João Tala critica “Vanguarda e Autenticidade”
Estimado escritor saudações.
Li o seu artigo no Jornal Cultura nº 46, intitulado Vanguarda e Autenticidade. Vou precisamente sublinhar o que me "dedica" no referido artigo: «... Fui então ter com o poeta que apresentara a obra a público, João Tala e perguntei se ele (dada a sua envergadura poética) não tinha notado da convivência com a autora, que se tratava de um plágio. João Tala respondeu laconicamente: "ela me surpreendeu com essa obra".»
Caro escritor, a sua asserção está cheia de equívocos. Vamos por partes:
1. Primeiro de tudo, o escritor JLM não foi ter comigo. Telefonou e combinamos um encontro ali, no restaurante Veneza. Submeteume a um interrogatório, a propósito de Denise Kangandala (DK) e seu livro. Claro, não me custava nada responder, até pelo respeito e estima que tenho para consigo.
2. Falamos sobre DK acima de 10-15 minutos, por isso minhas respostas não podem ser reduzidas ao simples laconismo. Fui claro em dizer-lhe que a propósito do meu artigo publicado no Vida Cultural (VC) intitulado "Fundamentos de uma Estreia", me ative à obra e não à pessoa. Será que esqueceu? É possível, isso foi a cerca de 5 anos.
3. De que convivência com a autora fala o escritor? Escrevi sim um artigo para o Vida Cultural, porém, quem apresentou a obra foi o escritor Carlos Ferreira (Cassé). Isso eu disse nesse artigo (tenho dúvidas que o tenha lido).
4. Convivência com a autora? Deixa-me que lhe explique: em 2005 quando me desloquei para o Brasil onde permaneci até 2008, estava já algum tempo sem me encontrar com DK (não foram muitas vezes que a achei, sempre no espaço da UEA). Também não a vi lá no Brasil, com certeza, e não me encontrara com ela depois do meu regresso, até ao dia do lançamento do seu livro "Ascensão Cósmica".
5. Não fui pessoalmente convidado a assistir ao lançamento, aliás, os interessados mal sabiam que já havia regressado do Brasil mas, tendo conhecimento da apresentação através da imprensa e movido pela curiosidade, fui assistir. Fui dos primeiros a chegar, comprei o livro, li e reli-o. Só depois chegaram outros, com realce para o Arlindo Isabel (editor), Carlos Ferreira (apresentador) e a própria autora. Há dúvidas? Pergunte ao Cassé ou ao Arlindo.
5. Caro escritor, a apreciação literária que escrevi para o VC espelha simplesmente a importância de uma estreia valorizando o texto, bem na esteira do pensamento de Gasset y Ortega segundo o princípio de que « o mau em estética é a insuficiência » , como tenho repetido algumas vezes. Pode não estar de acordo, mas deve o escritor cuidar para não descambar em mesquinhices. Pelo exposto, acredito ter esclarecido alguns equívocos. Solicito a publicação no Jornal Cultura de uma nota com a vossa correcção, cingindo-se aos factos. Não é minha pretensão para já, valer-me do recurso ao direito de resposta consignado pela lei da imprensa.
Agradeço desde já a compreensão.