Sementes de progresso
1No ano que indou foram lançadas iniciativas de grande impacto junto da comunidade estudantil angolana que se podem considerar sementes de progresso, pelo seu papel gerador de saber e do pensamento re lexivo que apontam para a emancipação do homem, isto é, a sua autonomia social e a sua óptima inserção no mercado do trabalho e que, depois, se multiplicam na arquitectura sólida das construções que são a parte mais visível do progresso de uma Nação..
2Uma dessas iniciativas é o programa para o fomento do livro e da leitura do Gabinete de Revitalização e Execução da Comunicação Institucional e Marketing da Administração (GRECIMA). Embora a denominação atribuída à colecção de literatura seja um tanto ou quanto polémica, pensamos que o seu valor mais alto reside na intencionalidade de promover o hábito da leitura e nos resultados práticos que os estudantes alcançarão, como seja a aquisição de competências no manejo da língua o icial que se transferirão, automaticamente, para os outros domínios do seu labor académico.
Outra iniciativa foi o lançamento do projecto “Minha Primeira Mala de Leitura – Natal com Livros”, com a entrega de vários kits de livros de autores angolanos, para mais de setenta crianças, no lar Kuzola e que tem como objectivo incentivar desde cedo nas crianças o gosto pela leitura e a oportunidade de conhecerem as estórias escritas pelos autores angolanos, que retratam as fábulas e contos do povo angolano. Este projecto veio na sequência da realização do Jardim do Livro Infantil.
Para além destas iniciativas do Executivo Angolano, outras entidades individuais e colectivas, públicas e privadas lançaram a sua semente de leitura, ou sementes de progresso, nas mentes das crianças e jovens. O projecto “Um Livro, uma Criança, muitas Leituras”, da Sociedade Angolana, começou um ano antes (2012) com o intuito de fomentar os hábitos de leitura entre as crianças, e “já contemplou 48 bibliotecas, em 16 províncias. A previsão, de acordo com o programa de actividades da associação, é distribuir mais de 11 mil livros a 49 bibliotecas, espalhadas por todo o país.”
Estas são as respostas mais realistas à problemática da diminuição progressiva de leitores no quadro do sistema literário angolano que vinha ocorrendo, quase imperceptivelmente, ao longo das últimas décadas.
3Agora – pensamos nós – parece ter chegado o tempo de olharmos para a importação e consequente tradução de alguns clássicos da literatura infanto-juvenil universal e africana. Uma obra que todo o adolescente angolano deve ler é, sem dúvida As Aventuras de Monimambo, de Guy Menga, escritor do vizinho Congo Brazzaville. Há uma estória maravilhosa que se intitula A Pena Dourada (The Golden Feather) que lemos um dia em 2003, num país distante e que parece ser originária do Quénia. Esta encantaria todo e qualquer cidadão, mas especialmente a camada juvenil. Das obras universais, há a destacar A Ilha de Coral, de Ballantyne, um escritor escocês. Da Nigéria, já esteve à venda nos anos 80, em Luanda, O Bebedor de Vinho de Palma, de Amos Tutuola. É uma obra magistral a pedir para regressar.