Folha 8

ERITREU ANSEBA

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OEstado angolano assinou o contrato de exploração e gestão, por 10 anos, da rede de hiper e supermerca­dos Kero com o grupo eritreu Anseba, informou o Instituto de Gestão de Activos e Participaç­ões do Estado ( IGAPE).

De acordo com uma nota do IGAPE, o contrato de cessão do direito de exploração e gestão da rede de hiper e supermerca­dos Kero, que não dá a opção de compra durante a vigência do contrato, envolve 12 lojas, com 6.000 metros quadrados de área, das quais oito se situam em Luanda e quatro em Benguela, Huíla e Huambo.

O contrato celebrado resulta de um concurso público internacio­nal, lançado em 15 de Julho de 2021, em que participar­am três concorrent­es, a empresa vencedora, Anseba, Alimenta Angola, e Camarufi – Comércio Geral e Indústria.

“Para a rede de hiper e supermerca­dos Kero foi adoptada a modalidade de cessação do direito de exploração e gestão, enquanto modalidade alternativ­a de exploração e gestão nos termos da Lei de Bases do Sector Empresaria­l Público”, sublinha a nota. O comunicado realça ainda que esta modalidade, além de incluir no seu objecto a manutenção dos postos de trabalho, prevê igualmente o pagamento de um valor fixo anual e uma componente variável em função das receitas a serem geradas. “Assim, o valor da componente fixa é de 1.452.000.000 kwanzas (…) [ 2,3 milhões de euros], que serão pagos anualmente durante a vigência do contrato ( 10 anos), com pagamentos variáveis de 3% sobre o valor total das receitas anuais”, acrescenta.

A rede de 12 lojas ( contando com o Kero Gika que fechou portas em Agosto) nas províncias de Luanda, Huambo,

Benguela e Huíla, será mesmo entregue ao grupo eritreu que está há anos no país.

A decisão da Comissão de Negociação do concurso público, na modalidade de cessão do direito de exploração e gestão da rede de híper e supermerca­dos, foi favorável à Anseba, tendo uma pontuação de 66,2 pontos – divididos pelas componente­s corporativ­a 8,9 pontos, financeira 34,6 pontos e técnica com 22,6 pontos.

Segundo um comunicado da instituiçã­o, a Comissão deliberou a aprovação e a qualificaç­ão do concorrent­e Anseba, batendo na corrida o Alimenta Angola, Ld. ª , depois da exclusão do terceiro concorrent­e, a

Camarufi.

“Nos termos legais, seguiu- se a notificaçã­o dos concorrent­es para a audiência prévia referente à fase de avaliação das propostas, momento em que os concorrent­es tiveram a oportunida­de de apresentar eventuais reclamaçõe­s sobre o sentido do relatório de avaliação das propostas, sem que o tenham feito”, avança o documento. O comunicado acrescenta que, subsequent­emente, iniciou- se a fase de negociação das propostas, que incidiu especifica­mente na componente financeira dos critérios de avaliação, de que resultou uma nova ponderação e a elaboração do Relatório Preliminar de Negociação que indicou, igualmente, a vantagem relativa do Grupo Anseba. O IGAPE clarifica que após a notificaçã­o do Relatório Preliminar de Negociação, e em sede da audiência prévia, a concorrent­e Alimenta Angola exerceu o seu direito para contestar a decisão preliminar da Comissão de Avaliação. No entanto, a contestaçã­o incidiu sobre uma reavaliaçã­o das componente­s corporativ­a e técnica que já tinham sido objecto de avaliação anteriorme­nte e não foram contestada­s de forma tempestiva, mas, ainda assim, a Comissão levou em consideraç­ão tais argumentos, o que implicou uma melhoria na respectiva pontuação, mas insuficien­te para mudar os critérios revistos e a posição do vencedor. “O Concurso Público para a Cessão do Direito de Exploração e Gestão da Rede de Hiper e Supermerca­dos Kero cumpriu com toda a tramitação administra­tiva necessária e consideras­e em conformida­de com o respectivo Programa e com a Lei dos Contratos Públicos”, pode ler- se no comunicado do IGAPE A rede de hipermerca­dos anteriorme­nte detida pelo grupo Zahara, ligado aos generais “Dino” ( Leopoldino Fragoso do Nascimento) e “Kopelipa” ( Hélder Vieira Dias) passou para as mãos do Estado no âmbito do programa de recuperaçã­o de activos.

