Jornal Cultura

Ora o de ava

- LUÍSA FRESTA

o sucinto segredo dos vastos espaços, que é serem olhados não na forma, mesmo que exata, nem na cor, ainda que fulgente, mas penetrar-lhes o resfolgar áureo e jacente, vapor e metano em sua esgrima ardente. Tudo é do tempo decreto – o degredo e o retorno à obscuridad­e amniótica de antes de haver dia com sua mortal luz sadia carcomendo estas chãs, maturando a vida nessa mar de penedia. […]»

Ao longo destas 207 páginas de puro deleite em que poemas austeros na linguagem mas ardentes no conteúdo se intercalam com fotos exuberante­s, embarcamos numa viagem ao centro da terra e sentimos o cheiro do enxofre; tacteamos a textura áspera dos rochedos, fundimo-nos na lava que adivinhamo­s esconder-se sorrateira­mente da audácia do fotógrafo Duarte Belo e dialogamos receosamen­te com a natureza. Tentamos perceber o seu murmúrio e conquistar os seus segredos através das imagens e da recriação do poeta e do fotógrafo.

JLT é um autorde referência no seu país e no mundo da lusofonia, premiado em Cabo Verde, mas também em Portugal, Brasil e Espanha. Uma igura mediática e sobejament­e identi icável, como resultado da projecção e reconhecim­ento unânime da sua obra poética, da qual citamos apenas alguns títulos (Paraíso Apagado por um Trovão, Prémio Mário António de Poesia 2004, atribuído pela Fundação Calouste Gulbenkian; Agreste Matéria Mundo, Prémio Jorge Barbosa). Despedimo-nos dos seus futuros leitores angolanos, retomando a apropriada citação de Carlos Drummond de Andrade, que o autor José Luiz Tavares inclui nas primeiras páginas desta obra: Meu nome é tumulto e escreve-se na pedra. ______________________

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