Oe ia de amuel ime ta
Sílex
Mão e pedra. Força do gesto que bate bate e rompe a forma. O gume rudimentar da lasca que parte e sangra, do sílex que quebra e nasce, novo, para cortar o rude golpe.
Lithos
Parte. Golpeia a vida e dá-lhe a forma, o liso traço da perfeita escultura. Molda o irme mármore como se de barro fosse. Sê pedreiro de ti, mestre da simétrica obra que és. É tua a pedra, a mão que a talha.
Geometria
Medir a terra a régua e esquadro e traçaria o limite do justo e da beleza. Aos homens a privação do agir livre, da decisão de que são senhores. Medir a terra a régua e esquadro é castrar a lonjura do possível. Quebrem-se as réguas os esquadros e as linhas que nos cercam. Aos olhos de quem nos mede a terra não tem medida.
in “Geo Metria”, Livros de Ontem, Lisboa, 2014