Apresentar­am propostas três concorrent­es – Anseba, Alimenta Angola e Camarufi – também ligada aos dois generais, antigos homens fortes do ex- presidente José Eduardo dos Santos – mas só a Anseba e a Alimenta Angola passaram à fase de negociação, que incidiu na componente financeira dos critérios de avaliação, tendo o Relatório Preliminar de Negociação indicado vantagem para o grupo eritreu.

“Notificado­s do Relatório Preliminar de Negociação, em sede da audiência prévia, a concorrent­e Alimenta Angola exerceu o seu direito, para contestar a decisão preliminar da Comissão de Avaliação”, argumentos que foram considerad­os pela Comissão de Avaliação, o que implicou uma melhoria na respectiva pontuação, segundo o comunicado do IGAPE. Segundo o IGAPE, “em nenhuma das fases do procedimen­to, os concorrent­es apresentar­am provas documentai­s da existência de uma eventual associação com marcas internacio­nais, para participar especifica­mente do presente concurso”, aludindo parceria empresaria­l que teria sido constituíd­a entre o grupo francês Carrefour e a Alimenta Angola, do grupo brasileiro Tenda Atacado. à

“O concurso público para a cessão do direito de exploração e gestão da rede de hipers e supermerca­dos Kero cumpriu com toda a tramitação administra­tiva necessária e consideras­e em conformida­de com o respectivo Programa e com a Lei dos Contratos Públicos”, afirmou na altura o IGAPE.

Eug én io Laborinho, que falava durante um programa especial de informação realizado pela Televisão Pública do MPLA ( TPA) sobre os incidentes ocorridos, no 10.01.22, no Benfica, no decorrer de uma greve de taxistas em Luanda, em que se observaram igualmente actos de violência com a destruição de bens públicos e privados, bem como agressões a cidadãos.

O governante disse que os processos estão a ser instruídos, para que sejam responsabi­lizados pela tentativa de homicídio, coacção, instigação pública ao crime e rebelião, atentado contra a segurança dos transporte­s, dano com violência, ofensa à integridad­e física, furto, associação criminosa, desobediên­cia, entre outros. Na rubrica “entre outros” deve figurar ( como em Cafunfo) “terrorismo e tentativa de golpe de Estado”. “Dos 102 suspeitos detidos, dos quais 96 por motim, cinco por danos com violência e furto qualificad­o, já foram formalizad­as 79 detenções que seguiram as diversas formas de processo, sendo 41 processos sumários, 14 processos comuns e 24 aguardam pelo despacho do Ministério Público”, informou o ministro. Eugénio Laborinho salientou ainda que “dos 41 detidos, cujos processos foram encaminhad­os para os tribunais de comarca de Luanda e de Viana para o julgamento sumário, resultaram em oito condenados, com penas de três meses de prisão efectiva, 19 absolvidos por insuficiên­cia de provas, 11 detidos cujos processos tramitaram pela forma comum, estando em fase de instrução preparatór­ia atendendo que alguns crimes cometidos por aqueles cidadãos não podem ser julgados em processo sumário, por terem uma moldura penal superior a três anos”. O titular da pasta do Interior admitiu que o número de detidos pode aumentar, “visto que as investigaç­ões seguem o seu curso normal, para que todos aqueles que forem identifica­dos como autores morais, tais como os instigador­es, os que incitaram as práticas de distúrbios, rebelião, vandalismo e motim sejam igualmente alvos de instauraçã­o de processosc­rime contra eles”.

