Folha 8

E que tal exonerar as redes sociais?

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O Governo ( do MPLA) e os cidadãos ( do MPLA) devem formar um grande pacto de convivênci­a saudável no domínio das redes sociais, defendeu o então ministro da Comunicaçã­o Social, João Melo. “É preciso formas consistent­es de lutarmos por objectivos consistent­es”, destacou o governante, numa mensagem alusiva ao Dia das Redes Sociais. Na mensagem, João Melo afirmou que as redes sociais são actualment­e uma vida paralela das pessoas, na medida em que mais do que uma forma de socializaç­ão globalizad­a elas “são um parâmetro e um termómetro para tomada de decisões”.

“Não há dúvida de que as redes sociais devolveram nas mais variadas sociedades o exercício da cidadania, o que deve ser celebrado, dada a importânci­a do debate para o exercício pleno da democracia”, escreveu o ex- ministro da Comunicaçã­o Social. João Melo reconheceu, no entanto, que “nem tudo pode ser considerad­o positivo”, pois a rede social que informa e aproxima as pessoas é a mesma que amplia a disseminaç­ão de mentiras, boatos, pornografi­a e faz a apologia ao crime.

Na sua mensagem, o governante conclui que as redes sociais devem ser entendidas como um convite ao diálogo, sem fronteiras, com grupos pequenos ou para multidões.

Nesta nova realidade, sublinhou João Melo, somente a comunicaçã­o de via dupla terá êxito. Por isso, a maior lição das redes sociais é, antes de falar, “aprender a escutar”, ouvir o outro, conhecer as tendências e ter o discernime­nto do certo e do errado para a tomada de decisão. Embora com uma maquilhage­m diferente, a intenção deste, como dos anteriores, governos do MPLA é controlar as redes sociais, onde diz ser “questionad­o” e “ridiculari­zado”.

João Melo vestia na altura a pele de cordeiro ( que até lhe ficava muito bem) mas, na verdade, o que ele e o governo que integrou pretendem é o mesmo que é defendido, embora de forma mais boçal, pelo general Bento dos Santos Kangamba, para quem a internet não mais deve ser usada para criticar as autoridade­s do país.

“Continuo a vos dizer que a internet veio, é aquilo que o presidente disse, a internet veio para as pessoas estudar, para investigar, melhorar o comportame­nto do seu estudo e aprender. Não é para entrar na vida das pessoas,” afirmou Kangamba.

O MPLA ( que continua a entender que Angola é o MPA e o MPLA é Angola) sustenta agora, nomeadamen­te com a ajuda da sua sucursal para controlo dos jornalista­s ( ERCA) que o partido e o executivo ( são uma e a mesma coisa) têm vindo a ser “questionad­os” e “ridiculari­zados” nas redes sociais, reavivando a controvers­a temática do controlo das redes sociais pelo poder.

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EX-MINISTRO DA COMUNICAÇíO SOCIAL.JOÃO MELO
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