E ia c e li ua em da pi tura a leo
Nos inais de 2013, quando felicitei Men Jiancheng pelo seu trabalho intitulado Consecução dos direitos culturais dos cidadãos (em frente ao auditório) seleccionado para a 2ª Exposição Nacional de Pintura a Óleo de Jovens e Adultos (Dafen), o pintor sorriu sem dizer palavra, com os olhos sábios e profundos postos nos seus outros trabalhos de tema histórico.
No princípio de 2012 o quadro de Men intitulado Uma tarde em 1899 foi seleccionado para a exposição nacional de pintura a óleo Inovação no Sul da China•O meu país e o meu povo. Men, um artista de 55 anos e maneiras suaves, fala-me dos antecedentes da sua obra e do que o levou a pintar temas históricos.
Numa tarde calma dos inais da Dinastia Qing (1636-1911) duas famílias com ilhos, uma da China e a outra do Ocidente, tiraram um retrato na China que re lectia a sua boa harmonia. O penteado, o vestuário e os sapatos de pano dos chineses contrasta- vam com o cabelo loiro, as roupas e os sapatos de cabedal dos ocidentais. Viam-se antigas cadeiras de verga, que pareciam contar sem palavras uma história que se desvanecia. As cores frescas associavam-se às quentes e as quentes às frescas. Todo o quadro reslumbrava calor. Era a calma que precedia a tempestade, porque as forças da Aliança das Oito Nações invadiriam a China, incendiando o Palácio de Verão em 1900.
Em profunda re lexão contemplo os quadros de Men, pinturas épicas deslumbrantes. Estas telas não só exigem do pintor conhecimentos profundos e excelentes técnicas de desenho, mas também amplos conhecimentos de história universal, um profundo sentido do dever histórico e muito esforço e tempo
Men diz-me que os seus quadros são setenta por cento de preparação e trinta por cento de desenho. Pelo seu interesse em temas de História, dedica mais atenção à recolha de dados históricos. Em 2008 os artistas de Dafen foram Dapu, na província de Guangdong, para pintar na antiga residência de Zhang Bishi.
Zhang (1840-1916) foi não apenas um afamado homem de negócios chinês do sudeste asiático mas também cônsul em Penang e consûl geral em Singapura no inal da Dinastia Qing e princípio da República da China. Foi também o fundador da empresa de vinhos Changyu Wine. Acumulou uma fortuna imensa, chamavam-lhe na altura o Rockefeller da China.
Men icou profundamente impressionado com o espírito indómito de Zhang e a sua preocupação com o país e as suas gentes, e decidiu fazer uma obra sobre ele. Rapidamente recolheu imagens e dados, e seguidamente foi entrevistar a população de Hakka sobre os usos populares locais. Em 2010, quando a Província de Guangdong lançou uma grande iniciativa de criação de temas históricos, Men achou que essa iniciativa se adequava ao seu estilo consistente de pintar, que assenta no encontro, na comunicação e na integração da cultura oriental e da ocidental. Men dedicou-se a incadamente à criação da obra Zhang Bishi: uma festa no sudeste da Ásia.
Para aumentar a autenticidade e iabilidade do quadro, Men passou muito tempo no estirador. Pesquisou a história de Zhang na biblioteca, viu o vídeo de apoio, e convidou igurantes para simularem a cena da festa por diversas vezes. Pensava nas personagens, adereços e composição mesmo às refeições e durante o sono, como se estivesse possuído. Os esboços, a selecção, a assinatura, a versão inal, o estudo e o desenho levaram quase dois anos. A tela veio a ganhar a medalha de bronze e foi integrada na colecção do Museu de Arte de Guangdong e