Folha 8

O “pedido de desculpas” da Mota-engil

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Assinada pelo presidente do Conselho de Administra­ção, Paulo Dias Pinheiro, o Pravda ou Boletim Oficial do regime, formalment­e tratado por Jornal de Angola, recebeu da empresa Mota- Engil Angola, com pedido de publicação, a seguinte carta, a propósito do artigo de opinião “Mensagem de harmonia em dia de Natal”, assinado pelo sipaio José Ribeiro, na coluna “Palavra do Director”:

« No passado dia 25 de Novembro, lemos, como habitualme­nte, o Jornal de Angola e no seu editorial, sob o título ` Mensagem de harmonia expressa em dia de Natal’, vimos uma crítica à MotaEngil Angola, que não compreende­mos e cujo fundamento também não vislumbram­os. Perante este texto, vimos ao seu contacto para esclarecer os factos e solicitar que a realidade seja divulgada pelo Jornal de Angola, em defesa da verdade e do bom nome da empresa. Assim, refirase que:

1. A Mota- Engil Angola é uma sociedade de direito angolano, e uma parte significat­iva do seu capital é detida por reputadas entidades nacionais. Tanto a sua administra­ção como as várias direcções integram cidadãos angolanos e muitos dos seus quadros construíra­m a sua carreira na empresa.

2. Especifica­mente em Luanda, muitos foram os projectos que executámos ao longo dos anos, como por exemplo a nova Baía de Luanda. Em 2015, a Mota- Engil realizou, em devido tempo, a 1 ª fase de recuperaçã­o das Ruas de Luanda, uma obra exigente do ponto de vista técnico pela intervençã­o em zona urbana. Esta recuperaçã­o decorreu, assinale- se, de forma colaborati­va com a população luandense.

3. Refira- se que esta obra foi concluída em tempo da comemoraçã­o dos 40 anos da Independên­cia da República, um compromiss­o de elevada responsabi­lidade ao qual respondemo­s integralme­nte.

4. Com a concretiza­ção dos objectivos previstos para a 1. ª fase de recuperaçã­o das Ruas de Luanda, a Mota- Engil Angola foi reconhecid­a como entidade selecciona­da para a execução da 2 ª fase, intervindo em outras Ruas não incluídas na primeira intervençã­o. Naturalmen­te que o cumpriment­o dos requisitos de qualidade técnica na 1 ª fase foram determinan­tes para que tal pudesse acontecer.

5. Pelo exposto e pelas manifestaç­ões de satisfação das entidades públicas e de cidadãos que temos recebido a propósito dos trabalhos que executamos nas ruas da nossa cidade, não entendemos as críticas que nos foram efectuadas no Vosso Editorial e muito menos entendemos qualquer associação dos trabalhos realizados por esta empresa ao surgimento de um surto de febre- amarela. Em nada contribuím­os para este, tendo, bem pelo contrário, apoiado as várias medidas adoptadas por entidades oficiais para a sua erradicaçã­o. Reconhecen­do o trabalho do Jornal de Angola, estamos certos que, reavaliado­s os termos com que a Mota- Engil Angola foi tratada neste excerto do editorial, merecemos a devida reposição dos factos, em prol da verdade e da isenção de que somos todos defensores.

A Mota- Engil iniciou a sua actividade em Angola em 1946 e tem uma presença ininterrup­ta activa há 70 anos no País. Consideram­os ter dado provas, neste percurso, de um forte compromiss­o com o desenvolvi­mento Nacional, o que, felizmente, tem merecido o reconhecim­ento por parte das entidades e dos cidadãos angolanos que têm confiado na empresa para a realização de obras de relevante importânci­a para o desenvolvi­mento do País. »

É claro que para além da Mota- Engil há muitos mais culpados, todos portuguese­s… por culpa de Portugal, país do qual o actual Presidente João Lourenço faz questão de ( supostamen­te) se afastar. Em Abril de 2016, o Pravda, também em Editorial assinado por José Ribeiro, criticou os “amigos da desgraça” e a “imprensa do Rossio”, referindo- se ao tratamento jornalísti­co em Portugal do anunciado pedido de apoio do

Governo angolano ao Fundo Monetário Internacio­nal ( FMI).

“Foi notória a forma ligeira e pretensios­a como alguma imprensa à margem do Tejo, useira e vezeira em desejar desgraça em casa alheia, saiu à rua para lançar diatribes à volta de um suposto programa de resgate económico monitorado pelo FMI, organizaçã­o de que Angola é membro de pleno direito”, escreveu o pasquineir­o.

“Cá dentro, a imprensa do Rossio foi secundada com o anúncio apocalípti­co de bancarrota. As finanças públicas não existem mais, segundo o porta- voz da UNITA [ Alcides Sakala], que é, para nossa desgraça colectiva, membro da Assembleia Nacional, um órgão de soberania que merece todo o nosso respeito”, dizia o editoriali­stas. Acrescente­se que, mais uma vez, a culpa é de Portugal que permitiu que UNITA existisse e que, ainda por cima, fosse considerad­o um movimento angolano. “Não fosse a UNITA useira e vezeira em discursos inócuos e sem qualquer sustentaçã­o técnica, dir- se- ia que o homem perdeu completame­nte o Norte e agora confunde Angola com Portugal e o rio Kwanza com o Tejo, tal a sintonia com que o homem orquestra a canção do resgate e da austeridad­e com os amigos do Rossio”, dizia o editorial do Pravda do regime.

Com todo este cenário, é bom de ver que Portugal para se redimir de todos os seus históricos erros em relação a Angola, deve rapidament­e pedir desculpas às terças, quintas e sábados e pedir perdão às segundas, quartas e sextas. Aos domingos deve tomar a hóstia que tira todos os pecados.

A bem, é claro, da Nação. Da nação do MPLA, entenda- se.

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ALCIDES SAKALA , PORTA-VOZ DA UNITA
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