O livro aproxima povos
APrimeira Feira do Livro da CPLP foi realizada em Luanda de 22 a 30 de Novembro. Reuniu autores, editores, livreiros, responsáveis de bibliotecas nacionais e líderes de associações culturais de Angola, Cabo Verde, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Brasil e Portugal.
Foi alcançada a meta dos 40 mil visitantes, estabelecida pela organização, e houve, segundo a ministra da Cultura de Angola, Rosa Cruz e Silva, "uma grande vontade de participação dos representantes institucionais, bibliotecas nacionais, associações de escritores, técnicos e livreiros dos países da CPLP".
A Feira do Livro da CPLP foi um exemplo acabado daquilo que, nos vários países membros, tem sido reclamado: que o espírito comunitário deixe de estar encarnado em meras declarações de intenções políticas de Chefes de Estado e de ministros reunidos em cúpulas formais, para se materializar e forjar em encontros, conversas com apertos de mão, olhos nos olhos e troca de experiência de pro issionais e cidadãos comuns.
O coordenador da Primeira Feira do Livro da CPLP deu a conhecer que, apesar de terem sobrado livros, houve roturas de stocks no tocante a História de Angola, micro e macroeconomia e a chamada literatura de auto ajuda.
Seria bom que acontecimentos como este, com mais frequência e regularidade, tivessem lugar no nosso país e que saíssem um pouco até à periferia dos musseques onde não existem livrarias.
PALOP sem mercado do livro
O debate sobre a circulação do livro da CPLP veio demonstrar que a partilha do livro neste universo africano encontra-se num estádio de desassossego cíclico. É importante, pois, promover-se uma nova pauta da política cultural, ligada a uma maior intervenção das instituições nacionais promotoras da edição, exposição e distribuição do livro nos respectivos países, além de se de inir uma política de circulação de livros para livrarias, bibliotecas, escolas, embaixadas e centros e casas culturais. Foi proposta uma Colecção de autores da CPLP , privilegiando-se aquelas obras e peças que ajudam a caracterizar o povo e as nações inseridas na CPLP.
Os PALOP não têm mercado do livro, devido a: 1. Falta de poder de compra; e 2. Falta de hábitos de leitura. Por isso, o importante é formar leitores. Esse é que tem de ser o caminho fundamental. E passa necessariamente pelas escolas, e pelos espaços orgânicos da leitura: bibliotecas públicas, escolares no cerne da orientação fundamental das politicas públicas que de inirão aí a formação de técnicos promotores da Leitura e a inclusão dos leitores dos estratos mais elevados da população.
Ficou reforçada a percepção de que se deve apostar muito na digitalização dos acervos bibliográ icos nacionais, de que vai resultar a sua partilha entre as bibliotecas nacionais, e a difusão do livro e da leitura através das mais modernas plataformas digitais, nomeadamente smartphones, tablets e computadores pessoais.
Internacionalização de obras e autores
Apesar de ser a sétima língua que mais requisita trabalhos de origem estrangeira, a inal pouco da literatura de língua portuguesa tem conseguido ultrapassar as barreiras do idioma, e o português ainda está muito longe de ser uma língua dos trabalhos das bases de dados de renomadas universidades.
A questão da internacionalização das obras e autores foi certamente um grande momento para a discussão de resoluções da problemática da circulação dos títulos de autores da CPLP no estrangeiro, que, como apontaram as especialistas, pode ser resolvida com a prática do “Turismo idiomático” e criação de “bolsas de tradução” como viáveis soluções.
A Feira inda deixando ainda vazia a necessidade de venda e da sugestão sistemática dos grandes títulos da CPLP que poderiam alimentar grosso modo a possível construção do Cânone Literário de Língua Portuguesa e estancar o problema da” guetização das literaturas africanas em língua portuguesa”.