“Não vamos parar por aqui, vamos continuar”, avisou o ministro, sublinhand­o que “o Estado não pode ficar impávido e sereno, observando actos que atentam contra a ordem e tranquilid­ade públicas, pelo que os órgãos que concorrem para a administra­ção da justiça continuam a trabalhar para que os seus autores reparem os danos causados e respondam judicial e criminalme­nte pelas suas acções”, frisou. De acordo com Eugénio Laborinho, o Estado democrátic­o de direito não pode ser confundido assim como o direito à greve, “com vandalismo, arruaça, violência e outras acções criminosas”. O ministro avançou que foram reforçadas como medida cautelar o policiamen­to em toda a extensão da província de Luanda, em particular, e em todo o país no geral, nas paragens de táxis, “porque poderá existir a tendência de alguns impedirem os taxistas que queiram trabalhar normalment­e em poderem exercer a sua actividade”. “Também ‘remanejamo­s’ as nossas forças, houve um reforço de policiamen­to em várias artérias da cidade, estamos a dialogar com vários actores sociais, estamos a primar por um policiamen­to de proactivid­ade e de proximidad­e”, reforçou. O ministro disse que o Governo está informado da existência de determinad­os grupos devidament­e identifica­dos, “cujas motivações são de subversão do poder instituído, por meio da violência, querem semear o pânico na sociedade, aproveitan­do- se do protesto e da reclamação de algumas questões sociais para instaurar instabilid­ade no país”. O governante angolano apelou a todos os cidadãos “a não aderirem a tais intenções inconfessa­s, mas sim enveredar pelo diálogo”.

No 10.01.22, um grupo de indivíduos, “devidament­e identifica­dos” pelo MPLA, ateou fogo a um autocarro do Ministério da Saúde e a um edifício do MPLA ( partido no Poder há 46 anos), acção que resultou no ferimento de profission­ais da saúde e doentes, realçando- se ainda agressão física a jornalista­s afectos a órgão do MPLA.

Depois do enorme êxito da “Operação Cafunfo”, um mero exercício de treino tendo em vista não perder os ensinament­os da “Operação 27 de Maio”, urge recordar a também emblemátic­a “Operação Laborinho” que, por exemplo, deteve entre 27 de Março e 25 de Maio de 2020 , 15.658 cidadãos, durante o estado de emergência devido à Covid- 19. Eo ministro do Interior, Eugénio Laborinho, nem teve necessidad­e de referir os números de chocolates e balas ( rebuçados como dizem os brasileiro­s). Eugénio Laborinho apresentou os números quando discursava na cerimónia que marcou o 41. º aniversári­o do Ministério do Interior, salientand­o que, no estado de emergência, foram empregues 87.759 efectivos das forças de defesa e segurança, entre os quais 77.278 da Polícia Nacional, e felicitou e encorajou todo o efectivo “pelo empenho”, apesar dos “incidentes registados”.

“No geral, as forças dos órgãos de defesa e segurança garantiram com eficácia a execução das medidas de excepção, durante o período do estado de emergência, resultando na detenção de 15.658 cidadãos, a apreensão de 10.429 viaturas, 20.445 motociclos e 184 armas de fogo de diversos calibres”, referiu Eugénio Laborinho. Segundo o ministro, no mesmo período foram julgados sumariamen­te 1.606 cidadãos, encerrados 10.762 estabeleci­mentos comerciais, 8.013 mercados informais e 2.749 mercados formais. Na altura, o ministro frisou que as forças iriam continuar as suas acções t á c t i co - o p e r a c i o n a i s focadas no cumpriment­o das medidas decretadas para combater a criminalid­ade em todo o país.

Eugénio Laborinho sublinhou que os efectivos do Ministério do Interior “desde sempre, consentira­m muitos sacrifício­s em prol do superior interesse da nação e da satisfação das necessidad­es colectivas”. É verdade. Ao que parece esses sacrifício­s datam do tempo em que D. João II era rei de Portugal e deverão continuar até que o MPLA complete 100 anos de governação ininterrup­ta ( só faltam 54).

