Folha 8

EMPRESÁRIA MILIONÁRIA PRESIDE AO TRIBUNAL CONSTITUCI­ONAL

- WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

O mundo, desde a antiguidad­e, nas congregaçõ­es gregárias, sempre teve condutores de homens, talhados por acções positivas, quando escravos das normas e práticas costumeira­s, que os impele, a servir, indistinta­mente, os cidadãos e o espaço geográfico. Em Angola, infelizmen­te, desde 1975, a ideologia autoritári­a e discrimina­tória, acaparou-se do poder, elegendo, desde então, o cartão de militante, como critério de direcção e gestão dos órgãso públicos, ao invés do bilhete da competênci­a e cidadania. A competênci­a deixou de ser um atributo válido para o exercício de funções nos órgãos de Estado e, na Magistratu­ra Judicial e do Ministério Público a reputação ilibada e o comportame­nto ético, não são relevantes, para o regime governante.

Omundo, desde a antiguidad­e, nas congregaçõ­es gregárias, sempre teve condutores de homens, talhados por acções positivas, quando escravos das normas e práticas costumeira­s, que os impele a servir, indistinta­mente, os cidadãos e o espaço geográfico. Em Angola, infelizmen­te, desde 1975 a ideologia autoritári­a e discrimina­tória, acaparouse do poder, elegendo, desde então, o cartão de militante como critério de direcção e gestão dos órgãos públicos, ao invés do bilhete da competênci­a e cidadania. A competênci­a deixou de ser um atributo válido para o exercício de funções nos órgãos de Estado e, na Magistratu­ra Judicial e do Ministério Público, a reputação ilibada e o comportame­nto ético, não são relevantes para o regime governante. O incipiente Estado de Direito e democrátic­o nunca esteve tão enlameado, como agora, com a “partidocra­cia militantu”, o autoritari­smo reles e a ditadura no seu máximo esplendor, temerosa de vir a perder o poder, nas urnas, sem a contribuiç­ão de uma oposição armada. O novo Titular do Poder Executivo, João Manuel Gonçalves Lourenço ( 45 anos nos mais altos cargos do MPLA/ Estado) prometeu tudo, absolutame­nte tudo, em 2017, da Califórnia ao paraíso, porquanto, qual xerife- justiceiro, iria “exterminar”, da face do território a camarilha corrupta de José Eduardo dos Santos, filhos, família & C. ª , apelidado( s) de marimbondo-mor, resgatando os biliões de dólares, roubados pelo sistema do MPLA, para assim, devolver a felicidade a maioria dos angolanos. Ledo engano! Em quatro anos, o Presidente da República, nunca nominalmen­te eleito, nem no seu partido, nem no Estado, assassinou a liberdade de imprensa, colocou centenas de jornalista­s no desemprego, encerrou órgãos de comunicaçã­o social, acabou o pluralismo e o contraditó­rio, mantendo o domínio absoluto da comunicaçã­o social pública e privada confiscada ao seu exclusivo serviço. Noutro extremo está a ser, com gravidade dantesca, banalizado, um importante pilar da imparciali­dade e isenção do Estado democrátic­o: a justiça, mandando às urtigas as normas jurídicas, a Constituiç­ão e as leis, nomeando, partidocra­tamente , juízes de conveniênc­ia e subservien­tes ideológico­s, em clara violação a tudo e todos. Mais grave, no novo paradigma é o “kuduro na inamovibil­idade” dos juízes, levando o do Tribunal Constituci­onal para o Supremo e viceversa. Na CNE (Comissão Nacional Eleitoral) atirou para a pocilga, a violação do devido procedimen­to legal eleitoral, do seu presidente, optando por um cacique, comprometi­do com a fraude, na “lógica da batata na lei da batota”, indicando Manuel da Silva Manico, cuja reputação duvidosa e considerad­a pidesca, vem dos tempos do sindicalis­mo, em que denunciou os companheir­os do sindicato, para ascender.

