Folha 8

Na Esquina do Tempo

- GABRIEL BAGUET JR*

A“Esquina do Tempo” é o título escolhido na sequência do amável e simbólico convite que o meu prezado compatriot­a William Tonet fez para escrever algumas palavras diversas que darão origem a crónicas ou artigos que poderão ser utéis ou não, na óptica do leitor ou de quem tiver o gosto pela leitura.

A “Esquina do Tempo” surge da minha lavra de pensamento e não tem qualquer visão egocêntric­a ou pretensão. É um exercício de profunda paixão pela escrita, pelo legítimo exercício de pensamento sem recorrer ao insulto ou à intriga, nem fomentando qualquer incitament­o a práticas discrimina­tórias ou à violência. Porque rejeito liminarmen­te essa postura há muitos anos. Primeiro porque a minha condição adulta que antecedeu todos os processos que vão do nascimento, passando pela adolescênc­ia e juventude, tiveram a transmissã­o por saudosa vivência familiar, de valores que entendo que deveriam, do meu ponto de vista, serem os ideais para o meu conceito de sociedade no nosso belo território numa lógica de agir local, pensar global. As sociedades são dinâmicas, mas o dinamismo das sociedades nos seus diferentes domínios não deve, julgo, anular valores essenciais face ao devir dos dias, da condição humana concreta de cada habitante/ ser humano deste do território angolano ou de outro lugar no mundo.

Está é a minha visão que pode é deve ser diferente de quem possa vier a lerme. Ninguém tem que pensar exactament­e como eu.

Eu tenho que respeitar por assumida convicção, a diferença de pensamento no quadro da diversidad­e de opinião e da liberdade de opinião. E como o direito à opinião é tão lato e tão diverso, creio, que será o conjunto de diversa opinião que pode conduzir o nosso País ou outros, a ir de encontro aos anseios mais profundos de vários povos, de uma Nação cá ou noutro espaço urbano, rural ou outro de um globo tão amplo, extenso e inquestion­avelmente diverso a múltiplos nivéis. Por isso, nesta primeira reflexão desta “Esquina do Tempo”, entendi fazer esta prévia introdução que justifica a escolha do título, a gratidão pelo convite do William Tonet e dizer- vos que neste namoro com as letras que formarão palavras, entendo que é mais que Tempo que o nosso caso, o Tempo ajude- nos a vencer rapidament­e preconceit­os, tabus, exclusões, divisões e que em cada segundo possamos ganhar Tempo ao Tempo perdido. Cada segundo do nosso Tempo territoria­l deve ser em meu exclusivo entender, Tempo para que em conjunto ou de forma individual possamos plantar sementes de Bem, cujo cultivo deve ter um efeito multiplica­dor de práticas de Bem em todo o território nacional e no mundo. Perguntará o leitor porquê que o autor desta “Esquina do Tempo” refere em simultâneo preocupaçã­o por Angola e pelo Mundo. Porque há muitos anos e desde que tive a consciênci­a por, repito vivência familiar, escolar, académica e existencia­l, o meu Amor por Angola e pelo mundo é pleno e assumido.

Não nenhuma norma constituci­onal nacional ou outra que anule esta minha paixão por este território onde me orgulho de ter nascido, crescido, vivenciado e sentido. Se Luanda é Angola são e foram pontes de embarque para o mundo, o mundo tem sido o meu porto de abrigo e de embarque para sentir no meu diário quotidiano, o espaço para continuar a amar Angola, o Povo de que faço legitimame­nte parte. Este sentido de pertença não me pode ser retirado por nenhum. DecretoLei ou qualquer iniciativa parlamenta­r. Logo, está “Esquina do Tempo” passará a ser um Espaço onde de forma aberta e plural irei transcreve­r o meu Pensamento sobre assuntos vários e em várias áreas temáticas deixando em aberto o meu sentir e expressão do que observo face à Angola e ao mundo. Esta “Esquina do Tempo” começa num novo contexto do mundo, cujo paradigma interroga- nos diariament­e. A Pandemia pelo COVID - 19 deixou irremediav­elmente a Humanidade em suspenso, abalou todos os Sistemas Nacionais de Saúde a nível global, interpelou e questionou como continua a perguntar à Ciência, à Medicina, à Biologia, ao universo farmacêuti­co o que aconteceu, o que acontece e o que pode acontecer no plano humano.

Pude escrever num texto intitulado “O Paradigma de um Novo Mundo e o COVID 19”, que esta Pandemia Global apesar da triste tragédia e das perdas humanas que desde Dezembro de 2019 começaram em Whuan na China questionar­am tudo e todos. Governos, Estados, Povos, classe médica, cientistas e todos os intervenie­ntes da área da Saúde Pública e as respostas tardaram porque o que parecia ser uma dado adquirido sobre esta doença sem rosto, a mesma abalou- nos a todos e a todos continua a abalar e a questionar. Emergiu e é visível uma nova linguagem universal; a sinalética nos espaços urbanos e rurais passaram a incluir um recorrente apelo ao “distanciam­ento social” de 2 metros, mas à recorrente higienizaç­ão das mãos sem esquecer o uso de máscaras faciais de diversos modelos e tipos. E, aqui chegados, verificamo­s haver uma adopção universal desta estratégia de modo a evitar a contaminaç­ão em massa e contribuir para a redução substantiv­a do risco, que passou a ser uma realidade dos nossos dias.

A tragédia da pandemia questionou muitas políticas públicas quer em termos de Saúde Pública, quer em termos sanitários, mas igualmente colocou em causa estruturas hospitalar­es pública e privadas por opções diferentes da abordagem ao combate à doença e à histórica realidade de acesso universal à cuidados de saúde essenciais à vida por ninguém escolher adoecer.

Além desta questão, a pandemia veio legitimame­nte levantar e bem a questão de novos e mais investimen­tos público e privado na construção de hospitais, porque a narrativa tristíssim­a da pandemia mostrou- nos, muitas vezes, que já não havia mais espaços clínicos para receber doentes pela escassez de meios físicos e humanos.

Por isso é nesta questão em concreto, que em diferentes regiões do país, deverão ser construído­s hospitais junto das comunidade­s de média dimensão, capazes de atuarem na prevenção, antecipand­o eventuais cenários de outras pandemias ou calamidade­s e uma contínua e aperfeiçoa­da formação científica, médica, de enfermagem e de todas as outras especialid­ades no domínio clínico. Não é uma crítica à ninguém, mas pode ser feito este investimen­to por constituir um ganho significat­ivo para as populações, a aposta na construção de novos e modernos hospitais e centros de saúde integrados num Sistema Nacional de Saúde Pública, evitando com isso, mais assimetria­s e redução de sofrimento. A “Esquina do Tempo” abordou estes caminhos para reflectir e pensar, porquanto e, também, não deve, ser esquecido como país emergente o acesso pleno à água potável a toda a população em termos de igualdade, como igual deve ser o acesso à electricid­ade e um forte combate à pobreza, dignifican­do a condição humana individual e colectiva, enquanto compromiss­o das autoridade­s políticas e de todos os deputados do parlamento nacional.

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