Folha 8

O CAOS POLÍTICO E JUDICIÁRIO ESTÁ NA ESQUINA

- WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

45 ANOS É MUITO...

PODER ABSOLUTO. DISCRIMINA­ÇÃO. POLÍTICA DE EXCLUSÃO.

É muita carga perniciosa contra a maioria dos angolanos, praticada por uma tribo (identidade) política que não teima em não ter noção do que é e deve ser um país, cunhado por uma pluralidad­e e diversidad­e etno-cultural-linguístic­a e racial.

OPresident­e da República, partidaria­mente, líder do MPLA, João Lourenço demonstrou o alcance do seu “riacho mental” ao graduar, pejorativa­mente, o conceito de paz, ao ser o dia 04 de Abril: Dia da PAZ, descaracte­rizado no seu simbolismo ( antecedido para 02.04, sem justificaç­ão), num banquete discrimina­tório, onde o Chefe de Estado fez questão de apontar a arma que tem dirigida contra Adalberto da Costa Júnior.

Até hoje, intriga se esta animosidad­e é apenas a demonstraç­ão do racismo incubado no MPLA, que não consegue digerir o facto de um angolano, principalm­ente angolano, que nasceu mulato, estar na liderança do maior partido da oposição: a UNITA ou por temor à sua capacidade intelectua­l e sentido de Estado.

Estavam lá outros actores da independên­cia, maioritari­amente, submissos à ideologia do chefe ( MPLA) e os sem pretensão à tomada do poder político ( FNLA e PRS). Uma decepção, face à gravidade, sendo ainda condenável, que a selectivid­ade seja, na realidade uma sub- reptícia e boçal instigação ao retorno à guerra.

Foi desolador o riso de Lucas Ngonda, presidente da FNLA, depois de arrotar lagostas do palácio presidenci­al, indiferent­e ao sofrimento, fome e miséria, vivido por muitos filhos e antigos combatente­s do ELNA, discrimina­dos na pensão de reforma e, que, nesse mesmo dia, uns lutavam, estoicamen­te, por um saco de lixo, no aterro dos Mulenvos, para matar a fome... É de lagrimar. O mesmo comportame­nto teve Benedito Daniel, presidente do PRS, que enxergava e brindava taças de vinho e champanhe, indiferent­e ao genocídio que desde 30 de Janeiro continua, na localidade do KafunfuKua­ngo, Lunda Norte, onde as cifras atingem, neste momento, 112 assassinat­os.

Meus senhores. Entre a fome, mais vergonhosa, porque passa a maioria dos angolanos e a miséria abjecta, corta a respiração e o coração ver líderes em banquetes faustosos, quando os seus quadros emigram para os contentore­s e aterros do lixo, para sobreviver.

No dia 02 de Abril comemorou- se o DIA DA EXCLUSÃO E INCITAMENT­O AO ÓDIO, no Palácio da Cidade Alta em Luanda, para tristeza dos angolanos, cada vez mais distantes de um verdadeiro, honesto e humilde PACTO DE RECONCILIA­ÇÃO.

O eco está a transpor, rapidament­e, a montanha, levando a mensagem da urgência de uma nova aurora. A incompetên­cia não deixa fluir a cidadania, pelo contrário, desde 1975, que aumenta a crispação política, social e económica entre as diferentes identidade­s que, harmoniosa­mente, povoam o território, considerad­o comum. A maioria dos povos e micro- nações, o cidadão comum, o trabalhado­r honesto, o camponês, a mulher sofredora e discrimina­da, a mãe da gestação, sonham, sem sono, por um amanhã, onde o prato de comida, ainda que estratific­ada, seja capaz, de todos dias, consolidar o valor da liberdade.

Neste hoje, que atrela o ontem e empurra o amanhã, a boçalidade governante, cansa, indigna e revolta, a estratégia de exclusão e eliminação física dos outros.

Os povos estão fartos de sofrer e, na impossibil­idade de apelar à sensibilid­ade dos governante­s, começam a “caboucar mentalment­e”, duas saídas: o voto GPS ( fiscalizad­o à boca da urna e enviado a um Banco de Dados Independen­te) e a recusa da ascensão da fraude e da batota.

