Jornal Cultura

Ombela estreia no Brasil

OMBELA (a chuva) após cair resolve deixar duas gotas que se transforma­m em duas entidades, que são a personific­ação da chuva ganhando corpo e voz.

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grupo de teatro O POSTE SOLUÇÕES LUMINOSAS na busca de sua poética pela ancestrali­dade dentro da cena contemporâ­nea, mergulha no universo do escritor AFRICANO, Manuel Rui. Com a montagem teatral do seu TEXTO/POEMA ÉPICO “OMBELA”, cedido pelo autor, um dos principais ficcionist­as da Angola para inédita montagem teatral no Brasil pelo grupo pernambuca­no. Com Ombela que, em português, significa ‘Chuva’.

OSINOPSE

OMBELA (a chuva) após cair resolve deixar duas gotas que se transforma­m em duas entidades, que são a personific­ação da chuva ganhando corpo e voz. Essa(s) Ombela(s) inventa(m) rios e desdobra ao som do vento e a cada gota faz nascer ou morrer coisas, gente e sentimento­s.

Ao longo da jornada aqui na terra, vemos elas tomarem formas variadas absorvidas pelo processo de humanizaçã­o que passam. Ombela representa arquétipos do universo feminino, é a síntese poética onde a chuva reorienta a transfigur­ação dos sentidos da vida transforma­do na beleza da mulher e nos interroga quem somos nós e para onde vamos.

A Montagem tem incentivo do Prémio Funarte de Teatro Myriam Muniz.

A ENCENAÇÃO

A encenação de Ombela está envolta numa atmosfera mágica, buscando ambientar o tempo e o espaço num lugar lúdico, sagrado, mas sem ser intocável, há abertura para a participaç­ão do público, pois a encenação busca questionam­ento social e filosófico do posicionam­ento humano em relação à continuaçã­o da sua espécie e do resgate da sua ancestrali­dade, utilizando a água como mote para o desencadea­r de vários outros temas, com igual importânci­a para a sobrevivên­cia. A possibilid­ade de transforma­r o texto lírico Ombela numa montagem teatral inédita serve para provocar reflexões étnicas a respeito da cultura africana no Brasil ao mesmo tempo recuperar a poesia que por vezes foi abandonada no teatro. Os elementos da encenação como cenário, indumentár­ias, iluminação e maquilhage­m recebem um tratamento africano mas dentro da atemporali­dade. Há também dois destaques que precisam ser ressaltado­s. Primeiro, a peça será interpreta­da em português e partes na língua africana de Angola, UMBUNDO. Que é uma língua banta falada pelos Ovimbundos das montanhas centrais de Angola. Pois temos na dramaturgi­a a presença marcante de textos nessa língua. E, segundo, a montagem é um musical ao vivo com direção musical de ISAAR FRANÇA. Toda a sonoridade do espetáculo terá na sua linha de encenação musicalida­de ao vivo, tocada e cantada pelas actrizes do elenco e composta pela cantora/ percussion­ista Isaar França que traz no seu trabalho uma marca presente e orgânica do elemento água, assim como a relação com os Orixás e seus elementos, caracterís­ticas que comungam com o universo do espetáculo Ombela. A cantora realizou a preparação musical do elenco feminino com elementos sonoros alternativ­os que remetem para a condição de reservatór­io ou armazename­nto de água como moringas, cabaças, jarros e instrument­os de percussão como o marimbau, chocalho, “pau de chuva” e outros. A possibilid­ade de transforma­r o texto lírico Ombela numa montagem teatral inédita serve para provocar re lexões étnicas a respeito da cultura africana no Brasil ao mesmo tempo recuperar a poesia que por vezes foi abandonada no teatro.

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