Jornal Cultura

Urbanito Filho da Rosa Maria “Temos de andar de mãos dadas com a Arte”

- J. L. Mendonça

‘Boxi buá Tema!’ (o chão está quente) é o título da primeira obra discográ ica lançada no mercado por este músico que dá pelo nome lendário nome de Urbanito Filho. De “Urbanito o Angolano” seu pai. Nasceu da relação que este grande cultor da música popular urbana teve com Rosa Maria. Rosa Maria daquela canção que canta: “Eu andei noite e dia procurando/ a mulher que eu amei/ Rosa Maria”.

Éassim que se apresenta, neste inal de ano ensolarado (buá tema!), aqui no meu gabinete de trabalho, junto à Mutamba das nossas esperas do maximbombo nos tempos em que o Urbano de Castro, seu pai, lançou “Mukongo”. Urbanito o Angolano, como gostava de realçar no Maio de uma canção o próprio Urbano de Castro era já, assim o entendíamo­s nós, uma forma de resistênci­a cultural, porque, através da música ele gritava: “eu sou Angolano”, não sou português (subentenda-se, pois não podia certamente dizer o que nós descortiná­vamos nas entrelinha­s da canção).

Hoje é um Urbanito que tenta preservar a memoria artística do pai, retomando o legado das canções em kimbundu e os temas sérios do quotidiano dos musseques. O segundo disco sairá em 2016 ou mais tarde, porque, Urbanito Filho pretende, antes de mais, fazer uma digressão pelas províncias do país, para, como diz, “explorar ao máximo o Boxi buá Tema. Estrou a pedir apoios dos governos provinciai­s e aguardo pelas respostas. Os fãs é que solicitam a minha presença. Estou é à espera dos patrocínio­s...” Esse novo brinde terá a participaç­ão de Legalize e todos os temas será cantados em kimbundo. Investigaç­ão Nos seus tempos de infância, os artistas cantavam mais a verdade. Hoje em dia as letras são mais descartáve­is e mesmo o semba identi ica-se mais com as línguas nacionais, esclarece o nosso interlocut­or. Hoje em dia, continua Urbanito, os artistas querem o imediato, querem vender só, não querem mais criar e a criação leva tempo. A maioria dos artistas não lêem o que os escritores escrevem, diz o músico. “Temos de andar de mãos dadas com a Arte. Ultimament­e os artistas já não andam, estão relaxados. Há que investigar. Andar de candonguei­ro. Numa paragem de autocarro há muitos temas a recolher...”

Com 41 anos de idade, este músico morador no bairro Hojy Ya Henda, nascido a 23 de Abril de 1972, de seu nome o icial Osvaldo Urbano de Castro, revela que a mãe dele, a imortaliza­da Rosa Maria tem 68 anos e está viva. Será, pois, tema, de uma próxima entrevista deste jornal, fui avisando Urbanito.

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