ENAMENTO DO TERRITÓRIO
Nda, 25.10, que o país não tem uma política de ordenamento do território X Colóquio organizado pela Faculdade de Ciências Sociais, decorrido no e Construção da Nação em Angola.
A toponímia foi um dos problemas também identificado pelo José Paulo. Para o académico, é preciso pensar além do sul e norte, e dar nomes deveras concretos. “Já temos Kwanza-sul e Kwanza-norte, Lunda-sul e Lunda-norte, agora teremos Cuando-cubango-sul, Cuando-cubango-norte
e Moxico-sul, Moxico-norte. Por que não dar nomes concretos, Yakatome, por exemplo? Vamos continuar com sul e norte, já não chega de tantas divisões de baixo e cima?”, destacou.
E QUANTOS AS NOSSAS LÍNGUAS?
No mesmo painel, sob tema Território e Povoamento em Angola, moderado pela professora Maria da Conceição Neto, esteve o antropólogo Virgílio Coelho que abordou a temática Migrações, povoamento antigo, etnografia e história de Angola.
Para o professor universitário, as línguas nacionais deixaram de ter valores com implementação da Constituição depois da independência, que estatuía o português como único idioma oficial. Desde logo, houve um estatuto para o idioma do Camões, mas para a de Nimi a Lukeni, Njinga Mbandi, Madume, etc., não. Diferente de países como Zimbabwe e África do Sul, em que estatuíram várias línguas oficiais, por exemplo. Virgílio Coelho constrange-se com o silêncio do executivo, alegando que evitar o desenvolvimento das línguas seria o retardar do desenvolvimento do país. Na ocasião, o investigador lamentou a fraca produção de estudos científicos sobre nossos povos e as nossas línguas, sendo que nações vizinhas os fazem sem que os dados chegam até nós. “Angola contribui muito pouco para dizer quem somos nós. O senso não diz sobre como estamos repartidos, quem são os povos do Noroeste e do nordeste de país, por exemplo”, frisou. Conforme o professor, o caso dos Khoisan, primeiros habitantes de Angola, seria o ponto de partida para todo investigador que queira ter sucesso neste âmbito, uma vez que se trata de fontes totalmente inexploradas, “eles poderão fornecer mais do que pensamos”, disse. São, entretanto, os povos mais antigos, mas com pouco estudo, carecendo de abordagens científicas. Lamentou ainda por não ver, depois de 48 anos de independência, deputados no Parlamento com estruturas de Khoisan, é como não fossem angolanos, ninguém os representa.
Ainda descontente, o antropólogo declarou que o país nunca trabalhou as tradições orais, tais como Mozambique, por exemplo. Para ele, os textos orais do tipo mitológico dão-nos antiguidade da fixação do território.
Em nota de síntese, Virgílio Coelho disse que Angola não tem política cultural nem linguística, sendo imperioso que se tenha já, pois, “as nossas línguas merecem ser desenvolvidas”
O X Colóquio decorreu no anfiteatro principal da Faculdade de Ciências Sociais, este ano, contou com 330 participantes e teve como objectivo, promover o debate sobre as principais transformações territoriais, demográficas e sociais na Angola no período pós-independência.