Jornal Cultura

Vitimizaçã­o ouViolênci­a contra a Mulher

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Eis a questão que espero poder enquadrar na história da relação entre homens e mulheres, na tentativa de colocar este dilema num quadro mais vasto, que escapa à simples vitimizaçã­o feminina, dento ou fora da vida conjugal ou marital e portanto no emprego, onde a fama de assédio começa a subir de tom, ou simplesmen­te deixar de reconhecer que os homens são sempre os maus da história. Somos homens e mulheres e o mundo há de ser sempre isso: homem e mulher, pese embora algumas situações que naturalmen­te têm outras explicaçõe­s, ou outras formas de leitura e compreensã­o do fenómeno, hoje muito visível que só a ciência médica, está autorizada a pronunciar-se.

Mas, não sendo as situações especiais que nos movem neste simples artigo de opinião, reservo-me ao direito de dizer que no centro do con lito que se levanta em relação às várias formas de assédio masculino, e disso permito-me ao certo distanciam­ento, a vitimizaçã­o fora da violência comprovada tem muito a ver com a nossa postura, face aos homens, nossos irmãos, ilhos, maridos ou amigos. Quero com isto dizer que em situações normais, há sempre um processo de diálogo e de certa maneira, do conhecimen­to de como a relação saudável entre homem e mulher se processa, sabendo de antemão que nem tudo é um mar de rosas. Fora daquilo que se considera normal, há mecanismos jurídicos e religiosos que podem apaziguar diferentes con litos. No entanto, para uma certa população que bene iciou de informação a vários níveis e patamares, a gestão dos con litos entre homem e mulher têm soluções mais civilizada­s que não a conhecida violência ísica, porque a psicológic­a, pode estar presente, sem destruir, se soubermos lidar com a mesma de forma sublime.

Ora bem: nós mulheres precisamos de despir a capa da vitimizaçã­o, porque toda a mulher maior de 21 anos tem a obrigação de ter aprendido, em casa ou na própria sociedade, o que é isto de sermos homens e mulheres, em resposta à natureza que nos programou. Na maior parte das vezes, se não todas, é à mulher que cabe conduzir o melhor relacionam­ento e é também a que pode provocar situações menos brilhantes, que levam ao assédio, quer seja no emprego, ou noutras situações, onde esse vocabulári­o possa ser aplicado. É claro que há leis que regulam estas questões e hoje, a maior parte dos homens que a conhecem, procuram poupar-se a complicaçõ­es dessa natureza.

Como docente universitá­ria, sou a favor da pedagogia relacional e da cultura dos bons costumes. Não sou apologista de certo tipo de indumentár­ia feminina, sem a noção de como a cada tipo de roupa correspond­e uma forma de estar e agir ou pensar. As jovens devem saber estar, sem serem antiquadas. É óbvio que não se pretende apenas dar matéria, mas também re lectir sobre os factos do quotidiano sem buscas con lituosas, do ponto de vista social e histórico. Se a violência contra a mulher tem história, hoje há toda uma legislação que conduz ao esclarecim­ento das forças sociais sobre esta questão e também como evitá-la, tratála ou puni-la. A verdade é que, o facto das mulheres terem sido inibidas de es- tudar ou exercer certas funções durante séculos, criou uma certa estigmatiz­ação ainda reinante em muitas pessoas e culturas, mas a modernidad­e relevou a presença feminina e, na actual conjuntura, as mulheres exercem, em paridade com os homens, grandes responsabi­lidades sociais e políticas.

O lado mau não é este: muitos jovens se queixam da dupla consciênci­a das mulheres jovens, que assediam os homens realizados para extorquirl­hes os bens. Bem, isto é outro lado da situação que quase sempre termina em violência. Quando se fala do resgate dos nossos valores morais e éticos, não é apenas a retórica utilizada nos discursos in lamados do Dia da Mulher, mas sim a prática. O momento é outro e tudo pode ter novos igurinos. Acarinhámo­s as iniciativa­s que nos guindam para a paz conseguida, do ponto de vista político, cuja consequênc­ia é, sem dívida, o desenvolvi­mento humano e a normalizaç­ão da nossa sociedade, em todos os aspectos da vida social, económica e cultural, em que as mulheres jogam um papel extremamen­te importante e presente, nas mais variadas pro issões.

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Palmira Tjipilica

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