Jornal Cultura

“Paga que paga” dá Top dos Mais Queridos a Ary

Na oitava edição

- Matadi Makola

Omomento dos espectácul­os foi aberto por Mito Gaspar, artista convidado da noite que deu um toque musical bem da terra num espaço de 30 minutos. Salteando de temas e rebuscando sucessos dos seus três discos, com destaque para “Man Pole” e “Mana Minga”, assumindo-se, mais uma vez, como “homem de Kimbundu”.

Do kimbundu para o português, Ary canta a seguir o tema “Paga que Paga”, com o qual se consagra grande vencedora do concurso Top dos Mais Queridos 2014 com 23.87 por cento dos votos, anualmente realizado pela Rádio Nacional desde 1982 e cujo último vencedor foi Matias Damásio, com o tema “Kwanza Burro”. A música foi escrita pelo seu contemporâ­neo Kiyaku Kada i e contemplad­a no projecto musical de Chico Viegas, “Calor Tropical”.

No culto de estar como artista, o seu jeito descontrol­adamente extroverti­do agrada a muitas fãs, adicionado à febre da cultura do corpo das actuais estrelas pop, parte da sua comunicaçã­o como artista. Dada como a diva da música em 2007, no ano seguinte repete a proeza e acrescenta ainda a categoria de diva do momento. Ary é das cantoras angolanas de maior carisma junto do público feminino de diferentes faixas etárias, com um repertório musical que inclui os sucessos “Como te sentes tu”, “Vai dar bum”, “Teu grande amor”, “Dá só”, “Betinho”, “Bola pra frente”, “Escangalha”, “Carta de amor”, repartidos em kizomaba, semba e tarraxinha. O tema “Paga que paga” não constitui novidade temática nem melódica. É mais um número musical com os condimento­s habituais, em que a cantora faz uso de questões domésticas do lar e das aventuras e desventura­s do viver o amor à moda libertária dos dias de hoje. Da ousadia e sugestão de quebra de alguns comportame­ntos tabus até então modeladore­s do cônjuge feminino e impressos nas suas músicas como situações “caricatas”, algumas das letras interpreta­das por si tomam a causa da luta feminista.

Era certeza que uma vez ganharia, a inal são oito vezes em que se destaca entre os dez inalistas do Top dos Mais Queridos, chegando mesmo a atingir o segundo lugar na edição de 2008 com a música “Teu grande amor”. Nascida na Huíla a 10 de Agosto de 1986, a cantora se estreia no mercado com o disco de originais “Sem substituiç­ões”, em 2007. Kyaku Kyadaff Dada como uma das mais fortes candidatas ao prémio, a música “Entre sete e sete rosas” é sem sombra de dúvidas a sensação do momento no circuito comercial da música angolana. Autor e intérprete, Kyaku Kyadaff conseguiu o prémio Coca-cola, um cheque avaliado em 1 milhão de kwanzas.

Mas não foi só isso. O músico disse ao Cultura que se sentia duas vezes vitorioso pelo facto de ser o primeiro artista escolhido a receber o prémio revelação Coca-cola e por ser o autor da letra da canção vencedora, “Paga que paga”, interpreta­da por Ary.

Ainda sem disco no mercado, anteviu que talvez com isso os patrocínio­s venham e que até ao im do ano os fãs possam comprar o esperado álbum.

Deste sucesso, destaca que a sensibilid­ade da população combina com a sua música e que isso tem dado grandes resultados, tendo em conta o lado positivo das composiçõe­s de sua autoria. O tema, diz, levanta um conteúdo social profundo. Quanto a projectos e agenda, disse estar a trabalhar duro e que tem agendada viagens com destino a Paris, Portugal e Moçambique, a dar continuida­de ao trabalho.

Se é ou não um novo Kyaku, a lembrar o talentoso trovador que muitas vezes enchia de orgulho os presentes das casa União dos Escritores e Faculdade de Letras com ritmos que fogem da gama comercial, disse, primeirame­nte, estar muito satisfeito com o que tem feito nos dias que correm. Garantiu ser apenas uma simples simbiose: “Uma adaptação entre a primeira e segunda realidades musicais. Há apenas uma pintura ou aceleração rítmica. Não vou fugir a tendências afro muito mais caracterís­ticas. O processo de edição disco leva em consideraç­ão esta dualidade, até porque o tema carrega no fundo ambas facetas”. Edy Tussa Com um público habituado a vê-lo de fato e gravata, Edy Tussa apareceu de missangas e tronco nu, e da indumentár­ia questionam­os: “Espelhar bem a raiz. Seguir a indumentár­ia de Tony do Fumo”, disse. Com 17,1 por cento dos votos, interpreto­u a música Monami (original de Tony do Fumo) e conseguiu o terceiro lugar, arrecadand­o um cheque de 700 mil kwanzas. Yanick “Às vezes, nem nós conseguimo­s adivinhar os motivos da nossa presença num mercado que cada vez mais se torna competitiv­o. O público apostou no seu músico e eu ico feliz por terem acreditado em mim, principalm­ente a fazer um estilo que não é aceite por todos. Isso mostra que já temos uma nova mentalidad­e. Já há algum tempo que o rap tem dados passos nas vendas e nos shows, traze-lo aos prémios foi os ganhos dos anos mais recentes”, disse o raper Yanick, segundo vencedor com 17.25 por centos dos votos, arrecadand­o um cheque no valor 1 milhão de kwanzas.

Em particular, o rap foi a pérola da noite, trazendo três participan­tes, Yanick, autor de “Lição de vida”; Dji Ta i- nha, autor de “O próprio wi”; e NGA, autor de “Mesmo assim”. A apresentaç­ão do raper NGA foi dos momentos mais altos. Muito aceite pela juventude, o toque magistral da guitarra de Tedy marcou o momento como um dos mais signi icantes da noite, pela grande interacção conseguida, embora não tenham conseguido nada.

Contudo, a indumentár­ia pouco aceitável de alguns (com as cuecas à mostra) foi um dos pontos negativos. Foram dos mais aplaudidos e é actualment­e um dos géneros musicais cuja mensagem in luência uma boa parte da juventude, daí a necessidad­e de pautar por uma conduta digna do momento.

Dos concorrent­es em geral, a vontade do público recaiu pouco para os restantes Baló Januário, intérprete de “Boca na botija”; Anselmo Ralph (ausente), Bruna Tatiana, autora de “Meu tudo”, e Legalaize, autor de “Mira mira”.

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