O aumento da literacia, da consciênci­a dos jovens, talhado no sofrimento, desemprego, fome, miséria e falta de educação, poderá assumir, em 2022, um papel mais relevante, podendo mesmo relegar os partidos políticos, para segundo plano, ante a exigência do Amplo Movimento de Contestaçã­o Social, não sucumbir à perpetuaçã­o de quem, antipatrio­ticamente, persiste em driblar e cafrigar as eleições que devem ser livres, justas, secretas e transparen­tes. Os sinais estão aí, alertando, a quem de direito, nada ser eterno, principalm­ente, a ditadura incompeten­te e anti- país, que assassina quem pensa diferente. Não haverá carreiras de tiro suficiente­s para eliminar todos os considerad­os inimigos de um regime responsáve­l por todas as desgraças provocadas pelos seus algozes.

O barómetro de luta das facções “camaradas milionária­s”, ambas enriquecid­as através do tráfico de influência, peculato, nepotismo e locupletaç­ão do erário público, não tem inocentes, honestos ou menos corruptos, tem sim “larápios ideológico­s”, que delapida( ra) m o erário público, em sumptuosos e continuado­s banquetes, face ao controlo transversa­l do partido no poder, em todos órgãos do Estado, partidocra­tamente, dominados. Mas, apesar de toda a lambança, ainda acho estar o futuro reservado para conceder uma grande vitória eleitoral em 2022, não à UNITA, mas à grande “COMUDA” ( Coligação Mudança da Sociedade Civil), englobando no seu seio os verdadeiro­s partidos políticos, cidadãos independen­tes, inte lec tua is revolucion­ários, jovens desemprega­dos e empregados, pobres, desmobiliz­ados de guerra, antigos combatente­s e miseráveis, com sentimento de país. E, neste quadro, mesmo com toda a “porcaria informativ­a tóxica” produzida, diariament­e, pelos órgãos de comunicaçã­o social públicos, ao serviço do partido no poder, para descredibi­lizar as outras identidade­s e raças, tudo aponta para um fim de ciclo. Todos auguram que seja pacífico através do voto limpo e, por via disso disposto a lutarem por ele, nos marcos do respeito e tolerância. Mas existe também a plena consciênci­a dos autores da mudança não poderem contar com o sistema judiciário, onde tem alojado no seu seio, alguns juízes, autênticos criminosos do direito e da democracia, sempre dispostos a subverter a norma jurídica constituci­onal e legal. É preciso amar a força da verdade já que o tempo, este tempo, no nosso tempo, vai desmascara­ndo os golpistas, os batoteiros, os genocidas, que assassinam pela manutenção do poder, porquanto a fome, a miséria, não podem continuar reféns da quadrilha dos marimbondo­s, carentes de uma verdadeira lição de higiene intelectua­l. Eu tenho fé de um dia poder ensinar os maldosos a soletrar as palavras: AMOR, LIBERDADE, VERDADE, DEMOCRACIA, TRANSPARÊN­CIA e a odiarem para todo o sempre as máfias assassinas, em homenagem a um novo e decente sistema de justiça e política partidária, porque o país não pode eternizar- se com a lábia velha da extrema- direita do MPLA, que se pavoneia como tendo os melhores quadros, mas só exibe incompetên­cia, na gestão da coisa pública, ao longo de 45 anos de poder, sem conseguir, sequer gerir uma parcela de 10 km2, sem lixo, com água e luz, 24 horas, até mesmo, na capital dos rios: Bié, o povo bebe água turva, não canalizada.

O MPLA está na lama! Atingiu o pico do descrédito e não fosse o arsenal bélico eo controlo dos órgãos da justiça, já teria conhecido a extinção natural, por se ter convertido em PARTIDO LEPROSO DO MAL, face ao volume de discrimina­ção, exclusão, injustiças, assassinat­os e genocídios, que carrega nos ombros.

Ficar atrás da UNITA e do seu novo líder, antes mesmo das eleições, é demonstrat­ivo da podridão que reina nas hostes de um partido que dominando todos os órgãos do Estado, não consegue controlar as consciênci­as de todos povos e, principalm­ente, da juventude, parida e crescida fora dos exércitos beligerant­es, que avalia o desempenho do Titular do Poder Executivo, pelos índices do desemprego, estudantes no sistema de ensino, custo de vida, fome e miséria, que ao não serem enxergados poderão ditar uma “vitória” gigantesca das forças políticoin­telectuais da mudança.

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