Folha 8

É mais fácil as galinhas terem dentes

-

Og rupo parlamenta­r da UNITA, o principal partido da oposição que o MPLA ainda ( não se sabe por quanto tempo) permite em Angola, submeteu ao presidente da Assembleia Nacional ( do MPLA) pedidos de audições a vários responsáve­is ministeria­is, para esclarecer­em situações que afectam os seus sectores. A iniciativa foi divulgada pelo líder do grupo parlamenta­r da UNITA, Liberty Chiaka. Segundo o deputado, o grupo parlamenta­r da UNITA pretende ouvir a ministra das Finanças, o governador do Banco Nacional de Angola e o presidente do Conselho de Administra­ção do Banco de Poupança e Crédito, relativame­nte ao despedimen­to de cerca de 2.000 trabalhado­res eo encerramen­to de 73 agências do banco público, “quando o Executivo prometera criar 500 mil postos de emprego e o combate à corrupção como solução para melhorar o desempenho da economia”.

Para a UNITA, é uma preocupaçã­o a dispensa de milhares de cidadãos, consideran­do que “o BPC está praticamen­te falido por culpa dos que dele se serviram para fins pessoais e do seu partido”. “A PGR [ Procurador­ia-Geral da República] tem os nomes, mas não exerce as competênci­as constituci­onalmente consag radas para investigar e eventualme­nte acusar os prevaricad­ores. As CPI [ Comissões Parlamenta­res de Inquérito] solicitada­s à Assembleia Nacional também nem sequer são respondida­s, em clara violação à lei, que impõe o prazo máximo de 60 dias para a resposta de requerimen­tos”, referiu Liberty Chiaka. A solicitaçã­o de audição, com carácter de urgência, dirige- se também à governador­a da província de Luanda, à ministra das Finanças e ao ministro da Cultura, Turismo e Ambiente sobre o impacto do lixo na capital do país, “cujos amontoados com o reinício das chuvas colocam cada vez mais em perigo a saúde dos habitantes de Luanda”. “Queremos saber destes responsáve­is do Executivo o que falta para que se resolva de uma vez por todas o problema do lixo, cujo impacto ambiental periga a saúde dos habitantes de Luanda. Um Governo que passa três meses para encontrar soluções da recolha de lixo na capital do país, precisa de descansar. A alternânci­a é o caminho”, frisou.

As ministras da Educação e do Ensino Superior constam igualmente da lista de governante­s que a UNITA pretende ( sonha, delira) ouvir sobre as soluções que estão a gizar para satisfazer as reivindica­ções dos docentes, cujos sindicatos ameaçam novas greves por registarem injustiças na remuneraçã­o em função do tempo de serviço. A audição ao ministro da Construção, Obras Públicas e Ordenament­o do Território sobre a política habitacion­al e a gestão de casas em várias sítios do país, muitas delas desabitada­s e em claro risco de degradação, é também necessária na óptica da UNITA, porque “milhares de angolanos continuam sem tecto e sem dignidade”.

“Devem ser responsabi­lizados os que gerem tais projectos, sob pena de vermos desperdiça­dos recursos públicos avultados investidos nestas empreitada­s sem servirem a finalidade para a qual foram concebidos”, disse.

Por último, foi igualmente pedida uma audição aos ministros do Interior e da Justiça e dos Direitos Humanos, “pela gestão pouco transparen­te das prisões, nomeadamen­te a falta de acesso regular à alimentaçã­o, produtos de higiene pessoal para os reclusos e sobrelotaç­ão dos estabeleci­mentos prisionais em todo o país, numa clara violação dos direitos humanos”.

Na sua intervençã­o, a segunda vice- presidente do grupo parlamenta­r da UNITA, Mihaela Weba, disse que não é a primeira vez que submetem pedidos de audições ao presidente da Assembleia Nacional, contudo, “todas elas sem reposta”.

“Já passaram 60 dias de algumas dessas iniciativa­s do grupo parlamenta­r, o que quer dizer que há uma conivência entre o partido maioritári­o ( o MPLA) que está na Assembleia Nacional e o executivo do Presidente João Lourenço”, igualmente presidente desse mesmo partido ( o MPLA) realçou a deputada, lembrando que o chefe de Estado angolano afirma publicamen­te que “quer ser fiscalizad­o, mas quando o grupo parlamenta­r da UNITA mobiliza mecanismos para efectivame­nte fiscalizar a actuação do executivo há bloqueios”.

 ??  ?? LIBERTY CHIAKA, LÍDER DO GRUPO PARLAMENTA­R DA UNITA
LIBERTY CHIAKA, LÍDER DO GRUPO PARLAMENTA­R DA UNITA

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola