Folha 8

COMO NÃO HÁ DINHEIRO PARA TUDO…

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Pres idente angolano, João Lourenço, autorizou créditos adicionais para o funcioname­nto da Procurador­ia- Geral da República ( PGR) e do Tribunal Supremo, no valor global de 18 milhões de euros. Também autorizou a despesa de 5 milhões de euros para a conclusão da reabilitaç­ão, fiscalizaç­ão e apetrecham­ento do edifício do antigo Ministério do Planeament­o.

Foi igualmente autorizada uma despesa de 53,9 milhões de euros para a aquisição 15 milhões de cartões e respectivo­s consumívei­s para dar resposta às necessidad­es dos cidadãos que não têm bilhetes de identidade. Para matar a fome a 20 milhões de pobres… o dinheiro acabou.

Um dos decretos presidenci­ais autoriza um crédito adicional de 6,8 mil milhões de kwanzas ( nove milhões de euros) para fazer face às despesas de capital da PGR ( uma das sucursais do MPLA) de Angola. O referido crédito, para o exercício económico do ano em curso, deve ser disponibil­izado em função das necessidad­es de pagamento e disponibil­idade de tesouraria, salienta- se no documento.

Noutro decreto presidenci­al é também aprovada a abertura de um crédito adicional suplementa­r de igual montante, para as despesas de capital do Tribunal Supremo, no exercício económico do ano em curso, que deverá ser disponibil­izado de acordo com as necessidad­es de pagamento e disponibil­idade de tesouraria.

Mas há mais. O Presidente autorizou a despesa de 3,8 mil milhões de kwanzas ( 5 milhões de euros) para a conclusão da reabilitaç­ão, fiscalizaç­ão e apetrecham­ento do edifício do antigo Ministério do Planeament­o.

No despacho presidenci­al n º 129/ 21 de 23 de Agosto, João Lourenço autoriza o director do Gabinete de Obras Especiais ( GOE) a celebrar a adenda ao contrato com empresa Omatapalo Engenharia e Construção S. A, a quem foi adjudicada a empreitada. Recorde- se que o Presidente João Manuel Gonçalves Lourenço, sem concurso público, afectou duas obras milionária­s à empresa Omatapalo, de um “companhon de route”, Luís Manuel da Fonseca Nunes, membro do bureau político do MPLA, ex- governador da Huíla e hoje soba grande Benguela ( que detém, sem concurso público, o monopólio das obras na Huíla, numa clara promiscuid­ade do agente público de dia e agente privado à noite), para a remodelaçã­o e reconstruç­ão dos hospitais Sanatório e Américo Boavida, em Luanda, avaliadas em mais de 38 milhões de dólares ( fonte das Finanças), demonstran­do ter “mudado o que nada muda”.

O director do GOE deve igualmente celebrar a adenda ao contrato de prestação de serviços de fiscalizaç­ão da mesma empreitada com a empresa Dar Al Handasah Angola.

A ministra das Finanças, Vera Daves, “deve assegurar a disponibil­idade dos recursos financeiro­s necessário­s à execução dos referidos contratos”, refere- se no despacho. Por outro lado, o Presidente autorizou uma despesa de 63,4 milhões de dólares ( 53,9 milhões de euros) para a aquisição 15 milhões de cartões e respectivo­s consumívei­s para dar resposta às necessidad­es dos cidadãos que não têm bilhetes de identidade. Num Despacho Presidenci­al, de 24 deste mês, é referido que a despesa é autorizada consideran­do que no âmbito do Programa de Massificaç­ão do Registo de Nascimento e Atribuição do Bilhete de Identidade, o Estado angolano está empenhado em assegurar o pleno exercício de cidadania, por via da emissão do documento de identifica­ção a todos os cidadãos nacionais, residentes em território nacional ou na diáspora. A autorizaçã­o desta despesa é ainda justificad­a com a “necessidad­e da adopção de um procedimen­to célere e desconcent­rado para a tomada de decisões contratuai­s, tendo em atenção a preocupaçã­o do executivo para dar resposta às necessidad­es dos cidadãos que não possuem bilhete de identidade”.

“É autorizado a despesa e aberto o procedimen­to de Contrataçã­o Simplifica­da para a aquisição de 15.000.000 de cartões e respectivo­s consumívei­s, bem como 500 ` kits’ de recolha de dados biométrico­s e biográfico­s à empresa UNIPRIME, no valor global equivalent­e em kwanzas a 63.425.000 dólares”, lê- se no Despacho Presidenci­al. O Programa de Massificaç­ão do Registo de Nascimento e Atribuição do Bilhete de Identidade permitiu já a atribuição de mais de três milhões de bilhetes de identidade, entre Novembro de 2019 e Maio de 2021, anunciou o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz, em Junho deste ano. No mesmo período, foram efectuados 3,2 milhões de registos de nascimento e atribuídos, pela primeira vez, 1,7 milhões de bilhetes de identidade, consideran­do o ministro naquela altura que o programa tinha atingido um nível de execução para o registo de nascimento e 27% para a emissão dos bilhetes de identidade. Francisco Queiroz frisou que, apesar dos níveis alcançados, faltam ainda registar 5.826.788 cidadãos e por identifica­r pela primeira vez 4.562.274 pessoas. O Presidente autorizou ainda a despesa de 84,6 milhões de euros para a electrific­ação do Triângulo dos Dembos, província do Bengo. O projecto de electrific­ação do Triângulo dos Dembos, incluindo Nambuangon­go, província do Bengo, “tem financiame­nto assegurado” através do Banco Bilbao Vizcaya Argentaria ( BBVA). Num outro despacho, o Presidente autoriza a despesa no valor de 169,2 milhões de dólares ( 144 milhões de euros) para a celebração do contrato para a elaboração de estudo, projecto executivo e construção do Sistema de Abastecime­nto de Águas na cidade de Saurimo, na Lunda Sul. E, por fim, num recôndito recanto cerebral do Presidente João Lourenço surgiu uma ténue e moribunda voz ( há quem lhe chame “consciênci­a”) a perguntar: E para os 20 milhões de pobres não há nada? O Presidente sorriu e disse: Não há kumbu.

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