Jornal Cultura

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Um dia, a minha namorada questionou-me: “o que é que achas do antes e depois do Eduardo White?” Lembro-me que não levei segundos a responder-lhe: “Para os poetas não existe o antes e muito menos o depois, para os poetas só existe poesia” – disse eu!

Carregou o semblante, arregalou as sobrancelh­as e aguçou a voz, mas não disse absolutame­nte nada. Pois, a mi- nha resposta parecia ter tido um efeito dominó, ela não teve hipóteses de uma outra questão, fui cogitando a respeito do silêncio dela. Pensei como deveria dizer-lhe em outras palavras, que fossem mais simples, o que dissera; cheguei à conclusão de que aquela foi a única forma simples de de inir um poeta.

Ora vejamos. O individuo, enquanto individuo, só é isso e nada mais, um simples humano, isto é, uma simples criação. Como criação, vários limitamse a ceder às vontades do corpo, tornam-se escravos de qualquer obediência vinda deles mesmos. Nascem e somente vivem porque sabem que irão morrer; esses tem na morte o seu maior terror, por esse terror levam a vida de forma drástica. Por esse respeito, submetem-se e prematuram­ente, sem na vida algo se tornarem, realizam-se, extinguind­o-se na morte. Que ique claro, todos os que se vão, sem algo criado, se foram prematuram­ente, por mais anos que tenham vivido.

Os poetas não temem a morte, têm consciênci­a dela, e deles enquanto seres criadores. Os poetas criam várias mortes ao longo da caminhada e vivemnas, quando a morte do indivíduo aparece, eles não morrem, o individuo neles é quem se vai, eles icam a vaguear num mundo criado por eles mesmo.

Um dia li que Mayakovski se suicidou, que Hemingway fez mesmo, atrevo-me a contradize­r todos que assim pensam. Esses poetas tiraram o que de comum tinham: o indivíduo!

Não quero concordar com aquela iloso ia que postula que o corpo é apenas a jaula da alma, se assim fosse, os indivíduos, todos eles, libertar-se-iam com a morte, o que provavelme­nte po- de ser. Enquanto os poetas, sem abstracção nenhuma, vivem!, sem antes nem depois, simplesmen­te vivem e os outros os vivem, os celebram, na medida que com eles conversam, brigam, seja lá o que for. Se preguntass­e a qualquer um: o que realmente importa? Teria várias respostas, mas, quanto a mim, só o viver me importa e os poetas o fazem eternament­e.

Quis dizer à minha namorada que Eduardo White, assim como Mayakovski, Hemingway e outros todos poetas vivem, vivem-nos e a poesia vive deles.

Não tenho dúvidas e nem pretensões superstici­osas em a irmar que o poeta Eduardo White está nesta hora no país por ele mesmo criado, sentado para a janela do Oriente, quando lhe apetece beber uma cerveja no Pulmão ou nas barracas do Museu, ao despedir-se do seu amor, dizendo: até já coração. Pode mesmo estar agastado com as mortes dos Homoines que existem pelo mudo que ele consegue ver a partir da sua janela.

O poeta que escreve e vive na mesma intensidad­e que ama a vida e as coisas da vida, dirá sempre que o sol raiar: bom dia, Dia. Para que seja o Dia em si bom para todos os que o vivem.

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Eduardo White

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