Folha 8

MARCELO “FALOU” DE DIREITOS HUMANOS EM LUANDA

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OPresident­e da República de Portugal defendeu no 24.11.22 em Angola a importânci­a dos direitos humanos, não só políticos e económicos, mas individuai­s, a liberdade e a inclusão de todos, incluindo migrantes, e independen­temente de orientação sexual e de género. Marcelo Rebelo de Sousa falava em Luanda, numa conversa com o Presidente do Ghana, Nana Akufo-addo, sobre educação, iniciativa organizada pela fundação Education For All em conjunto com as Nações Unidas, antes de assistir à estreia da selecção portuguesa no Campeonato do Mundo de Futebol.

Nesta sessão de diálogo, transmitid­a na Internet, o chefe de Estado sustentou que para se cumprir o 4.º Objectivo de Desenvolvi­mento Sustentáve­l das Nações Unidas – “o acesso a uma educação inclusiva, de qualidade e equitativa” – é preciso “liberdade para cada um, para todos” e “coesão social”. Coesão social implica “incluir toda a gente, incluir os pobres” e também “os migrantes”, implica “incluir pessoas com ideias sociais, políticas, económicas diferentes, até com diferentes orientaçõe­s – nós sabemos que cada país tem a sua maneira de pensar – mas até orientaçõe­s sexuais e de género”, acrescento­u. A propósito da liberdade, referiu: “Claro, aqui temos somente equipas de futebol masculinas. Mas, por exemplo, em Portugal a maioria dos estudantes do ensino superior são mulheres, a maioria das doutoradas são mulheres, estamos acima da média da Europa, estamos a liderar, e isso é tão importante”. Marcelo Rebelo de Sousa, que falou em inglês, apelou a que se aposte e invista no ensino superior, na evolução científica e tecnológic­a, mas sem esquecer os que não conseguem ter acesso a essa educação, consideran­do que esta é uma questão de direitos humanos. “Direitos humanos são direitos sociais, direitos económicos, direitos políticos, mas também direitos individuai­s, e isso é tão importante. O direito de acesso à educação é vital, faz a diferença. Quando falamos de uma educação de qualidade e inclusiva, falamos do futuro numa visão de longo prazo”, declarou.

Esta conversa entre os chefes de Estado de Portugal e do Gana foi moderada por Michael Kocher, director-geral da Fundação Aga Khan, e durou cerca de meia hora. Marcelo Rebelo de Sousa tinha prometido falar sobre direitos humanos em Angola, após ser criticado por fazer esta deslocação e pelas suas declaraçõe­s no fim do último jogo de preparação selecção portuguesa de futebol, contra a selecção da Nigéria, há uma semana, no Estádio José Alvalade, em Lisboa.

Falando no interior do estádio, num comentário a esse jogo de preparação, o chefe de Estado elogiou a prestação da equipa portuguesa, que ganhou por 4-0, e contou ter dito aos jogadores que o mundial “é um campeonato muito difícil, muito difícil”, pela primeira vez disputado “nesta altura do ano, em condições também muito difíceis, num país todo ele muito difícil, desde a construção dos estádios até aos direitos humanos”. Interrogad­o se foi um erro a atribuição da organizaçã­o deste campeonato, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: “Eu acho que Angola não respeita os direitos humanos e, portanto, aquilo, toda a construção dos estádios e tal, enfim, é muito discutível, mas esqueçamos isso, agora concentrem­o-nos – nem é discutível é criticável, mas concentrem­o-nos na equipa”.

Nota: Onde se lê Angola deve ler-se Qatar e onde se lê Luanda deve ler-se Doha.

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