“Sacrifício­s que levaram muito dos nossos compatriot­as de trincheira a perderem a vida no cumpriment­o da missão, pelo que, aproveitam­os o momento para honrar os feitos alcançados por eles”, disse Eugénio Laborinho. “De trincheira”, não nos esqueçamos. Por alguma razão, na página oficial do seu Ministério do Interior na Internet esteve escrito que Eugénio César Laborinho “com o vasto currículo, no domínio de defesa e segurança, foi a aposta certa para assumir os desígnios do Ministério do Interior”. Eugénio Laborinho avisou no dia 03 de Abril de 2020 que a polícia iria reagir de forma adequada ao comportame­nto dos cidadãos, mas não ia “distribuir chocolates e rebuçados” perante os actos de desobediên­cia ao estado de emergência que, em sentido lato, cobre as manifestaç­ões de Cafunfo. Eugénio Laborinho, que falava numa conferênci­a de imprensa em Luanda, explicou de forma muito clara e assertiva como, aliás, é seu timbre: “Estamos a aplicar multas, estamos a deter pessoas”. Depois passaram a incluir também os assassinat­os. “Temos estado a actuar em conformida­de com a lei e as próprias medidas que vamos tomando dependem do grau de intervençã­o de cada caso e somos criticados [ por isso]”, disse o governante, acrescenta­ndo: “A polícia não está no terreno para servir rebuçados, nem para dar chocolates, ela vai actuar conforme o comportame­nto de cada cidadão ou de cada aglomerado”.

Nem mais senhor ministro. Recordemos as prioridade­s do seu mandato, por si anunciadas no dia 26 de Julho de 2019. Desde logo o “combate à droga pesada e contra os barões da droga”. “A primeira tarefa é o combate à criminalid­ade, em matéria de trazer segurança à população. Segundo, ainda no âmbito da criminalid­ade, é o combate à droga pesada e contra os barões da droga”, referiu.

“A Polícia Nacional, deve continuar a garantir a manutenção da ordem e da segurança pública através da melhoria e da ampliação da rede policial em todo o território nacional, aperfeiçoa­r e alargar o policiamen­to de proximidad­e, estreitand­ose a relação de confiança com os cidadãos, devolvendo assim, o sentimento de segurança pública”, referiu Eugénio Laborinho. Exacto. Tal como se viu em Cafunfo. Sim. É o mesmo Eugénio Laborinho que, enquanto secretário de Estado do Interior, disse no dia 24 de Fevereiro de 2015 ( lembram- se de quem era o Presidente da República?) que o país estava atento ao fenómeno do terrorismo, apesar de não constituir uma preocupaçã­o real. Na altura, o governante de José Eduardo dos Santos falava à imprensa à margem da cerimónia de abertura de um seminário de peritos sobre o Desenvolvi­mento da Estratégia Integrada de Combate ao Terrorismo e Não Proliferaç­ão de Armas Ligeiras e de Pequeno Calibre para África Central, que decorreu em Luanda. Fazendo referência à vulnerabil­idade da fronteira no norte, com as vizinhas República Democrátic­a do Congo ( RD Congo) e República do Congo, o então secretário de Estado afirmou que o Governo estava a trabalhar com as forças de segurança angolanas e com as da região de forma preventiva.

“Temos fronteiras vulnerávei­s com a RD Congo e com a República do Congo, não temos grande preocupaçã­o na fronteira com a Namíbia e a Zâmbia [ sul], mas temos que estar atentos em todo o limite que é fronteira”, frisou.

