Jornal Cultura

Kyaku Kyadaff

“Nunca sonhei ser músico”

- MBangula Katumua

Aconvite da organizaçã­o da 3ª edição do concurso de música “Benguela: Gentes e músicas”, o músico Eduardo Fernandes, mais conhecido por Kyaku Kyadaff, natural de Mbanza Congo, província do Zaire, esteve em Benguela.

Kyaku Kyadaff é licenciado em Psicologia pela Faculdade de Letras da Universida­de Agostinho Neto e frequenta o mestrado em Governação e Gestão Pública na Faculdade de Direito.

Participou no Variante 2009 e no Festival de Canção da LAC – 2010 , realizado no Lubango. É vencedor do Festival Nacional de Trova em 2012, promovido pela Fundação Agostinho Neto em Luanda e venceu o Concurso Variante 2012, promovido pelo Ministério da Cultura de Angola. É co-autor com Kamane do tema “Paga que paga” interpreta­do por Ary e tem participaç­ão numa música de Cabo Snoop a sair a público em breve.

A equipa do Jornal Cultura aproveitou a ocasião para uma descontraí­da conversa.

Jornal Cultura – Quando e onde é que começou o sonho de ser músico?

Kyaku Kyadaff – Nunca sonhei ser músico, embora cante desde miúdo. Os meus pais é que eram. A minha mãe era do coral e o meu pai tocava guitarra. Mas ele queria mesmo que eu fosse jornalista, porque dizia que eu falava muito.

JC – Então, como veio parar à música?

KK– Foi mesmo por in luência dos meus pais e da igreja. Em Mbanza Congo eu fazia parte do coral, no seminário onde andei. Mesmo antes disso, a minha casa tinha cultura musical: a minha mãe a cantar de um lado e o meu pais a tocar do outro. Eu fazia de ajudante; transporta­va e conservava as cassetes e carregava pilhas do rádio (risos). Em 2005, quando vim para Luanda e me matriculei na faculdade de letras da Universida­de Agostinho Neto é que as coisas começaram a tomar outro rumo. Passei a cantar nos eventos da faculdade, os colegas e amigos me convidavam, principalm­ente por incentivo do Carlos Pedro, meu amigo. Uma vez cantei nas Jornadas Cientí icas de Psicologia, e a minha canção foi adoptada como Hino Nacional dos Psicólogos, isto em 2007. Foi aí que tudo começou… actuei na União dos Escritores Angolanos a convite do Carlos Pedro, onde o jornalista Miguel Neto me convidou para o seu programa… a minha primeira aparição na televisão. Porque, antes disso, posso dizer que eu cantava na igreja, em casa com os amigos mas era apenas por uma questão de terapia, cantava para minha auto-cura.

JC – Hoje, considera-se já um músico pro issional?

KK– Considero-me um músico e faço música pro issionalme­nte. Posso mesmo dizer que vivo da música. Graças a Deus desde que decidi abraçar a música, pro issionalme­nte, estou a fazer progressos. Tenho feito muitos espectácul­os dentro e fora de Angola. Estive, recentemen­te, em França, nas “Noites de Luanda em Paris” e tenho na agenda outras saídas.

JC – O que procura transmitir na sua música?

KK– Falo um pouco de tudo. Mas tenho dedicado uma atenção especial aos temas ligados ao amor e aos problemas psicossoci­ais actuais bem como a natureza e um pouco de surrealism­o. Por exemplo, na música “entre 77 rosas” que consta do disco tropical do Chico Viegas, falo de assuntos com que muitos jovens têm de lidar diariament­e, como a moda, o pudor, o consumo de álcool, o desemprego e a imprudênci­a. Tenho outras duas músicas que também estão a tocar bem nas rádios e discotecas que é “Carlitos” e “Bibi”.

JC – Gosta de cantar em línguas nacionais ou há algum compromiss­o especial?

KK– Eu canto em Português e Kikongo. E agora vou incluindo o Kimbundo e pouco a pouco mais outras, eu gosto das línguas nacionais angolanas e africanas e gosto de fazer essa combinação porque as nossas línguas são muito lindas e ricas em metáforas e fábulas. Além de ser uma forma de contribuir para a preservaçã­o da nossa identidade e também é uma caracterís­tica patriótica.

JC – Qual é a sua opinião sobre a pirataria musical?

KK– Sei que existem teóricos que pensam que a pirataria ajuda a divulgar a música. Mas, eu não concordari­a plenamente. Porque o pirata é contra o nosso trabalho. Quando ele faz a cópia e vende o CD por duzentos kwanzas está a tirar a possibilid­ade do músico vender o seu trabalho e poder viver disso. Temos todos que nos opor a pirataria de tudo que é arte!

JC – Para quando o seu primeiro CD?

KK– Estou a trabalhar nisso. Mas ainda não tenho data. Vou dar tempo ao tempo. Por agora quero concentrar-me na exploração dessas três músicas. Fazer o maior número de shows. Quero ser conhecido primeiro. Quero que a minha música seja conhecida só depois vou ver a questão de tirar o CD.

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