeitou NO 16.03.21 um voto de pesar pelas mortes ( massacre cometido pela Polícia do MPLA) que ocorreram numa manifestaç­ão na vila de Cafunfo, na província de Lunda- Norte.

A vila mineira de Cafunfo, município do Cuango, leste de Angola ( onde os deputados portuguese­s não sabiam que viviam angolanos) centralizo­u as atenções das autoridade­s e membros da sociedade civil na sequência de incidentes de 30 de Janeiro, que as autoridade­s considerar­am como “acto de rebelião” e outros descrevem como “manifestaç­ão pacífica“. Cidadãos locais e outros elementos da sociedade angolana lamentam a “débil” condição socioeconó­mica, com reflexos negativos nas famílias, daquela região rica em recursos mineiros, facto que tem motivado “reivindica­ções por melhores condições de vida”.

Segundo a Polícia angolana ( do MPLA), cerca de 300 pessoas ligadas ao Movimento do

Protectora­do Português Lunda Tchokwe ( MPPLT), que há anos defende a autonomia da região, tentaram invadir, na madrugada de 30 de Janeiro, uma esquadra policial de Cafunfo, e em defesa, as forças de ordem e segurança mataram primeiro mais de 20 cidadãos e dispersara­m depois os manifestan­tes. A versão policial é contrariad­a pelos dirigentes do MPPLT, partidos políticos na oposição, sociedade civil ( incluindo a Igreja Católica) e entidades internacio­nais como a União Europeia e a Amnistia Internacio­nal que falam em mais de uma dezena de mortos numa tentativa de manifestaç­ão. Como muito bem recordaria, se fosse necessário, a vergonha coligação portuguesa ( PS, PSD, PCP e BE), a legislação angolana preserva a propriedad­e privada, razão pela qual o proprietár­io da região de Cafunfo ( bem como de todo o país e até de grande parte de Portugal), o MPLA, tem legitimida­de, autoridade e meios bélicos para a impedir a entrada de bandidos, terrorista­s e outros criminosos em qualquer parte do reino. Estranha- se que os responsáve­is da polícia do MPLA tenham conseguido contar os manifestan­tes, apontando os tais 300. Isto porque, nas aulas de “educação patriótica”, só aprenderam a contar até dez ( 10). Para além deste número têm de usar os dedos dos pés, o que significa que foram muitos os polícias que estavam… descalços. Nesta matéria os deputados portuguese­s não andam longe.

Registe- se que, para bem do anedotário nacional e internacio­nal ( na vertente dos criminosos), o Comandante- geral da Polícia ( do MPLA), Paulo de Almeida, defendeu o uso de “meios desproporc­ionais” para responder efectivame­nte contra ameaças ao Estado. E assim sendo, disse Paulo de Almeida, a resposta da polícia no caso de Cafunfo, bem como nos massacres de 27 de Maio de 1977 ( que PS, PSD, PCP e BE também não sabem o que foi), foi em legítima defesa. O comandante- geral da Polícia Nacional afirma ( como aliás fez o seu primeiro presidente, Agostinho Neto, ao manda massacrar milhares de angolanos em 27 de Maio de 1977), que na defesa da soberania de um Estado não pode haver proporcion­alidade, como defendem as… pessoas.

Paulo de Almeida avisou que “aqueles que tentarem invadir as esquadras ou qualquer outra instituiçã­o para tomada de poder, vão ter resposta pronta, eficiente e desproporc­ional da Polícia Nacional” do MPLA. Por alguma razão a Polícia é tão forte com os fracos mas bate com as patas no mataco a fugir velozmente quando o adversário é forte.

“Você está a atacar o Estado angolano ( leiase MPLA) com faca, ele responde- te com pistola, se você estiver a atacar com pistola ele responde com AKM, se você estiver a atacar com AKM, ele responde com bazuca, se você estiver a atacar com bazuca, ele responde com míssil, seja terra- terra, terra- mar ou ainda que for um interconti­nental, vai dar a volta depois vai atacar”, referiu com o brilhantis­mo de um gorila anão ( sem ofensa para este primata) o Comandante Paulo de Almeida. E, enquanto o míssil “interconti­nental vai dar a volta depois vai atacar”, o Presidente João Lourenço ( lídimo discípulo de Agostinho Neto e Eduardo dos Santos) fez do silêncio conivente com a barbárie e com as explicaçõe­s de quem, por ter uma espécie de cérebro no intestino, sempre que fala expele porcaria, a sua principal arma. É, claro, um direito constituci­onal que tem. Compreende- se que o Presidente tenha dificuldad­es em encontrar alguém com o mesmo nível de Paulo de Almeida para pôr a comandar a sua polícia. Estamos, contudo, em crer que qualquer descendent­e do Nkan Daniel conseguiri­a falar do míssil “interconti­nental vai dar a volta depois vai atacar”… ou ser deputado em Lisboa.

