ESTRICTORES NA LUTA REVOLUCIONARIA DA AFRICA
Os escritores desempenharam um papel de destaque no processo de libertação nacional dos povos africanos; prova disso são as obras de escritores de notável talento, a saber, Frantz Fanon, símbolo do lugar das ideias nesses combates. Os poemas escritos por Agostinho Neto no exílio em Cabo Verde foram um factor de mobilização das consciências. Ali Neto produziu essa obra monumental intitulada Sagrada Esperança. Aqueles que deram como legado obras de teatro da história da África, tais como Condetto Nenekha- importante lembrar, ainda, Aimé Césaire, com cuja poesia exerceu grande influência em autores como Frantz Fanon, Edouard Glissant, seus alunos. Seu pensamento e a poesia marcaram os intelectuais africanos em suas lutas contra o colonialismo e a deculturação Não se pode ignorar o exemplo dos cultores do panafricanismo, desde Henry Sylvester Williams, William Edward Burghardt Du Bois, Marcus Garvey, Cheikh Anta Diop, Nnamdi Azikiwe, Georges Padmore, Kwame Nkrumah y Julius Nyerere, entre outros.
Na década dos anos 30, artistas africanos residentes na Europa criam o movimento nacionalista cultural africano que mais influenciaria a criação artística posterior, conhecido por vários nomes: “negritude”, “autenticidade”... Um movimento contra a colonização da mente africana. Processo em que literatura e política estão tão ligadas que é difícil se era um movimento cultural a influir na actividade política ou ao invés. O senegalês Léopold Sédar Senghor que contribuiu para sentar as bases do mesmo e é considerado seu principal representante, junto com Fodeba Keita, Dadié Cofi e
Éoutros, valer-se-ão de revistas como (Paris),
(Kampalas e Accra) para transmitir suas idéias. Este movimento compreendia escritores tais como Jean-Joseph Rabeanvelo (Madagascar), Tchicaya U´Tamsi (Congo) e Yambo Ouologuern (Mali) que se uniriam ao mesmo para a defesa da existência de uma literatura africana, o combate do imperialismo cultural europeu e pelo desenvolvimento de uma cultura africana.
Sem dúvida, esse rico processo foi bem importante e ao concluir a Segunda Guerra Mundial, o africano que participou da contenda bélica, sentiu haver ganhado o direito à liberdade e à independência. Essa cumulação de fatos e circunstâncias reforçou nele, uma série de ideias e princípios que a UNESCO qualificou da seguinte forma:
Sete temas, relacionados entre si, serão, onde se manifestarão as ideias da “autenticidade”.
O primeiro é a oposição entre o passado e o presente da África. Frequentemente, o tratamento deste tema revela uma nostalgia profunda, uma idealização do passado. Claro exemplo é a obra de Jomo Kenyatta. ly- Camara com Continent- Afrique e Amazoulou, bem como Henry Lopes com Tribalices. São obras feitas com um olhar africano e, portanto, constituem contribuições de singular importância para o fortalecimento da personalidade e a consciência africana. Para este conjunto de poetas e escritores o centro era a poesia com o homem e a independência. E a poesia julga-se por todos como a máxima expressão da espiritualidade dos povos, das civilizações através da história.
O seguinte tema é o conflito entre a tradição e a modernidade. Continua a estar a actualidade na literatura contemporânea.
O terceiro tema, a oposição entre o mundo autóctone e o mundo forâneo. É a manifestação da oposição entre a supremacia das tradições autóctones e as tradições importadas. Chinweizu (Nigéria), Okot p´Bitek (Uganda), Ali A. Mazrui (Quénia) e Julius K. Nyerere (Tanzânia) são exemplos da independência cultural africana. No terreno do espiritual, eles defendem a existência de cosmogonias autóctones próprias e anteriores a importação do pensamento grego transmitido pelo cristianismo. Os africanos dizem que suas divindades são “fortes”, mas nunca “omnipotentes”, os homens são “sábios”, mas não “omniscientes”, seus espíritos são “hereditários”, mas não “eternos”...
O quarto tema da literatura deste período, que continua a ser actual, é o conflito entre o indivíduo e a sociedade, entre os direitos privados e o dever público. Acreditam que o conceito de propriedade privada foi introduzido pelo capitalismo ocidental. Um exemplo é Joseph A. Lijembe, que des- creve como ele descobriu o princípio de propriedade após ter deixado sua família para ir estudar em uma escola de carácter ocidental: “Em casa nunca havia me preocupado sobre coisa de propriedade que pudesse chamar de “minha”. Na escola, descobri que eu possuía objectos que, durante um tempo, eram meus. Tive de começar a aprender a fazer com que respeitassem minhas coisas, as coisas dos meus amigos de classe e as de minha escola em conjunto”.
O quinto tema, nomeadamente durante os anos 60 e 70, é o dilema entre o socialismo e o capitalismo, entre capitalismo e imperialismo. Era uma conclusão lógica. Se o socialismo opunha-se ao capitalismo e o nacionalismo africano opunha-se ao imperialismo, ambos, socialismo e nacionalismo africano estavam chamados a encontrar-se. Os escritos de Frantz Fetlock, Ousmane Sembene, Ayikwei Armah, Chinua Achebe ou Wole Soyinka, aos exemplos deste tema. Em 1988 — dois anos depois das homenagens a Wole Soyinka—o Prêmio Nobel da Literatura voltava à África. Essa vez era Naguib Mahfuz, o novelista contemporâneo mais importante do Egipto,