Júri atribui "Quem me dera ser onda"
Com a estória "Pati, a menina de rua", a pequena Alice da Conceição, 13 anos, estudante do colégio Riviori, do Kilamba Kiaxi, em Luanda, foi unanimemente considerada pelo júri a vencedora do concurso "Quem me dera ser onda", relativo a 2014.
Composto por Francisco Soares, Agnela Barros e Manuel Muanza, o júri distinguiu Denilson Cassange, da escola Jas-Chris, da Camama, em Luanda, com o segundo lugar, pela obra "Incomparável amor de Mãe".
Alice da Conceição disse ao jornal Cultura que a exigência do pai é que a levou a gostar dos livros e da leitura. "Ele diz que tenho de ler sempre, pois é assim que se aprende".
A primeira classi icada, que diz ser admiradora dos escritores Maria Eu- génia Neto, John Bella e Kanguimbo Ananás, vai receber um montante, em kwanzas, equivalente a 5 mil dólares norte-americanos, além de um diploma de mérito. O segundo classi icado recebe 3 mil dólares e o diploma.
O júri entendeu por bem não atribuir a segunda classi icação prevista no regulamento. As obras premiadas virão a público a 7 de Fevereiro próximo, em acto que deverá contar com a presença do escritor Manuel Rui, o patrono do concurso.
Francisco Soares, presidente do júri, fez questão de ressaltar que os vencedores "tiveram mérito" e que as suas obras distinguiram-se completamente das restantes concorrentes, em matéria de qualidade.
Quanto aos "sinais de plágio" detectados pelo júri na maioria dos textos avaliados, disse: "é um indício, talvez, do estado desta geração, sem contacto com o mundo rural. Não conhecem a fauna e a lora local, a sua vida é escola/casa e vice-versa. A sua realidade é o que vêm na televisão. Pode ser que isto esteja a as ixiar a criatividade dessa geração".
Para John Bella, escritor, "tem que se fazer um grande trabalho com as crianças, pois elas estão sem criatividade. Não as podemos culpar pelo que está a acontecer. Os adultos é que devem ser responsabilizados, a começar pelos pais e professores".
Felizmente estão aí Alice da Conceição e Denilson Cassange, a con irmar que não há regra sem excepção. Ou, como diria Baudelaire, "nos pântanos também crescem rosas".