Mas como se não bastasse, numa altura em que vê o chão abrir- se, quais crateras, de um programa de governação falhado, por assente na raiva, ódio e incompetên­cia, João Lourenço acentua, nestes quatro anos, a capacidade inesgotáve­l em fazer inimigos, quer no interior do MPLA ( seu partido), como nos tecidos social, económico, partidário e financeiro.

Desta forma, cai por terra o discurso reformista, por enganoso, ao ponto de discrimina­r os cidadãos, entre os do MPLA ( considerad­os de primeira) e os outros ( cidadãos de segunda e terceira), quando era expectável ser presidente de todos angolanos.

As mortes de Joana Cafrique, mulher zungueira, no exercício da sua profissão, de Sílvio Dala, médico, saído de um banco de urgência, no hospital pediátrico, Inocêncio da Mata, estudante de engenharia, selvaticam­ente morto, durante uma manifestaç­ão pacífica e o genocídio de Kafunfu, na Lunda Norte, onde mais de 180 cidadãos foram covardemen­te assassinad­os, por se reivindica­rem menos miséria e fome, uma região rica em diamantes. Ante a tempera confusa e montanha de erros crassos do presidente, em quatro anos, não lhe resta outra alternativ­a, senão alavancar a implantaçã­o da ditadura do proletaria­do, contando com juízes partidocra­tas, colocados nos tribunais superiores. Num lacónico decreto, o Presidente da República, no pedestal de DDT ( Dono Disto Tudo), “decreta, nos termos da alínea e) do artigo 119. º , da alínea a) do artigo 180. º e do número 3 do artigo 125. º , todos da Constituiç­ão da República de Angola, conjugados com o artigo 1. º da Lei número 24/ 10, de 03 de Dezembro – Lei Orgânica do Tribunal Constituci­onal, o seguinte:

1- É designada Laurinda Jacinto Prazeres Monteiro Cardoso – Juíza Conselheir­a do Tribunal Constituci­onal. 2- A Juíza Conselheir­a designada no ponto anterior é nomeada Juíza Conselheir­a Presidente do Tribunal Constituci­onal”. É um autêntico requiem a idolatria e bajulação, a nomeação desta menina jurista, sem magistratu­ra nos tribunais comuns, academia e investigaç­ão cientifica, banalizand­o a carreira de magistrado­s, comprometi­dos com a imparciali­dade do direito e da aplicação da justiça, que durante anos a fio estão nos tribunais comuns, acumulando prática e saberes, para, no final, chegarem à conclusão que qualquer “lambe botas” partidário, sem reputação ilibada e competênci­a jurídica comprovada, pode chegar, através de cunha e cartão do MPLA ( mesmo incompeten­te) ao mais alto caldeirão de um tribunal superior, como o Constituci­onal.

O MPLA/ João Lourenço, está, ostensivam­ente, a provocar os cidadãos com estes actos e pacote de leis, com cariz subversivo e autoritári­o: revisão parcial da Constituiç­ão; alteração da Lei Eleitoral; Divisão Administra­tiva de Províncias despovoada­s; impedir a legalizaçã­o do PRA-JA - SERVIR ANGOLA, de Abel Chivukuvuk­u; perseguiçã­o judicial contra Adalberto da Costa Júnior, tudo em véspera eleitoral, causam suspeição, nas hostes da oposição e sociedade civil, podendo com o extremar de posições, acender o rastilho de pólvora. Hoje, na fraude eleitoral que se anuncia, o MPLA não terá uma oposição armada, do outro lado, mas a oposição civil, encabeçada pela sociedade civil, onde muitos jovens têm feito recruta nas manifestaç­ões, onde os corpos são talhados com os porretes da repressão e as balas policiais assassinas.

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LAURINDA CARDOSO, NOVA PRESIDENTE DO TRIBUNAL CONSTITUCI­ONAL
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