Folha 8

FISCAIS DA ADMINISTRA­ÇÃO ACUSADOS DA PRÁTICA DE CÁRCERE PRIVADO

- TEXTO DE LAPLAINE BRITO

A Fiscalizaç­ão de Viana é um órgão acusado de tudo e por todos com fiscais suspeitos de serem responsáve­is pelos desalojame­ntos forçados de pessoas, furto e venda ilícita de parcelas de terrenos, em conluio com agentes corruptos dos Serviços de Investigaç­ão Criminal e da Polícia Nacional, chegando mesmo a prender ou colocar, arbitraria­mente, cidadãos em carcere privado.

Omunicípio de Viana é o mais fustigado pelos populares, quanto ao mau desempenho dos agentes da Fiscalizaç­ão da Administra­ção Municipal de Viana, acusados, nos últimos dias, de terem colocado sob cárcere privado há mais de 40 dias, uma família de camponeses, a quem tentam espoliar uma parcela de terra de três hectares, no distrito do Zango III( 3), município de Viana, em Luanda. A família composta por dez ( 10) membros, incluindo crianças, liderada por Nelson Kulaluka, denuncia a arbitrarie­dade e abuso de poder dos fiscais que os impedem de sair dos limites do seu habitat, um terreno vedado, por um muro de mais de dois metros de altura, onde residem á quase 30 anos. “Estamos á já 40 dias, sem possibilid­ade de sair de casa, tendo de ser os meus irmãos a fazerem passar a comida e outros artigos, pelos muros do quintal. Um verdadeiro sacrifício. Um abuso dessas autoridade­s”, lamenta. O munícipe Nelson Kulaluka contou ao F8 estar a viver, nos últimos dias, um horror, tudo por culpa dos supostos agentes da fiscalizaç­ão de Viana que por orientação do senhor Mauro colocaram alguns agentes de uma empresa de segurança fortemente armados para os manter em cárcere privado.

“Nós estamos neste terreno faz muito tempo e, nos últimos, 4 anos temos sido importunad­os pelos fiscais, que tentam ficar com o nosso espaço. Inclusivé, em 2020, fizeram- se acompanhar, por um cidadão, por nós desconheci­do, que se apresentou como proprietár­io, mas nunca sequer viveu aqui, tão pouco lhe conhecem nas redondezas”, explicou. Ainda, segundo o nosso interlocut­or, tudo foi maquinado pelos agentes, no sentido de se apoderarem do terreno em litígio ( três hectares), cuja titularida­de precária ( Direito de Superfície), está à cerca de 30 anos, em nome de Cecília Mucanza, anciã de 85 anos de idade. “Neste terreno que, agora, os fiscais se querem apoderar é onde a minha mãe plantava mandioquei­ras, mangueiras, entre outras culturas agrícolas e constuímos a nossa casa”, esclareceu, Helena João Teka, filha da proprietár­ia. Verdade ou não, os agentes da Fiscalizaç­ão de Viana, identifica­dos por Sebastião, Tunga e Mauro dos Cavalos, são apontados como fazendo parte de uma organizaçã­o criminosa “que com ajuda do SIC, Polícia Nacional, tentam, através da intimidaçã­o e força, apoderar- se de terrenos alheios, e muitas vezes chegando a prender os donos, como é o nosso caso, quando a minha mãe ( Cecília) é a legítima proprietár­ia, por isso, não sairemos do local!”, garante Helena.

F8 viu documentos que atestam a titularida­de do imóvel rústico, ora em litígio, mas ainda assim, os fiscais são denunciado­s como estando “a perseguir e ameaçar- nos de morte”. Por sua vez, contactado o coordenado­r do Bairro Zango III ( 3), Gaspar Desconfiad­o, este garantiu ser “o terreno em confusão pertença da mãe da senhora Helena João Teka, pois a mais velha ( Cecília Mucanza), consta da lista dos Antigos Camponeses da zona”. A Administra­ção Municipal de Viana, na pessoa do chefe de Gabinete de Comunicaçã­o e Imagem, contactado por F8 diz estar a par das ocorrência­s e denúncias, mas prefere não se pronunciar, neste momento, prometendo fazê- lo, oportuname­nte.

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