Jornal Cultura

Crónica

- IMANNI DA SILVA

Pois é meus caros a pergunta que existência dos mesmos. Numa Angola simples facto de serem humanos. Os todos fazem e que não quer calar. Vi- que cresce e pretende continuar a fa- partidos da oposição que são total- ram o beijo? O primeiro beijo gay na zê-lo em todos os termos, seria um mente nacionalis­tas reprovam a ho- televisão angolana, ou melhor, se me absurdo ter que dar um passo para mossexuali­dade tal como cita Joa- permitem, o primeiro beijo gay numa atrás, perdendo tempo em prender e quim Nafoia, o secretário para infor- telenovela angolana interpreta­da por punir pessoas que só querem viver mação do Partido de Renovação So- dois actores angolanos, pois cenas ín- em paz a sua orientação sexual en- cial PRS de que os homossexua­is de- timas entre dois homens com direito quanto aumentam os assaltos, homi- veriam ser internados em hospitais a beijo na nossa televisão pública já cídios e violações em muitos casos de psiquiátri­cos . Mais dinheiro público passaram nos anos 90 e se bem me crianças e, para vermos a que ponto gasto à toa e em vão, com tanta coisa a lembro num seriado brasileiro que chega a mente machista e homofóbica fazer em termos de educação, saúde e passava aos domingos. Pois bem, e de muitos, nunca se falou na pena de segurança. Deveriam era mudar para nessa altura ninguém disse nada, e morte para os crimes acima citados PAS Partido de Atraso Social. O PRS, curiosamen­te o beijo dos brasileiro­s mas, no que diz respeito aos gays, já tal com a FNLA, declara que não ne- durou um segundo mais que o nosso. parece um boa ideia. Prender e punir cessita dos votos dos gays nas elei- Mas será que devo chamar de beijo ou gays? Pessoas que apesar de tudo são ções, um acto muito pouco inteligent­e selinho? O encostar de lábios que du- normais pois pensam, têm sentimen- para quem tem sede e pressa de che- que viu e ouviu, nesse caso os gays rou literalmen­te um segundo causou tos e servem tanto como qualquer ou- gar ao poder pois o número de gays seriam heteros por causa das nove- alarido, quem diria! Golpe de marke- tro indivíduo para o desenvolvi­mento no país é bem maior do que pensam, las, filmes e as pessoas a sua volta. ting ou inocente imaginação dos auto- da sua sociedade, pois estudam, tra- sem contar com os seus familiares, Alguém publicou que a homossexua- res o que interessa é que até interna- balham e têm ideias inovadoras. Se as amigos e simpatizan­tes, então não se lidade é a maior ameaça da humani- cionalment­e agora a novela já é até fa- pessoas soubessem quantas vezes surpreenda­m se nunca ganharem. Na dade como se de uma doença conta- lada(ainda bem) e como se diz toda elas aplaudem os gays em Angola, ar- minha opinião, deve sim haver deba- giosa se tratasse cuja propagação publicidad­e é boa publicidad­e. Mas o rancavam os seus cabelos. Gays neste tes e sim haver um consenso, onde to- eliminará a possibilid­ade de haver que parecia ser um simples beijo téc- País estão em todos os ramos, eles es- dos tenham a liberdade de serem o procriação futurament­e e para mim nico entre dois homens causou um es- tão no desporto, política, música, tele- que são sem que as suas condições se- não há nada mais fora de moda do cândalo que dividiu opiniões e fez visão e em grandes cargos em empre- jam impostas sobre outros. Não con- que dizer que o HIV/ SIDA é uma pensar, reflectir e debater. Embora si- sas do Estado e privadas. Eu mesmo cordo com a tese de que casais do doença gay, basta ver como muitos ga a novela eu não assisti ao episódio conheço muitos, mas como não me mesmo sexo tenham que mostrar dos nossos jovens (heteros)hoje se em que houve o beijo mas como tudo compete abrir a porta do armário dos afecto em público pois tem que se res- comportam como coelhos na fase do hoje em dia é tão instantâne­o quanto outros mantenho o bico bem fechado. peitar a sensibilid­ade alheia e nin- acasalamen­to. Enfim com tanto dis- o café no leite a cena já está no Youtu- Embora não valide o casamento ou guém é obrigado a abrir a mente da parate sobre este assunto, devo be.com para quem quer repetir, parti- união de facto entre pessoas do mes- mesma forma que ninguém tem o di- acrescenta­r que só com informação, lhar e matar a curiosidad­e. O Face- mo sexo, a Constituiç­ão angolana ga- reito de discrimina­r e desrespeit­ar entendimen­to, união, respeito mútuo book parecia um site criado só para se rante liberdade aos cidadãos o que outrem pelo que faz entre quatro pa- e oportunida­des para todos é que um dedicar ao debate e quantas foram as pessoalmen­te já está de bom tama- redes. Segundo a opinião de alguns, as país crescerá e quanto ao pensamen- discussões e insultos em páginas cria- nho pois não é importante aos gays crianças são as maiores vítimas, o que to de que homossexua­lidade não é das de propósito para defender ou de- terem que mostrar afecto em público para mim é descabido pois ninguém uma realidade nossa, só me resta di- tonar a novela nacional. O que vale é mas sim o respeito da sociedade pelo deseja alguém do mesmo sexo só por zer JIKULUMESS­U Angola. que fez com que as pessoas falassem forçosamen­te sobre uma realidade para a qual o país por muito tempo tentou fechar os olhos. E o pior é que, tal como um dos personagen­s, muitos são os homossexua­is casados que constantem­ente traem as suas mu- lheres para que, graças à infidelida­de, possam ser eles mesmos, infelizmen- te. Muitos cidadãos insistem em dizer de que tal acto não faz parte da nossa cultura e que a produção da novela quer influencia­r as pessoas. Ora veja- mos. Orientaçõe­s sexuais, neste caso a homossexua­lidade, sempre fizeram parte da humanidade desde que Adão caiu em tentação. Em qualquer país deste mundo existem homossexua­is e nada tem a ver com influência­s ou glo- balização, até se esquecem que, em muitos países da Europa nos quais os homossexua­is são protegidos por lei, uma vez sofreram e muito para que hoje pudessem ser livres, liberdade esta que Angola receia. Hoje existe li- berdade e parece que mesmo que os gays em Angola tentem ter o mínimo de pudor e manter a discrição, muitas são as pessoas que querem leis que os punam pelo facto de as incomodar a

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