Jornal Cultura

CRÓNICA HUÍLA NA MODA

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No passado dia 15 de Agosto a cidade do Cristo rei assistiu a mais uma edição do Huíla fashion. Um evento de moda que reúne criadores e manequins nacionais e internacio­nais e que mostra o que tem de melhor em termos de criativida­de e talento made in Huíla.

Organizada e produzida pela agência Victory´s models gerida pela exuberante colunista social e organizado­ra de eventos Vitória Garcia, a maior noite de moda da cidade convidou o mundo para des ilar e gingar na sua 14ª festa. Num evento bem organizado com o timing certo com muita energia e paixão corremos de passerelle para bastidores com ou sem salto alto e sem nos importarmo­s se os modelos masculinos olhavam para os nossos atributos ísicos nas extremamen­te rápidas mudas de roupa, e mesmo que eu quisesse tentar ingir que de binóculos um tanquinho observava o meu tempo nem este gostinho me deu. Numa só noite tive mais de 10 looks e a cada troca eu pensava com entusiasmo “lá vou eu correr mais uma vez”se possível com as mamas ao leu tal como bandeiras que ocupam o topo da montanha após uma árdua subida com a simples sede de vencer . Este ano o Huíla fashion homenageou a fenda da Tundava- la, uma das o iciais maravilhas naturais de Angola. A passerelle muito fez lembrar a serra de Leba desta vez com um toque contemporâ­neo como sinal de progresso e inovação. Os Criadores e modelos vieram de Luanda, Cabinda, Benguela e Moçambique e entre o público a diva Ary, Shelcy Shantel e outras estrelas marcaram com o seu brilho. Mas como estou a escrever uma crónica e não uma reportagem aqui vou eu passando a minha experiênci­a do que chamou a atenção: Lamento não ter tido muitas oportunida­des como modelo embora esteja neste momento irmada e quando trabalho faço os considerad­os muito bons trabalhos cá e lá mas como modelo tenho sempre em mente de que estou a vender um produto, a representa­r uma marca e passar ao público a imagem que o criador deseja, até o meu andar muda conforme a peça e ao som da música. Corpo considerad­o apropriado necessito ter, carisma também mas isto são pequenos ingredient­es que fazem com que eu seja mais interessan­te do que um manequim de vitrine, mas cabide não deixo eu de ser, andante mas sempre um cabide. Muitos jovens modelos ainda necessitam de por na cachola que a ultima coisa que eles se devem preocupar enquanto trabalham é se a roupa icou-lhes bem ou não, isto decide o estilista e a nós como pro issionais cabe apenas exibir a peça da melhor forma possível. Para meu espanto alguns estilistas têm a preocupaçã­o de saber se estamos ou não confortáve­is e se nos incomoda a beleza da tranparent­e peça, eu muito agradeço a simpatia e consideraç­ão mas para alívio de todos eu passo aquilo que quiserem que eu vista. Óbvio que todo modelo tem o direito de recusar usar isto ou aquilo mas muito sinceramen­te se o motivo é o pudor então talvez considerem uma outra carreira pois para interpreta­r uma determinad­a peça ou look requer talento, conhecimen­to e pro issionalis­mo e amor pela arte de bem vender o que se irá vestir na próxima estação. Algumas colegas quase se descabelav­am de vergonha por não poder usar o soutien que elas se esqueciam que não fazia parte da colecção. Lembro-me que enquanto na ila para entrar com uma blusa transparen­te de mangas corte morcego o colega atrás de mim com algum zelo perguntou se eu tinha noção sobre a melhor maneira de exibir a peça e eu com um sorriso respondi que o iria fazer como me compete e acabamos por partilhar a mesma opinião de como o fazer. Tal como alguns tornam-se médicos só para trabalhar em clínicas privadas porque aí melhor se ganha muitos jovens modelos só o fazem pelo o cachet, passatempo e vaidade. Não se é modelo pelo glamour mas pelo amor que se tem pelo que se faz. Vitória Garcia melhor do que ninguém esta tese defende, ela tal como Carla Castro, Diva Marques e muitas outras modelos nacionais pioneiras que nem sempre cachet receberam e que devem servir de inspiração para as actuais que sonham tornar-se TOP models. Para mim que muito tive que lutar e provar para aqui chegar ter trabalho para mim basta e com a mesma humildade que bati portas eu agradeço aos céus e a todos os pro issionais que acreditam no meu potencial de bem vender aquilo que a minha carcaça cobrem. O Huíla fashion não deixou de ter performanc­es variadas de grandes artistas nacionais e durante 2 horas e meia o glamour, beleza, charme e som retirou o Público da sua realidade. Parabéns Vitória Garcia por mais uma noite de moda, música e muita energia positiva que por pena de muitos apenas uma vez por ano faz lembrar que a cidade da Huíla também está na moda.

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