Religiosidade
nas mais diversas culturas ao longo dos tempos, é parte importante da sobrevivência de muitas culturas, senão de todas, se tivermos em consideração que todo o ser humano se sente pequeno perante os fenómenos da natureza que não domina, nem explica. Assim foi e assim será por todo um tempo que não conseguimos delimitar, mesmo com o avanço da ciência que procura estudar e explicar cienti icamente o inexplicável. Porém, a crença nas forças consideradas de ordem superior tem levado vantagem nos aspectos ligados à criação do mundo e à gestão do universo. A crença no invisível e indomável constitui uma característica presente em todas as culturas e civilizações, ao longo de diversos períodos da história e em quase todos os momentos da vida humana. A diferença de crenças religiosas ainda continua a ser motivo de con litos entre povos do mesmo espaço territorial ou Estados diferentes, quando surgem choques inultrapassáveis, entre comunidades ou povos. Para analistas de comportamentos, as crises religiosas têm como pano de fundo a exaltação dos sentimentos particulares perante uma divindade ou diversas divindades que, sendo hegemónica com relação a outra ou outras, tendem a sobrepor-se pela força. Foi assim duran- te milénios e, entre outros motivos, houve grande sacri ício dos judeus na segunda guerra mundial. Rezar de forma privada, ainda é comum em determinadas famílias e esta prática desenhou-se no Ocidente, desde a Idade Média, quando a aristocracia cultivou o hábito de construir capelas privadas para não se misturarem com o povo simples, numa sociedade estrati icada e organizada em ordens sociais. Porque é que a prática se estendeu às mais diversas culturas do nosso universo terrestre, sem grandes di iculdades para conforto interior e espiritual dos humanos, através de valores adaptativos? Nessa perspectiva, autores como Houmanfar, Hayes e Fredericks (2001), só para citar alguns, discutem a importância da religião como sobrevivência das culturas. Mas, numa época em que em diversos países se assiste à grande proliferação dos credos religiosos, não será que esse argumento cai no vazio, ou ica sem resposta, quando se assiste a choques religiosos graves, com base na intolerância, perante o pragmatismo de muitos que reconhecem no subjectivismo das suas verdades a ausência de questionamento, enquanto agência de controle dos mais frágeis, sem perspectivas intelectivas de escolha ou de livre arbítrio? Aqui ica uma per- gunta que, neste ano cultural de 2014, ica para os antropólogos e ilósofos e sociólogos e teólogos e de outras áreas a ins do saber. Juridicamente, há constituições que consagram a liberdade religiosa, sustentada pelos direitos humanos e pela democracia. Se as práticas religiosas resultam de uma aprendizagem social de um grupo ou de mais grupos humanos, como lidar com a extorsão muitas vezes associada a práticas de determinadas formas de estar nalgumas con issões religiosas, onde o povo se apega ao bom pregador da paz e da concórdia? É que tanto quanto o grande livro de história bíblica nos relata, Cristo ensinou o amor, a concórdia e a justa partilha. Assim é que o mundo, a partir do primeiro ano da comemoração do nascimento dessa Entidade, passou a chamar os devidos seguidores de cristãos e é essa verdade que marca a humanidade desde então, através da prática lúcida e sábia da equidade e do amor ao próximo, que também é uma das grandes vertentes da cultura da paz e dos valores sociais do mundo moderno.