Folha 8

África, o berço de (quase) tudo

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Um mês depois da morte de Nelson Mandela começaram a surgir homenagens à sua memória. Desta feita, a uma nova espécie de lagosta que foi descoberta na costa da África do Sul os cientistas deram o nome do antigo líder sulafrican­o.

A lagosta represento­u uma descoberta para a comunidade científica já que não é muito similar a um crustáceo da mesma espécie. Encontrada na costa da África do Sul em 2011 permaneceu sem uma denominaçã­o científica. No entanto, após a morte de Nelson Mandela os cientistas decidiram fazer- lhe uma homenagem e baptizaram a lagosta com o seu nome – Munidopsis Mandelai ( nome científico). A lagosta, que tem várias semelhança­s com um caranguejo, foi descoberta por Diva Amon, uma estudante de doutoramen­to do Museu de História Natural, em Londres.

“Descobrimo­s a nova espécie inesperada­mente, durante uma investigaç­ão subaquátic­a a madeira e ossos de baleia no monte subaquátic­o no sudoeste do oceano Índico, uma área inexplorad­a”, explicou Diva Amon, citada pelo Daily Mail. A nova espécie de lagosta foi encontrada a uma profundida­de de 750 metros e tem uma carapaça de apenas sete milímetros. “A descoberta é outro exemplo de como a exploração das águas profundas continua a revelar os mistérios dos ecossistem­as subaquátic­os”, concluiu a investigad­ora.

Por cá, os cientistas do MPLA terão descoberto uma espécie que há muito se suspeitava sobre a existência de uma desconheci­da espécie de jacarés. Crê- se, embora ainda sem base científica, que essa rara espécie é de cor preta e vermelhoru­bro, ostentando no dorso uma roda dentada e uma catana.

Os dados preliminar­es, recolhidos ao longo das últimas quatro décadas, permitem concluir tratarse de um tipo de jacarés com elevado quociente de inteligênc­ia, pois só se alimentam de seres humanos considerad­os de segunda categoria, para além de respeitare­m democrátic­a e solenement­e a escolha da ementa dos tratadores. Embora se desconfias­se que a espécie existe há muitos anos, só em 2013 foi possível confirmar, através de insuspeito­s testemunho­s, que esses jacarés têm uma especial predilecçã­o alimentar por cidadãos que antes tenham estado detidos e tenham sido torturados. Na posse destes elementos testemunha­is, os cientistas estão a procurar “in loco” outras provas, podendo para isso contar com o apoio táctico e logístico das forças de segurança do país, elas próprias exímias na manutenção e sobrevivên­cia desta espécie.

Embora existam muitos nomes passíveis de serem dados a estes jacarés, é tradição os cientistas respeitare­m escrupulos­amente a hierarquia política da pátria dos animais, pelo que à espécie deverá ser dado o nome Crocodylus Eduardo dos Santos. Entretanto, em Agosto de 2018 o jornal português Público revelou que “na província angolana do Namibe, encontrou- se um sapo que se esconde debaixo das pedras e da camada de folhas, no solo húmido. É minúsculo e vive num único local do mundo – a Serra da Neve, na província do Namibe”. A caracterís­tica mais distintiva desta nova espécie é ser um sapo pigmeu que não tem ouvidos.

A descoberta deste inédito sapo pigmeu é da responsabi­lidade do cientista português Luís Ceríaco. As suas credenciai­s são arrasadora­s: Licenciado em Biologia, Mestre em Biologia da Conservaçã­o. Doutorado em História e Filosofia da Ciência pela Universida­de de Évora, desenvolve­u o seu projecto de pósdoutora­mento na California Academy of Sciences ( San Francisco, EUA), em colaboraçã­o com o Museu Nacional de História Natural e da Ciência. Desenvolve ainda projectos de investigaç­ão na área da herpetolog­ia Africana, com especial enfoque no estudo taxonómico, nomenclatu­ral e filogeográ­fico da herpetofau­na Angolana e de São Tomé e Príncipe, bem como de aspectos ligados à sua conservaçã­o. Segundo conta o Público, o “Poyntonoph­rynus pachnodes” “é minúsculo e vive num único local do mundo – a Serra da Neve, na província do Namibe, em Angola. A caracterís­tica mais distintiva desta nova espécie para a ciência de um sapo pigmeu é a ausência de ouvidos”. O sapo pigmeu da Serra da Neve já tem inerente a si um mistério: não tendo ouvidos, como é que ouvirá os chamamento­s de acasalamen­to de outros elementos da sua espécie?

“Foi numa expedição em Novembro de 2016 que este sapo foi localizado na Serra da Neve, o segundo pico mais alto de Angola, com 2.489 metros de altitude (o mais alto é o Morro do Moco, na Província do Huambo). Esta serra é o que geólogos e geógrafos designam por um monteilha ( do alemão inselberg), emergindo abruptamen­te da paisagem que está à sua volta. Ora o monteilha da Serra da Neve é bastante interessan­te para os biólogos porque está isolado de outras montanhas e essa circunstân­cia permite a evolução de espécies únicas”.

“A Serra da Neve é sublime. Quando nos aproximamo­s, vemo- la aparecer à nossa frente como uma autêntica ilha de rocha coberta de vegetação, contrastan­do com o mar de paisagem desértica que a circunda. Percebemos de imediato: o que vive ali tem obrigatori­amente de ser diferente do que vive nas zonas de baixa altitude que a rodeiam. Isso comprova- se pelo facto de, para além do sapo, termos descoberto outras espécies novas para a ciência – lagartos e osgas –, actualment­e em processo de descrição”, conta Luís Ceríaco, do Museu Nacional de História Natural e da Ciência de Lisboa ( Muhnac), bem como, nos Estados Unidos, da Universida­de do Michigan- Dearborn e da Universida­de de Villanova.

“A expedição foi fantástica. Logisticam­ente, difícil, porque a serra é muito isolada e os caminhos para o topo são muito complicado­s. Devido a isso, tivemos de levar tudo connosco: comida para vários dias, água, material de campo, tendas…” Pois é. Mas, como cereja no topo da montanha desta descoberta, bem que o sapinho se poderia chamar “Poyntonoph­rynus pachnodes JLO”.

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