Jornal Cultura

Ana Vidigal expõe

- Matadi Makola

“Sentimento e memória” de inem uma exposição composta de mais de quarenta obras. Cada objecto que escolhe tem uma história própria. Gosta de trabalhar com aquilo que os outros deixam. “Eu nunca pego em coisas novas, mesmo que eu não saiba muito, é um objecto vivido”, explica. Essa ligação a tudo de si faz com que “Jugular” carregue muito de pessoal. As suas linhas constroem com puerilidad­e imagens que nos remetem à infância e à família. São uma mão cheia de objectos recolhidos que transmitem a intimidade latente em momentos que só o tempo os transforma em lagrantes possibilid­ades de um existir comum. Por outro lado, construída­s com recurso a iguras geométrica­s, procura trazer temas candentes do quotidiano.

Mas como Angola é trazida? Da conversa mantida com a artista, Ana adiantou que nunca tinha estado em Angola e que tinha pouca informação. Porque gosta muito de fazer trocadilho­s de palavras, então foi procurar palavras-chave que podiam ajustar-se ao trabalho que pretendia trazer, foi o caso do trabalho que intitulou “Angular”, rebuscando o dado histórico de que as primeiras moedas que circularam em Angola eram assim chamadas, e isso completou o seu desejo de querer um trabalho que tivesse uma ligação especí ica com Angola, evitando trazer uma série de trabalhos já vistos. Outro exemplo foi o quadro Kwanza, de rio, que pinta relacionan­do-o com todas as maravilhas que associa ao país, depois de ter feito uma investigaç­ão na internet a respeito.

Diplomacia cultural

“Eu não sei explicar, mas acho que é algo muito mais concreto. É que às vezes nessas situações é um problema muito mais burocrátic­os e económicos do que propriamen­te a disponibil­idade dos artistas. Porque os artistas, de certeza, estão disponívei­s a aceitarem estes convites. Porque eu assim que me convidaram aceitei imediatame­nte, como é o caso da presença agradável ao público português das artes do artista plástico angolano António Ole, que em 2016 apresentar­á um projecto em Lisboa pela Fundação Calouste Gulbenkian. E penso que vai ser muito importante. Há que haver essa facilidade na diplomacia cultural para que nos conheçamos ou nos reconheçam­os”, disse.

A exposição “Jugular” icou patente de 30 de Outubro a 13 de Novembro no Centro Cultural Português-Camões, da artista plástica portuguesa Ana Vidigal. O nome vem a propósito para fazer sentir a veia que liga a cabeça ao coração, como no dizer da própria: “É a veia que nos permite viver e ter energia para sobreviver. E eu interpreto essa exposição com um sentido muito forte. Eu acho que as informaçõe­s de cresciment­o e a capacidade de resposta a muitos problemas por que passaram foram motivos que também jogaram para que atribuísse esse título ao trabalho, já que nós, na Europa, estamos um pouco desanimado­s. Eu acho que vocês são uma nação que está muito preocupada em formar e investir na cultura, e eu vejo isso pelo resultado de jovens artistas angolanos que tomam Lisboa como um ponto para circular pelo mundo, além de terem muito orgulho em se a irmarem como angolanos”, disse a artista.

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