O REGRESSO TRIUNFAL DE CONGO SATCHMO
E a principal característica da digressão empreendida em Leopoldville, em Outubro de 1960, pelo trompetista afro-americano Louis Amstrong , tournée que foi imortalizada pelo inevitável Joseph Kabasele na sua antológica canção – Okuka Lokole – na qual retoma A alcunha do cantor da Nova Orleães, Congo Satchmo. O Grand Kalle realça aí a virtuosidade instrumental da zona boémia de Storyville.
Cognome que colou bem ao compositor da ex- esclavagista Louisiana, nova terra de instalação massiva dos ntekua, Amstrong foi acolhido na capital do Congo recém independente numa tipóia como a imagem de um verdadeiro nfumu. O conjunto All Stars tocou no estádio Tata Raphael, perante 100 000
espectadores. Lenda viva em África, o instrumentista de Mississípi vem a Leopoldville, na sua vontade de promover universalmente o blues e o gospel, abençoar o African Jazz, o OK Jazz e o Rock-a-Mambo de Jean Serge Essous, que logo nos ins dos anos 50 modernizaram a música congolesa sem sintetizadores.
A sua passagem criou um verdadeiro quadro emulativo à semelhança das tórridas coreogra ias dominicais do Congo Square da No- va Orleans. Não é por acaso que Louis Amstrong atravessou o rio para o um concerto em Brazzaville.
E a concorrência entre os fazedores do jazz das duas margens, que muitas das vezes izeram parte dos mesmos conjuntos, será, durante anos, cerrada.
O jazz congolês seguiria a sua própria via, próxima da rumba cubana sem as particularidades de Satchmo: timbre de voz e improvisação.
Os objectivos da tournée de Amstrong foram artísticos mas igual e claramente políticos. Com toda a sua discrição e generosidade habituais, ele fora apoiar Patrice Emery Lumumba, vítima de cruéis intrigas, e que seria assassinado quatro meses depois.