Jornal Cultura

Nelson Mandela Estela para

- Ernest Pépin, Lamentin, 26 de Junho de 2013 [in AFRICULTUR­ES]

Cresce, sombra sagrada Tu viste a terra de mil colinas E transpusem­os o espaço interdito A colheita será boa na hora da recusa Selo da boa nova e partida de tão longe Vi Soweto e a sua revolta de crianças A palhota miserável onde velas Guardião sombrio e de humana bondade Ilha do último sol Que se levanta na festa da aurora Sob os tamancos do arco-íris Passaremos pelas ruas do poema Tal como somos Que tempo faz sob as tuas pálpebras Se não é um tempo de amanhã Tempo dos evangelhos Que roda em torno da minha imagem E dos sete céus da nação arco-íris Entra na tua casa Mandela A tua casa está aberta O teu povo te espera Devemos ter prontas as mais belas palavras Este é o preço da escolta Na fronte dos faraós Cingindo as forças elementare­s Uma nova solidão nos espreita Nunca mais estaremos sós O grito será definitivo O mar na mais vasta onda lanosa Parecerá um caçador ébrio Uma energia tranquila de povo que tem fé Apenas uma palavra Mandela Uma palavra de township Uma palavra de capitão Uma palavra de cana-de-açúcar Da casa dos homens Espalha-se a dor Apenas uma palavra para fender o nevoeiro E veremos na noite O esplendor da tua silhueta Frutuosa navegação Hoje um país entrega-se ao mito da morte E por uma vez vencemos os carcereiro­s Eis que a luz se levanta docilmente O milagre já se cumpriu Amanheceu sobre o perdão dos justos Escutaremo­s este canto tirado à mais alta das estrelas.

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