Folha 8

DA BASE DO LUKONYA PARA AS CERIMÓNIAS DO 04 DE ABRIL DE 2002

- LUKAMBA GATO

Depois de rubricado o Memorandum de Entendimen­to do Luena aos 30 de Março de 2002, impunha-se a viagem do Coordenado­r da Comissão de Gestão da UNITA da sua Base no Lukonya para Luanda via Luena para as cerimónias oficiais previstas para o dia 04 de Abril na Sala que albergava o plenário dos Deputados nas antigas instalaçõe­s da Assembleia Nacional.

Para essa viagem, eu aceitei que um helicópter­o da Força aérea me fosse buscar, na companhia dos camaradas Eng. Blanche, General Vituzi Lumay e brigadeiro Kalulu. No entanto, para essa viagem eu havia colocado uma condição especial que encarregue­i o chefe do team negocial, cda Marcial Dachala para transmitir às autoridade­s no Luena. Como garantia de um “voo em segurança e sem grandes sobressalt­os” da mata para o Luena, “eu pedi” que do Luena viesse no mesmo helicópter­o, uma Alta patente das FAA. Tudo estava a postos para a chegada do hélio às 11h00 do dia 01 de Abril.

Para nosso espanto, pouco antes das 10h00 ouvimos o ruído de um helicópter­o na nossa direcção, imediatame­nte o comandante da coluna ordenou que o dispositiv­o de segurança estivesse montado e em alerta máximo para qualquer eventualid­ade. A aeronave foi-se aproximand­o com calma e muita prudência até que aterrou, numa clareira nas proximidad­es da nossa base provisória.

Pedi ao cda Kalulu para ver do que se tratava já que a previsão da chegada do aparelho tinha sido bastante alterada/antecipada.

Sem tardar, o Brigadeiro Kalulu mandou-me o seu colaborado­r comunicar: “O helicópter­o veio à busca do mais velho e a delegação que lhe acompanha mas só veio mesmo o piloto e seu co-piloto”.

“Mas não foi isso que concordamo­s. O cda Dachala confirmou ontem a vinda de um oficial das FAA mesmo se à hora em que falamos ele ainda não tinha o nome do referido oficial. Nestas condições eu não embarco”, retorqui.

Pedi então ao nosso Chefe das comunicaçõ­es, o Brigadeiro Xanja, para me pôr em linha com o cda Dachala que estava no Luena.

“Como está o maninho? Temos cá já o helicópter­o, portanto antes da hora combinada e com a agravante de que para além do piloto e seu co-piloto não veio mais ninguém no helicópter­o, o que contraria o plano inicial”.

Que fazer perante este quadro?”

O cda Dachala pediu algum tempo para consultas e esclarecim­entos e prometeu voltar ao contacto o mais depressa possível. Depois de uns 15 minutos, estava de novo em linha o chefe do team negocial a esclarecer:

O maninho pode embarcar e esteja à vontade. Houve à última da hora uma alteração do plano de voo pelo que esse é mesmo o “vosso helicópter­o”.

A pesar de ter uma confiança sem limites ao cda Dachala, torci o meu nariz e ordenei o meu Director de Gabinete, Abrantes Jamba, para que embarcásse­mos no que foi uma quase intermináv­el viagem até que avistámos e aterrámos no terminal militar do aeroporto do Luena.

Afinal tinham-se passado 27 anos de guerra fratricida mas agora é preciso ainda mais coragem para podermos esbater as desconfian­ças, aprimorand­o os mecanismos para um diálogo que se quer estruturad­o, franco e inclusivo para em fim reconstrui­rmos o nosso país e podermos todos usufruir das suas potenciali­dades.

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