O Mais-Velho Menino dos Pássaros
stamos aqui para a apresentação do 17º livro do escritor Arnaldo Santos, o autor (dentre outros) de Kinaxixi, Tempo de Munhungo (Prémio Mota Veiga, atribuído em 1968), Poemas no Tempo, A boneca de Kilengues, Crónicas ao Sol e à chuva e O vento que desorienta o caçador. Vários dos livros, contos e poemas de Arnaldo Santos estão traduzidos para francês e inglês, assinalando-se também a sua presença constante em antologias que se publicam em Angola e fora de portas.
Depois de A casa velha das margens, Cró
nicas do balão eSabina, Arnaldo Santos surge agora com O Maisvelho Menino dos
Pássaros. Trata-se de um conto, que é simultaneamente uma curta auto-biogra ia que retrata alguns anos de vida do autor, que neste livro recorreu aos dotes artísticos de Luandino Vieira para as ilustrações.
Quando tive o primeiro contacto com a obra, pareceu-me um livro dirigido a crianças. Certamente muitos de vós terão tido a mesma sensação, perguntando-se se o mais-velho Arnaldo Santos, agora que entrou para a segunda infância, não teria tido a ideia de voltar a escrever para crianças.
Mas não. O formato do livro e a forma como estão feitas as ilustrações conduzem a esse equívoco. O Maisvelho Menino dos Pás
saros é literatura dirigida a adultos, pois apesar de retratar parte da infância e adolescência do autor, o livro contém elementos que podem contribuir para os pais aprimorarem a forma de educação dos seus ilhos.
EUma vez que a época retratada no livro é a da infância e adolescência do autor, o livro transporta-nos ao período pós-II Guerra Mundial (segunda metade da década de 1940 e início da década de 1950, já lá vão quase 70 anos), um período de privações várias em Luanda, onde havia até alguma escassez alimentar. Não nos admiremos, pois, de ver o Xaxa a utilizar a sua fisga para matar pássaros que depois vão servir para a alimentação dos petizes. Xaxa via-se "como um caçador" (págs. 22, 25), um caçador de pássaros e de outras aves.
O autor põe-nos em contacto com a natureza, chamando à atenção para a diver- si icação da fauna voadora de então, na " loresta" (pág. 21) do Kinaxixi. Para além de rolas e outras aves, cita uma série de pássaros, como sejam: bicos de lacre, bigodes, cardeais, catetes, maracachões, pardais, pica- lores, pírulas, rabos de junco, siripipis e viuvinhas negras. Termina a sua odisseia com um canário do kwanza, a