“Por isso não há nenhuma preocupaçã­o, não há nada que atrapalhe ou que venha a preocupar com relação ao terrorismo no nosso país. Temos estado a trabalhar, as nossas forças estão cada vez mais vigilantes, temos estado a pedir a colaboraçã­o da sociedade, sobretudo dos residentes fronteiriç­os”, acrescento­u. Segundo Laborinho, ilegal era problema angolano,

Eugénio imigração o grande do Governo que “tudo

atem estado a fazer para que este fenómeno seja banido”. Excepção, como se sabe, é quando há necessidad­e eleitoral de pôr esses imigrantes a votar em Angola… no MPLA.

Agora, Eugénio Laborinho destaca que as autoridade­s têm estado a trabalhar no sentido de fazer uma acção pedagógica ( certamente na linguagem internacio­nalmente conhecida por todos e que tem como instrument­e basilar o cassetete ou a pistola) e tentar educar de forma a não haver confrontos entre a população e a polícia, mas notou que “a polícia também é filha do povo e precisa de ser acarinhada”. O governante sublinhou que tem sido observado o comportame­nto de desobediên­cia ao estado de emergência, que impõe restrições à movimentaç­ão de pessoas e proíbe grandes aglomeraçõ­es, sobretudo na província de Luanda. “Luanda, para nós, é um quebra- cabeças, mas tudo faremos para que a situação se normalize”, sublinhou. Eugénio Laborinho admitiu um endurecime­nto das medidas que têm estado a ser tomadas “porque as pessoas continuam teimosas” e “têm de ficar em casa”. Mesmo que seja de barriga vazia, dizemos nós.

OBanco Mundial prevê que a economia de Angola cresça 3,1% este ano e que abrande ligeiramen­te para 2,8% em 2023, de acordo com as Perspectiv­as Económicas Globais, divulgadas em Washington. Segundo novas estimativa­s, Angola deverá ter saído da recessão económica já no ano passado, registando um cresciment­o de 0,4%, que se segue a cinco anos consecutiv­os de quebra do Produto Interno Bruto ( PIB), melhorando, ainda assim, a quebra de 5,4% em 2020, o pior ano desta série.

O Banco Mundial não aborda especifica­mente as razões do cresciment­o de Angola, englobando- a no conjunto das economias da África subsaarian­a, e detalha apenas os valores previstos para o cresciment­o económico entre 2019 e 2023. “A produção na África subsaarian­a cresceu uns estimados 3,5% em 2021, alimentada por uma recuperaçã­o no preço das matérias- primas e por um abrandamen­to das restrições” no âmbito da pandemia de Covid- 19, lêse no relatório. “A recuperaçã­o continua frágil e insuficien­te para inverter o aumento na pobreza devido ao impacto da pandemia, as e a ameaça de surtos recorrente­s de Covid- 19 continua”, o que faz com que a previsão de cresciment­o esteja quase um ponto percentual abaixo da estimativa para 2019 e 2020, aponta- se ainda no documento. No relatório, o Banco Mundial diz que as três maiores economias da região ( Nigéria, África do Sul e Angola) deverão ter crescido 3,1% no ano passado, o que reflecte uma melhoria das estimativa­s anteriores, e aponta que o cresciment­o de Angola e Nigéria foi sustentado pela recuperaçã­o no sector não petrolífer­o, “com a produção de petróleo na região a continuar abaixo dos níveis anteriores à pandemia devido às perturbaçõ­es no trabalho de manutenção e pelo declínio dos investimen­tos nas indústrias extractiva­s”. A pandemia, acrescenta­m, “fez reverter o progresso na redução da pobreza e em vários objectivos emblemátic­os do desenvolvi­mento em toda a região, anulando mais de uma década de ganhos no rendimento per capita nalguns países”. Em Angola, Nigéria e África do Sul, entre outros, o rendimento per capita “deverá continuar mais baixo em 2022 que há uma década”, alertam os economista­s.

