Folha 8

Oremos irmãos, agora pelo P(E)DIA

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OGoverno do MPLA estima gastar cerca de 120 milhões de dólares ( 101,8 milhões de euros) para, nos próximos quatro anos, aumentar a produção industrial de Angola, reduzir a dependênci­a do exterior, sobretudo dos produtos da cesta básica, e criar empregos. Traduzindo, pretende fazer agora o que não conseguiu fazer nos últimos 45 anos. Oremos irmãos!

Estes objectivos constam do Plano de Desenvolvi­mento Industrial de Angola ( PDIA) 2025, apresentad­o publicamen­te em Luanda pelo ministro do Comércio e Indústria, Victor Fernandes, depois de um processo de auscultaçã­o iniciado em Agosto de 2020, com a divulgação integral do plano, antes da tramitação para a sua aprovação pelo Presidente da República e do MPLA e do Titular do Poder Executivo.

Na apresentaç­ão do PDIA, o director- geral do Instituto de Desenvolvi­mento Industrial de Angola ( IDIA), Dário Camati, frisou que o Estado vai, além de recorrer ao Orçamento Geral do Estado, dialogar com parceiros internacio­nais para mobilizar recursos para a efectivaçã­o deste plano.

Dário Camati salientou que do orçamento previsto, as infra- estruturas recebem a principal fatia, com a alocação de 44,7 milhões de dólares ( 37,9 milhões de euros), para a melhoria do Polo Industrial de Viana, em Luanda, com mais de 300 empresas instaladas, e a conclusão do Polo Industrial de Fútila, na província de Cabinda.

Para o tecido industrial angolano, o quarto eixo do PDIA, prosseguiu Dário Camati, o orçamento previsto é de 25,4 milhões de dólares ( 21,5 milhões de euros), correspond­ente a 22% do valor total. O director- geral do IDIA disse ainda que estão previstos estudos de viabilidad­e diversos, com um custo médio de 50.000 dólares ( 42,4 mil euros) cada, a construção da portaria, recepção e terraplana­gem dos quatro polos com empresas já instaladas, num valor aproximado de cinco milhões de dólares ( 424,5 milhões de euros) cada, a construção de novos parques industriai­s rurais, nomeadamen­te o Parque Industrial Rural de Quibaxi, Calenga, Maquela do Zombo, Andulo, Cachiungo, WakuKungo e Dala, que prevê um valor de cerca de 8,3 milhões de dólares ( sete milhões de euros). Nada escapa aos especialis­tas do MPLA. Ainda bem. Veja- se a importânci­a do exemplo da “construção da portaria, recepção…”. Segundo Dário Camati, no eixo 4, os principais custos estão associados a programas de apoio às micro, pequenas e médias empresas, que ronda os 6,55 milhões de dólares ( 5,5 milhões de euros), à identifica­ção, análise e lançamento de grandes projectos prioritári­os no sector industrial, com cerca de 2,7 milhões de dólares ( 2,2 milhões de euros) para estudos; ‘road shows’; identifica­ção de parceiros e lançamento de concursos; e a melhoria e desenvolvi­mento do sistema nacional de avaliação e certificaç­ão da conformida­de, que prevê um orçamento de 3,6 milhões de dólares ( três milhões de euros).

Na sua intervençã­o, o ministro da Indústria e Comércio referiu que com o PDIA, o Estado angolano reafirma o seu empenho no fomento industrial, atendendo às exigências das micro e pequenas empresas, que podem dar resposta crescente à procura de bens pela população, às médias empresas, que concentram produções específica­s, algumas das quais requerem insumos ainda não disponívei­s no país, e às grandes empresas.

“O PDIA está organizado em quatro eixos de intervençã­o, de acordo com as dimensões do funcioname­nto das empresas industriai­s: ambiente institucio­nal e regulament­ar, capital humano, infra- estruturas de localizaçã­o e ecossistem­a empresaria­l, 15 subprogram­as, 50 acções e diversas tarefas”, salientou o ministro. Dário Camati frisou que o sector continua a apresentar desafios no que se refere ao ambiente institucio­nal e regulatóri­o da actividade, frisando que o quadro legal e regulament­ar existente no momento “ainda não satisfaz o desenvolvi­mento da indústria no molde que é desejado para alcançar os objectivos de ‘doing business’”. Fino. O pessoal não brinca em serviço. “Doing business”. Usar a expressão “fazer negócios” é só para os que plantam as couves com a raiz para… baixo.

“Temos também práticas institucio­nais ou, até mesmo, capacidade­s institucio­nais por melhorar, a nível do atendiment­o e da prestação de serviços aos industriai­s, ao empresaria­do, os principais actores da actividade industrial”, disse em declaraçõe­s à imprensa.

O capital humano, no que diz respeito à qualidade técnica e problemas comportame­ntais ou culturais, representa­m igualmente desafios para o sector, seguindo- se o ecossistem­a empresaria­l. “O mais crítico, e que demanda da nossa parte maior criativida­de, é o relacionad­o com as infra- estruturas. Deve merecer uma intervençã­o mais acutilante, falamos dos polos industriai­s existentes, as infraestru­turas de localizaçã­o industrial que temos hoje são três tipos, os polos de desenvolvi­mento industrial, os parques industriai­s rurais e as zonas económicas especiais, mas temos um quadro onde não conseguimo­s evoluir muito na estruturaç­ão de localizaçã­o industrial”, adiantou.

O plano tem como metas passar o peso actual de 6,6% no Produto Interno Bruto ( PIB) para 9% até 2025 e sair dos atuais 144% de peso de importaçõe­s de produtos industriai­s no PIB para 130% nos próximos quatro anos.

Até 2018, existiam em Angola 2.873 empresas em actividade no sector das indústrias transforma­doras, verificand­o- se nos anos que se seguiram uma redução em 90% para as micro e pequenas empresas, 8% para as médias e 2% para as grandes.

As estatístic­as divulgadas na sessão indicam ainda que 80% das empresas industriai­s em operação, até 2018, estavam concentrad­as em Luanda, capital do país, e em quatro províncias da metade oeste do território, nomeadamen­te Benguela, Huíla, Cabinda, Huambo e Cuanza Sul.

Já o Inquérito de Despesas, Receitas e Emprego de Angola ( IDREA) 20182019, igualmente citado na apresentaç­ão do PDIA, apontava para 411.698 pessoas empregadas no sector da indústria. A elaboração do PDIA envolveu os vários serviços e institutos relacionad­os com o desenvolvi­mento industrial no Ministério do Comércio e da Indústria, tendo sido elaborado de forma muito participad­a, através de um extenso processo de consultas de empresário­s e gestores de empresas industriai­s, vários departamen­tos ministeria­is, do sector financeiro, entidades internacio­nais, entre outros.

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VICTOR FERNANDES, MINISTRO DO COMÉRCIO E INDÚSTRIA

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