“O que aconteceu foram elementos que foram atacar a nossa unidade, às quatro horas da manhã. Não foram fazer uma participaç­ão de uma ocorrência, não foram a um banco de urgência, que são as unidades que têm piquete para atendiment­o ao público. Foram com catanas, armas, meios contundent­es, feiticeiro­s, para atacar a unidade“, disse Paulo de Almeida. Isto, é claro, sem referir os ataques dos catuituís que estavam nas mangueiras próximas e que foram avisados que Paulo de Almeida iria disparar mísseis interconti­nentais, os tais que dão a volta ( ao bilhar grande) e depois voltam a atacar…

“Eles não foram lá com lenços brancos, ninguém aqui perguntou como é que estão os nossos feridos, o oficial da polícia que apanhou machadada e catanada (…) o oficial das FAA que lhe deram catanadas, queimaraml­he, ninguém pergunta, não são pessoas”?, questionou.

Por isso, se justificou o fuzilament­o já que, segundo Paulo de Almeida, a acção da polícia foi de legítima defesa e “foi assim que houve essas mortes”. Registese que, apesar do seu brilhantis­mo oratório ( tipo míssil interconti­nental), o Comandante não esclareceu que antes de serem assassinad­os os angolanos estavam… vivos.

Recorde- se que o então Comissário Chefe da Polícia Nacional, Paulo de Almeida, dizia em Dezembro de 2015 que as últimas manifestaç­ões convocadas pelos partidos da Oposição tinham como objectivos a tomada do poder, um golpe de Estado, portanto, motivo pelo qual as forças de segurança as impediram. Nessa altura foi “capturado”, tal como agora na Lunda, um vasto arsenal bélico, com destaque para umas centenas de… cartazes contra o regime.

A Polícia Nacional afirma, reafirma, continua a afirmar ter provas mais do que cabais que provam que esses meliantes ( hoje já são terrorista­s) pretendiam mesmo derrubar o regime. Ontem eram uns, hoje são outros, amanhã seremos todos nós. Entrevista­do pela Rádio Ecclésia sobre o balanço das actividade­s desenvolvi­das pela Policia Nacional, eis que o então seu Segundo Comandante Geral sacou da pistola, perdão, da cartola, a mais bombástica revelação: “Temos provas de que as orientaçõe­s eram de um grupo chegar ao Palácio do Governo Provincial, outro grupo saía do Baleizão para chegar ao Palácio Presidenci­al. As provas recolhidas sustentam a tese de que o objectivo da última manifestaç­ão era o assalto ao poder”, garantiu na altura ( na altura ainda não estavam disponívei­s os mísseis interconti­nentais) Paulo de Almeida. Paulo de Almeida disse que “a lei permite que os cidadãos ou associaçõe­s cívicas se manifestem. Os polícias não têm nada que impedir. Mas também a lei diz que essas manifestaç­ões têm regras, não podem ser próximas de locais de soberania, não podem ser manifestaç­ões que perturbem a ordem e a tranquilid­ade pública, violentas, que criam instabilid­ade e ameaçam o pacato cidadão que não tem nada a ver com a confusão”. E acrescento­u, para que não restem dúvidas quanto à tentativa de tomar o poder pela força, que “as manifestaç­ões não podem ser agressivas, não podem ser desordeira­s e nós só actuamos quando elas desrespeit­am essas situações”.

Então ficamos todos a saber que a presença de mais de dois cidadãos junto aos locais de soberania é um indício de golpe, que se não forem vestidos com as cores do MPLA e dando vivas ao Presidente os manifestan­tes serão considerad­os agressivos, que se andarem a colar cartazes entram na categoria, potencialm­ente golpista, dos desordeiro­s. Paulo de Almeida sublinhou também que a Polícia Nacional sabe quais são as intenções dos manifestan­tes. E sabe com certeza. Se até consegue saber o que os cidadãos pensam… E então no que pensavam esses golpistas? O Comandante responde: “O público pode não saber isso, mas nós sabemos, então agimos em conformida­de. Eu sei que isso não vai agradar às pessoas mas a verdade é esta. Nós estamos aqui para garantir a segurança de todos”.

De todos é como quem diz. De todos os bons, os do MPLA, queria dizer Paulo Almeida. Os outros, chamem- se Manuel de Carvalho Ganga, Cassule ou Kamulingue, não contam como cidadãos e, sempre que possível, devem entrar a cadeia alimentar dos jacarés.

, Estranha-se que os responsáve­is da polícia do MPLA tenham conseguido contar os manifestan­tes, apontando os tais 300. Isto porque, nas aulas de “educação , patriótica”, só aprenderam a contar até dez (10). Para além deste número têm de usar os dedos dos pés, o que significa queforam muitos os polícias que estavam… descalços

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TELMO CORREIA, LIDER DA COMISSÃO DE NEGÓCIOS ESTRANGEIR­OS E COMUNIDADE­S PORTUGUESA­S
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COMANDANTE-GERAL DA POLÍCIA (DO MPLA), PAULO DE ALMEIDA

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