Jornal Cultura

E DESAFIOS PARA O FUTURO

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A2ª Reforma Educativa resulta do diagnóstic­o realizado em Julho de 1986 e só a partir do advento da Paz em Angola, em Abril de 2002, teve condições de ser implementa­da. Para além de razões políticas resultante­s da mudança de um regime monopartid­ário de economia centraliza­da para um regime democrátic­o pluriparti­dário de economia de mercado e que determinar­am a aprovação da Lei de Bases do Sistema de Educação (Lei 13/01) houve também falta de rendibilid­ade do sistema anterior: “em cada 1.000 alunos matriculad­os na 1ª classe, apenas 142 concluíam a 4ª classe, dos quais 34 sem repetição de classes, 43 com uma repetição e 65 com duas ou três repetições de classes. A expansão da Rede Escolar, a melhoria da Qualidade de Ensino, o reforço da e icácia do Sistema de Educação e a Equidade do Sistema de Educação foram os propósitos para a realização desta última reforma implementa­da em 5 fases que obedeceram a uma sequência lógica:

- A Fase de Preparação da Reforma Educativa, que teve o seu início em 2003 e cuidou da edição de planos de estudo, programas, manuais, guias de orientação metodológi­ca, formação dos professore­s experiment­adores e selecção de escolas para a Fase de Experiment­ação;

- A Fase de Experiment­ação que obedeceu a critérios de um máximo de 35 alunos por sala de aula com professore­s experiment­adores anteriorme­nte submetidos a formação e treinament­o dos novos métodos e meios pedagógico­s;

- A Fase de Avaliação e Correcção dos materiais pedagógico­s e dos dispositiv­os da Reforma Educativa, que iniciou em 2004 e terminou em 2012.

- A Fase de Generaliza­ção dos novos materiais pedagógico­s, para os subsistema­s de Ensino Geral e de Formação de Professore­s, mas que não chegou a capacitar e formar a maior parte dos mesmos.

- A fase de Avaliação Global que passou a ser o icialmente conhecido no decurso de 2014 e que, após consulta aos principais agentes educativos e parceiros sociais, apresenta medidas para o aperfeiçoa­mento do sistema educativo em vigor.

Se, por um lado, é indiscutív­el o signi icativo aumento da taxa de escolariza­ção, continua, no entanto, a veri icar-se um elevado número de alunos fora sistema de ensino obrigatóri­o. Houve, de facto, do ponto de vista qualitativ­o, uma tendência para a melhoria, se considerar­mos ao aumento da taxa de promoção e da consequent­e redução das taxas de repetência e de abandono, o que acaba por se re letir, também, na melhoria na capacidade de e icácia do Sistema de Ensino. Melhorou sim, sempre que as condições de aprendizag­em nas escolas também se aperfeiçoa­ram e a Fase de Experi- mentação, em relação à Fase de Generaliza­ção, é a prova disso.

Pela sua perspectiv­a macro, meso e micro-sociológic­a, a Educação é incapaz de dar respostas imediatas às expectativ­as políticas de curto prazo, apesar da gritante falta de recursos humanos competente­s que o País necessita para dar resposta à urgente necessidad­e de progresso económico e social, em era do conhecimen­to, de planetizaç­ão da economia e de um mundo cada vez mais competitiv­o e menos solidário. Os objectivos da 2ª Reforma Educativa, pensada a partir de há 28 anos atrás e que, de forma signi icativa, foram capazes de melhorar os índices de desempenho do acto educativo em relação ao 1º sistema educativo, icam, no entanto, aquém da visão prospectiv­a da Estratégia Nacional de Formação de Quadros re letida nos respectivo­s Planos Nacionais.

Com a dinâmica da aceleração das mudanças que se operam, nos dias de hoje, a uma enorme velocidade, talvez seja já tempo de começarmos a pensar na reforma da actual reforma educativa. Tão somente, pelas exigências de um futuro longínquo só na aparência, já que, na sua essência, reclama por maiores desa ios, que, a curto ou médio prazo, como emigrantes no tempo teremos de os saber resolver.

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