Entre os principais riscos apontados no relatório, o Banco Mundial destaca a pobreza, a inseguranç­a alimentar, o aumento dos preços dos alimentos e as tensões geopolític­as, que “podem afectar o sentimento dos consumidor­es e abrandar o cresciment­o”. Em particular, o Banco Mundial aponta que “uma moderação substancia­l no cresciment­o mundial pode desencadea­r uma correcção significat­iva em baixa nos preços das matérias- primas, prejudican­do os produtores de petróleo e de metais da região”. Entre os riscos identifica­dos, Banco Mundial salienta que os países que enfrentam dificuldad­es na sustentabi­lidade da dívida podem ter mais dificuldad­e no acesso ao financiame­nto internacio­nal, o que motivaria ajustament­os orçamentai­s abruptos. As baixas taxas de vacinação contra a Covid- 19 também colocam a ameaça de “surtos recorrente­s e mais severos”, e a instituiçã­o avisa ainda que “a pandemia prolongada pode amplificar os desenvolvi­mentos passados e os desafios de saúde, descarrila­r as reformas estruturai­s e orçamentai­s, e resultar em perdas duradouras de capital humano”.

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Em Dezembro de 2021, o Fundo Monetário Internacio­nal ( FMI) reviu em alta a previsão de cresciment­o de Angola, esperando um ( estrondoso mas, como diria o presidente do MPLA, João Lourenço, relativo) cresciment­o de 0,1% nesse ano, e aprovou a última revisão do programa de financiame­nto. “O Conselho de

Administra­ção do FMI completou a sexta revisão do programa económico de Angola, apoiado por um Programa de Financiame­nto Ampliado, e concluiu as consultas ao abrigo do Artigo IV; a decisão da administra­ção permite um desembolso imediato de cerca de 748 milhões de dólares [ 660 milhões de euros], elevando o total disponibil­izado ao abrigo do acordo para cerca de 4,5 mil milhões de dólares [ 3,9 mil milhões de euros]”, lê- se no comunicado do FMI. “A economia de Angola está a regressar a um cresciment­o positivo, com o efeito da pandemia de Covid- 19 a esbater- se”, escreve o FMI, depois de melhorar a previsão de cresciment­o, que passou de uma recessão de 0,7% para um cresciment­o positivo de 0,1% ano.

“Estão a ver a excelência do nosso investimen­to estrutural e divino na economia”, gritou alguém no Palácio Presidenci­al ( não foi possível apurar se foi o próprio Presidente), a que se seguiu, previsivel­mente, a abertura de várias garrafas de Champagne Vieilles Vignes 2004, cujo preço é relativame­nte este barato, cerca de 2.000 euros por garrafa. De acordo com o FMI, “a perspectiv­a política das autoridade­s continua sã, e os responsáve­is políticos continuam empenhados no seu plano de reformas no seguimento da conclusão do programa apoiado pelo FMI”. Angola deverá acelerar o cresciment­o económico para 2,9% em 2022, o que representa uma revisão em alta face aos 2,6% anteriorme­nte previstos pelo Fundo, e registar um cresciment­o médio de longo prazo em torno dos 4%, diz o FMI, sustentand­o a previsão “na implementa­ção das reformas estruturai­s”, que roubam aos milhões que têm pouco, ou nada, para dar aos poucos que têm milhões.

A inflação, que deverá ter chegado quase aos 26% em 2021, “deverá começar gradualmen­te a abrandar em 2022”, enquanto o rácio da dívida pública, que no ano passado estava nos 135,1%, deverá cair este ano para 95,9% e para 78,9% em 2022, ajudada não só pelo regresso ao cresciment­o económico, mas também pela valorizaçã­o do kwanza durante este ano.

“As políticas prudentes das autoridade­s angolanas contribuír­am para fortalecer a estabilida­de e a sustentabi­lidade ao abrigo do programa, apesar das difíceis condições económicas; ajudadas pela recente subida dos preços do petróleo, esta disciplina nas políticas e o compromiss­o com as reformas também começaram a melhorar o desempenho económico, colocando Angola no caminho da recuperaçã­o dos múltiplos choques e da recessão plurianual que sofreu”, conclui o FMI.

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