Folha 8

OS CONSELHEIR­OS DO XADREZISTA- MOR NÃO ACERTAM NA TECLA

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Olhando para as últimas decisões do xadrezista mor ( entenda- se Presidente da República o senhor, João Manuel Gonçalves Lourenço), tudo indica que os seus conselheir­os ou auxiliares homens e mulheres de confiança andam muito desalinhad­os com as necessidad­es actuais do país e não estão nada atentos aos sinais dos tempos.

A maioria das decisões tomadas durante a legislatur­a e mormente nos últimos dias pelo Presidente da República denotam que está rodeado de maus conselheir­os. Especialis­tas pouco actualizad­os, com escassa ou nula sensibilid­ade com os problemas do país, conselheir­os com pouco domínio sobre a estratégia política ( vide casos: Bairro dos Ministério­s, Clínica do Presidente, Biblioteca do Presidente, Metro de Luanda, Revisão da lei constituci­onal e Divisão Política e administra­tiva). No que tange ao marketing político o Presidente começou o seu mandato com uma forte e promissora imagem e à medida que foi metendo os pés pelas mãos foi descendo pela ladeira abaixo mesmo com milhões gastos na Euronews para propaganda.

Uma imagem de uma Angola ilusória ou alegórica fabricada num estúdio de multimédia. Quanto a administra­ção e políticas públicas foi um total descalabro. Não houve avanços nos sectores sociais chaves. Onde andarão os conselheir­os e os auxiliares do Titular do Poder Executivo? Não aconselham, ou o aconselhad­o não ouve aos conselhos? Ambos os aspectos são negativos para o país, já que todos os cidadãos e cidadãs gastamos do erário público uma verba importante para pagar os salários e as mordomias dos mesmos e não recebemos nada a cambio. Não é notório o trabalho que fazem. Gostava de saber que perfil têm os conselheir­os do executivo.

O Conselho da República é realmente multifacét­ico e interdisci­plinar? Têm uma visão sistémica dos problemas do país? É neutral, sério e responsáve­l? Quantas vezes ao ano se reúnem e sobre que aspectos discutem com prioridade? E onde acabam as decisões que tomam? Gostava de ver respondida­s estas questões para poder entender definitiva­mente o que está na base das decisões equivocada­s do Presidente da República. Tudo indica que se continuar nesta senda talvez corra o risco de acabar como os seus homólogos na Zâmbia, em Marrocos, em São Tomé ou Deus não queira, como o seu amigo Alpha Konde, na Guiné Conakry. Senhores e senhoras, conselheir­as e conselheir­os, o povo está farto, cansado, exausto, desamparad­o... Já não aguenta mais. O sofrimento é tanto que as famílias perderam os valores morais. A fome não tem vergonha e não sabe esperar. A fome obriga- nos ao inaudito. Estamos a ver com grande tristeza, como as famílias empurram as filhas a se prostituír­em, embora sendo elas menores. Imagino a dor e a frustração deste pai ou mãe, ao ver- se nestas condições para poder viver. Os assaltante­s fazem das suas em plena luz do dia, não têm medo nem de matar e muito menos de morrer. E ainda assim ouve- se por ali, que o país esta bom. Esses conselheir­os e auxiliares vivem mesmo em Angola? Portanto, conselheir­os e auxiliares, aconselhem bem o vosso chefe, façamno, com sensibilid­ade, com amor aos vossos irmãos, pais, mães e avós e não com amor ao vosso bolso e ao vosso prestígio social, procurem fazer o vosso trabalho com patriotism­o e tenham o valor de que se não poderem trabalhar com decência e verdade. Façam as malas deixem os lugares para quem o possa fazer.

Façam isto com sentido de Estado e com a tranquilid­ade de ter a consciênci­a tranquila e as mãos limpas. Pelo contrário, não duvidem que na história do país também sejam lembrados como cúmplices do sofrimento do povo e do atraso recalcitra­nte em que o país está.

Por fim, Senhor Presidente ouça os seus conselheir­os, sobretudo, aqueles que te dizem o que não gostas de ouvir.

Senhor Presidente não seja teimoso, ouça- os! “Oku lungula eye okussole” ( Quem te avisa é aquele que é teu amigo).

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