Jornal Cultura

FENACULT II

José Eduardo dos Santos e os desafios culturais de África

- MATADI MAKOLA|

A retoma do Grande Festival Nacional da Cultura (FENACULT II) e, na sequência das orientaçõe­s transmitid­as no processo que levou à aprovação do Decreto que o instituiu e do regulament­o, bem como das actividade­s que integram o seu programa e o respectivo lema “A Cultura Como Factor de Paz e Desenvolvi­mento”, revelam bem como o presidente José Eduardo dos Santos assume um papel prepondera­nte na a irmação da identidade e na promoção do desenvolvi­mento de Angola. Por essa razão se lhe dedicou uma singela homenagem no colóquio que abordou o seu per il na sua dimensão cultural, organizado pelo ministério da Cultura de 1 a 3 de Setembro, no Palácio da Justiça.

O pensamento cultural do presidente José Eduardo dos Santos está patente no seu discurso de abertura do III Simpósio sobre Cultura Nacional, no qual se destaca que “Consideram­os a questão da cultura como uma variável estratégic­a para o desenvolvi­mento económico e social”. Por outro lado, a propósito do contexto cultural decorrente da globalizaç­ão, o colóquio relembrou o seu posicionam­ento sobre o assunto, quando noutra ocasião a irmou: “Nesta era da globalizaç­ão, em que os valores da cultura universal e as normas da civilizaçã­o ocidental se disseminam sem fronteiras, quem não é capaz de preservar os valores da sua identidade, e transformá­los em contributo ao processo global, ica sem expressão”. Eco do Renascimen­to Cultural Africano O ex-presidente da República da Namíbia, Sam Nujoma, num dos pontos da sua intervençã­o faz uma intersecçã­o entre o papel do Chefe de Estado da República de Angola, o Presidente José Eduardo, de promotor da arte e cultura angolanas e os desa ios culturais que o continente berço atravessa.

Regozijado, felicitou o Governo e o povo de Angola pela sábia liderança do presidente José Eduardo dos Santos, quanto à incorporaç­ão das línguas nacionais no currículo educaciona­l bem como em dispositiv­os electrónic­os e de impressão para a promoção dos valores tradiciona­is africanos num país de diversidad­e cultural.

Por outro, realçou ser oportuno nesta oportunida­de de se falar da dimensão cultural do Presidente José Eduardo dos Santos, ser sensato lembrar que a África deve continuar a lutar contra o colonialis­mo, em prol da descoloniz­ação cultural, psicológic­a e do conhecimen­to: “A regeneraçã­o cultural em África deve começar com o regresso às nossas raízes culturais abandonada­s, com vista a dinamizar os nossos recursos, para o desenvolvi­mento e bem-estar da sociedade. Por esta razão, a Organizaçã­o da Unidade Africana adoptou a Carta Cultural de África em 1976, transforma­da, em 2006, pela União Africana, em Carta do Renascimen­to Cultural Africano. Estes dois instrument­os visam a renovação e desenvolvi­mento da cultura africana”, aludiu.

Contextual­mente, reconheceu ser chegado o momento de recuperarm­os a nossa própria dignidade e a irmação, através do que propõe como “Auto Validação da nossa identidade africana”, uma espécie de política de busca do nós antigo e de reconhecim­ento e a irmação do nós novo: “Vamos voltar aos nossos valores culturais abandonado­s”, lançou o desa io. Veia compositor­a “Da sua veia musical conhecida do grande público, é imperioso cantar as músicas compostas pelo Presidente José Eduardo dos Santos”, apontou o músico Carlos Lamartine, que cantou trechos da músicaKapu­to Mwangolê, talvez a mais conhecida e mais tocada música ligada à igura do Presidente enquanto homem da arte da música. O depoimento do músico Carlos Lamartine sobre a sua ligação a José Eduardo dos Santos icou acentuado como um relato de grande importânci­a futurament­e impresso em livro. Lamartine lembrou que travou amizade com José Eduardo dos Santos, quando transita para o liceu, num momento muito especial da sua juventude, lá para os inais da década de 50, altura em que ingressa no Liceu Salvador Correia e desenvolve com o mesmo uma relação profunda, cheia de soberbas memórias de enlevo da música e cultura angolanas. Nessa altura conhece também o jovem José Mendes de Carvalho, Garcia Neto, Deolinda Rodrigues e outros nomes que marcariam singularme­nte o cenário da urbe luandense e dos musseques Sambizanga, Marçal, São Paulo, Rangel e Bairro Indígena.

À procura de novas amizades, Lamartine conta que via José Eduardo Santos a tocar violão no Bairro Marçal, no lado de trás da casa da estimada Engrácia Menezes, mãe de Lourdes Van-Dúnem que, com o seu grupo de amigos da cantora saíam para animar e fazer serenatas. Lamartine assistiu e participou em muitas dessas rodas musicais. Lamartine já estava enquadrado na música e também já tinha travado contactos com o Bonga e outros. Aliás, muitas dessas rodas se passavam em casa de Bonga e em outras em casas do Marçal.

Esta relação de dois artistas se estende durante décadas, ateando entre ambos a con iança de Lamartine interpreta­r as composiçõe­s escritas por José Eduardo dos Santos.

Ainda nas vestes de coordenado­r da Comissão de Organizaçã­o do I Congresso do MPLA, José Eduardo dos Santos delega a Lamartine a magna missão de gravar uma composição com letra e música da sua autoria para saudar a realização deste importante evento

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Presidente da República José Eduardo dos Santos ao receber o antigo Presidente da República da Namíbia Sam Nujoma

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