Jornal Cultura

“Histórias do avô Lusende” Padre Silvino Mazunga e a tradição oral Ibinda

- LEONOR MABIALA | Cabinda

lições de vida que se colhem da condu- ta para uma vida feliz equilibrad­a e justa, baseada no conhecimen­to hu- mano, no respeito do próximo e no es- pírito de inter-ajuda. A governador­a de Cabinda, Aldina Ensino das línguas maternas da Lomba Catembo, presente na ceri- mónia do lançamento do livro, que de- correu no anfiteatro do Instituto Poli- téecnico de Saúde, apontou que a obra vai contribuir para o resgate de valo- res culturais no seio da população, principalm­ente da camada estudantil.

Por esta razão, recomendou a Se- cretaria provincial da Educação, Ciên- cia e Tecnologia a introduzir, no pre- sente ano lectivo, o ensino da língua materna, já que as “Histórias do avô Lusende” contêm lições da tradição ku Munu” (amigo do prato) se transmi- dignificam a população local sem oral de Cabinda. te o conhecimen­to de que, apesar da complexos nem xenofobias. “Assu- Arlindo Isabel, da editora Mayamba, O padre Silvino Mazunga, um ho- vulnerabil­idade humana, todas as pes- mamos o que é nosso, a língua e as referiu que o livro retrata aspectos do mem que ultimament­e se tem dedica- soas têm virtudes e defeitos. tradições sem nos fecharmos ao resgate da literatura oral ligados com do à escrita, lançou muito recentemen- Nesta fábula, o autor retrata igual- mundo e caminhemos lado a lado contos da tradição oral, valores morais te em Cabinda o livro “Histórias do avô mente que não se pode fazer mal ao com outros povos. Façamos das tra- e cívicos, que conduzem o ser humano Lusende”, que retrata fábulas da tradi- próximo, devemos respeitar as coisas dições que nos dignificam, da cultura para os princípios de resgate de valo- ção oral Ibinda, contadas pelos mais alheias e nunca nos apropriarm­os de- que nos faz dizer nós, um código de res e do reforço do patriotism­o. velhos e que contém lições de vida pa- las sem autorizaçã­o. Quem precisa de vida e de bem- estar para nós e as fu- Para o secretário provincial da Cul- ra a velha, nova e futura gerações. alguma coisa, que peça autorizaçã­o. turas gerações”, disse. tura, Euclides da Lomba, os conteú-

A Obra, com uma tiragem inicial de Deplora a mania das grandezas e Preocupado com um mundo melhor, dos do livro vêm correspond­er ao 200 exemplares, já à venda ao público aponta o caminho da sabedoria divina. com uma sociedade humanizada, com programa nacional do desenvolvi- cabindense, possui 49 páginas e foi Na última estória do livro “Cincolo- a formação das novas gerações e os pe- mento da cultura, estabeleci­do para o editada pela Mayamba, com ilustra- lo meso mandi m`situ” (a perdiz só vi- rigos e as debilidade­s que enfermam a período 2012-2017. Afirmou que os ções de Fernando Hugo Fernandes. ve no mato) ensina o saber ser e estar, tradição oral de Cabinda, o autor se contos fazem parte da cultura local na

As cinco fábulas, nomeadamen­te o advertindo sempre o outro para as propôs ao desafio de recolher alguns passagem de testemunho, principal- Lyela Li Nkuvu (A esperteza do Cága- surpresas da vida. dados do reportório dos antepassad­os mente das cinco fábulas que o autor do), Mangolo Ma Nzau (a força do ele- para escrevê-los em cinco fábulas. escolheu sabiamente. fante), Maswela Ma Ngando (Lágri- O objectivo que motivou o autor a Frisou que os provérbios são funda- mas do Jacaré), Ndiku Munu (amigo O padre Silvino Mazunga afirmou no escrever os contos do “Avô Lusende” mentais para a comunicaçã­o e a reso-

Reassumir os valores e tradições do prato) e Cincololo Meso Mandi acto de lançamento que a presente co- foi o de ajudar as novas gerações a te- lução de problemas na vida tradicio- M'situ (a perdiz só vive no mato), des- lectânea de contos é um pequeno contri- rem o hábito e o gosto pela leitura, pa- nal. “Os contos têm a finalidade de edu- crevem contos tradiciona­is da cultura buto para a vivência sadia de um povo, ra além, de despertar nos jovens o in- car e ensinar as pessoas a viver de for- de Cabinda, numa perspectiv­a didácti- pois como referiu: “um povo sem cultura teresse pela cultura e pela busca da vi- ma pacífica", acrescento­u, e finalizou co-pedagógica para o resgate e a re- é um povo sem identidade, tal como um vência quotidiana dos valores que dizendo que "este livro escrito em por- conquista dos valores morais, cívicos campo de jogos sem balizas e limites”. identifica­m a pessoa humana. tuguês e Ibinda serve como primeiro e patriótico­s do país. Considerou ser importante reassumir As fábulas do livro "Avô Lusende" passo para a introdução do ensino das

Todas elas terminam com autênti- os valores culturais e tradições que fazem parte do imaginário que aponta línguas maternas no sistema escolar”. cas lições para a vida e fazem a delícia dos mais pequenos e dos mais graúdos.

A primeira fábula "Lyela li Nkuvu” (a esperteza do cácado) aponta a ne- cessidade de se saber sempre com quem andar, o saber escolher as boas amizades, porque o amigo falso pode levar a pessoa até à morte. A segunda “Mangolo ma Nzau” (a força do elefan- te) ensina que o ser humano deve ser sempre bom e prudente, ouvir os bons conselhos, saber que em tudo a inteli- gência vale mais que a força.

Na terceira fábula “Maswela ma Ngan- do” ( lágrimas do jacaré) o autor explica como a hipocrisia é um mal nas relações sociais. Neste sentido, apela à lealdade, à honestidad­e, à transparên­cia e à hu- mildade na pessoa, bem como adverte ponderação na tomada de decisões sem precipitaç­ão, porque tudo exige calma e concentraç­ão. Na quarta “Ndi-

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O autor entrega o livro á Governador­a Aldina da Lomba
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O editor Arlindo Isabel e o Padre Silvino Mazunga

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