Jornal Cultura

LUSOFONIA O delegado "se confratern­izou" com os colegas

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Em 2009, o Colégio Estrela do Saber decidiu eleger, “a cada um ano, a começar de 2011, um 'delegado' de turma”.

O 'delegado' reeleito da turma CS1N do Colégio Estrela do Saber, Luís F. Silva, fez questão de agradecer, na terça-feira, aos 35 colegas que comparecer­am à sala 2.ª-feira.

De hoje até 3.ª-feira, “n” alunos vão poder, por intermédio do novo chefe de turma, propor algumas condições. Muito bem. No entanto, termina assim o seu artigo um velho professor do colégio V. F., ao comentar a reeleição de Luís Silva: "O delegado "se confratern­izou" com os colegas."O "se" dessa frase mostra mais um pontapé no verbo «confratern­izar».

1 de Janeiro é o Dia da Confratern­i- zação Universal. Como o próprio nome já diz, trata-se de uma data mais do que adequada para as pessoas confratern­izarem – e não "se confratern­izarem" – umas com as outras.

O verbo, com esse sentido, equivale a dar demonstraç­ões efusivas de amizade. Como é pronominal (rejeita o "se"), recomenda-se usá-lo desta forma: O delegado confratern­izou com os colegas (e não "se confratern­izou").

Não sei o que falta no ensino angolano quanto ao português.

Não admitindo o "se", consequent­emente, também não admite qualquer complement­o, como nesta frase infeliz, colhida alhures: "Na família, todos gostavam 'de se confratern­izar'".

Eu já a irmei aqui não só uma, mas várias vezes que em algumas das mi- nhas colunas, principalm­ente aquelas dirigidas ao ensino fundamenta­l, eu abro mão mesmo, consciente­mente, da correcção absoluta em nome da didáctica. É o meu feitio pro issional desde os primórdios. Mas, agora, que assinei uma coluna no jornal "O Crime", jornal de publicação quinzenal, surgiram uns e outros, bactérias a bem da verdade, que não querem entender isso. O que eles querem mesmo é o sangue, o sangue do autor, objectando este ou aquele ensinament­o. Ainda agora surgiu um sujeito aí, que se diz professor, amigo íntimo do autor que recomenda «Paga-me só um cartão de recarga (em vez de «Paga-me só um saldo»), «Não tenho dinheiro» (em vez de «Estou sem dinheiro»). É de doer, é de doer! Ah, perdoem-me, nem quero entrar no mérito.

'Portuguesi­smo nas línguas bantu', 'Dicionário de siglas e abreviatur­as angolanas', de Alexandre Chicuna

A partir de 3.ª-feira, com a publicação de dois livros sobre a língua portuguesa, um único assunto vai dominar o noticiário linguístic­o: as obras 'Portuguesi­smo nas línguas bantu' e 'Dicionário de siglas e abreviatur­as angolanas', que Alexandre Chicuna publicou há dias.

Luanda, 31 de Março de 20150405

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