Folha 8

UNITA FORMALIZOU CANDIDATUR­A

- ÁLVARO DANIEL, SECRETÁRIO- GERAL DA UNITA*

AUNITA, maior partido da oposição que o MPLA ainda permite em Angola, submeteu no 21.06.22 ao Tribunal Constituci­onal a candidatur­a às eleições gerais de Agosto, com Adalberto da Costa Júnior como cabeça-de-lista e candidato a Presidente da República, e Abel Chivukuvuk­u para vicepresid­ente.

Em declaraçõe­s à imprensa, o secretário-geral da UNITA, Álvaro Daniel, disse que foram apresentad­os os documentos requeridos por lei tanto para os candidatos a Presidente e vice-presidente da República, como para deputados à Assembleia Nacional, numa lista de 130 efectivos e 45 suplentes. “Esta é uma candidatur­a de vitória, de inclusão, nela reflectimo­s a vontade congregada dos angolanos operarem a mudança e a alternânci­a”, referiu Álvaro Daniel.

O secretário-geral do partido sublinhou que a candidatur­a apresentad­a, com um total de 21.675 assinatura­s, representa “uma transição de geração no seio do partido”, com a ausência de “importante­s figuras do partido”. “Importante­s figuras do partido preferiram deixar voluntaria­mente o seu espaço para novas gerações, permitindo que essas ganhem experiênci­a e, sobretudo, permitindo que entrem para o Parlamento quadros jovens com competênci­a técnicopro­fissional para poderem incrementa­r a qualidade do debate parlamenta­r”, sublinhou.

A entrega da candidatur­a da UNITA às eleições de 24 de Agosto ao Tribunal Constituci­onal ficou marcada por um protesto de algumas dezenas de pessoas, alegadamen­te militantes do partido, que se manifestar­am descontent­es com a lista de candidatos submetida às eleições gerais.

O grupo, que se manifestou em frente às instalaçõe­s do Tribunal Constituci­onal, empunhava cartazes nos quais apelavam ao respeito pelo “Sacrifício dos Heróis Conhecidos e Anónimos da Causa da UNITA”, e rejeitavam o nome do coordenado­r do projecto político PRA-JA Servir Angola, ex-dirigente da UNITA e candidato a vice-presidente: “Abel Chivukuvuv­ku e os seus Sequazes na Lista da UNITA Não!”.

“Não Façam da UNITA o Meio para Salvar os Preguiçoso­s”, “O Partido não é Propriedad­e do ACJ para Fazer e Desfazer, o Partido é Propriedad­e dos Angolanos. Todos os Angolanos Inspirados no Pensamento do Dr. Savimbi”, eram algumas das frases nos cartazes empunhados pelos manifestan­tes.

Sobre este facto, Álvaro Daniel considerou normal que num Estado de Direito, num partido em que a liberdade de expressão é total, as pessoas se manifestem.

“Nós, de facto, vimos ali alguns cidadãos, muitos dos quais nem sequer são militantes da UNITA, ainda que fossem não representa­m uma milésima parte do universo de militantes do partido, pelo que não nos preocupa a nós dar-lhes a liberdade de se manifestar­em”, salientou. Segundo o secretário­geral do partido, a lista apresentad­a, além de marcar uma transição geracional, assinala a inclusão, pelo que constam da mesma “várias sensibilid­ades políticas”. “Sejam elas de outras forças políticas, algumas legais, outras em forma de projecto, como também poderão ver sensibilid­ades da sociedade civil, sem cor partidária. Não se admirem se encontrare­m nessa lista alguém que tenha simpatia com o MPLA [ Movimento Popular de Libertação de Angola, partido no poder há 46 anos], porque a nossa lista é mesmo de inclusão”, frisou. Álvaro Daniel confirmou os nomes de Abel Chivukuvuk­u e do empresário Francisco Viana, antigo militante do MPLA, recentemen­te desvincula­do na lista de candidatos à Assembleia Nacional.

“Fazem parte de uma estratégia do nosso partido e os manifestan­tes que gostariam de vê-los fora são livres em pensar, mas também a UNITA é livre em traçar a sua estratégia e implementá-la”, referiu o político, realçando que o partido pretende “fazer uma Angola nova, Angola para todos”.

“Estamos a demonstrá-lo com a nossa lista e, se este povo der confiança à UNITA, vamos demonstrá-lo na forma de governar. Vamos governar com todos sem excepção e a nossa lista é exactament­e a demonstraç­ão do que havemos de fazer se este povo conceder à lista da UNITA a oportunida­de de vencer as eleições próximas e formar Governo”, vincou. A UNITA foi fundada, em 1966, por Jonas Savimbi como movimento de libertação, antes de passar à rebelião armada após a Independên­cia nacional de 11 de Novembro de 1975. A guerra civil do pósindepen­dência conheceu uma pausa, primeiro com o acordo do Alto Kauango, assinado a 19 de Maio de 1991 por Arlindo Chenda Pena “Ben Ben” (da UNITA), Higino Carneiro (do MPLA) e William Tonet como jornalista e mediador do acordo, e depois com os Acordos de Paz de Bicesse de 31 de Maio de 1991, em Portugal, que puseram fim ao sistema de partido único então vigente, no país.

Já transforma­da em partido político, a UNITA participou em todos os simulacros eleitorais já realizados em Angola, desde a primeira edição, em Setembro de 1992, quando conquistou 70 dos 220 deputados em disputa ou 34,1 por cento dos votos.

Esse resultado fez do partido de Jonas Savimbi a segunda maior força política do país, atrás do MPLA (129) e à frente do Partido de Renovação Social (PRS, 5)

O conflito armado que se seguiu à crise pós-eleitoral de 1992 interrompe­u, contudo, a regularida­de do processo eleitoral, até 2008, ano das segundas eleições gerais, depois do fim da guerra com a morte em combate de Jonas Savimbi, em 22 de Fevereiro de 2002. Recorde-se com a crise de 1992 resultou no aniquilame­nto de cidadãos Ovimbundus e Bakongos, onde morreram 50 mil angolanos, entre os quais o vice-presidente da UNITA, Jeremias Kalandula Chitunda, o secretário-geral, Adolosi Paulo Mango Alicerces, o representa­nte na CCPM, Elias Salupeto Pena, e o chefe dos Serviços Administra­tivos em Luanda, Eliseu Sapitango Chimbili.

Nos pleitos eleitorais seguintes, a UNITA, já liderada por Isaías Samakuva, obteve sucessivam­ente 16 deputados (2008), 32 em 2012 e 51 em 2017.

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