A CRÍTICA COMO CONTRIBUTO PARA O DESENVOLVIMENTO CULTURAL
O texto que se segue traz uma re lexão em torno da crítica histórica e da polémica levantada sobre a análise da monogra ia da autoria de uma licenciada em Relações Internacionais versada nas relações económicas entre Angola e Portugal, ex-potência colonial. Pretende-se apenas elucidar algumas pessoas sobre o uso da crítica histórica como um dos métodos utilizados pelo historiador no contacto com as fontes históricas. Rousseau, Voltaire, etc.) e outras personalidades destacadas que abraçaram os ideias de Liberdade, Fraternidade e Igualdade.
No seio de alguns estudantes universitários prevalece a ideia segundo a qual o importante é ter diploma e com ele rentabilizar ao máximo o salário que infelizmente não é usado para a compra de livros. Quem desperta o colega para o debate em torno deste ou aquele fenómeno é mal compreendido, ofendido e ameaçado.
Este comportamento manifesta falta de preparação para o exercício da liberdade de pensamento, e consequentemente para a análise dos fenómenos que ocorrerem na sociedade que espera ver solucionados os problemas que a preocupam. Como reverter o quadro? Mais do que um simples grau universitário, a formação universitária, e não só, requer auto-didactismo. Isto é, a leitura e releituras de vários autores, síntese e a tomada de uma posição que poderá suscitar debate, re lexão entre os académicos. Neste contexto, o hábito da leitura deve ser cultivado, inicialmente, na infância, em casa e na escola. Infelizmente nem todas as escolas (públicas e privadas) estão apetrechadas com bibliotecas.
Na universidade, o cenário não difere muito do que acabámos de dizer. O consumo de bebidas alcoólicas,e a ostentação disto ou daquilo preenche a ausência do professor que nunca produziu sequer um fascículo.
Numa só palavra, a banalização da Academia (Sociedade do Conhecimento) é um facto constatável em Angola que, para além da re lexão, motiva a tomada de medidas para que se altere o quadroactual. Na rota para o desenvolvimento, Angola pre- cisa de quadros competentes, sejam eles técnicos médios ou superiores que irão, entre outros, conceber e desenvolver projectos culturais que contribuam para o seu progresso.
Enganados estarão os estudantes que confundem o diploma com a competência técnico-pro issional. O saber-fazer adquire-se com muitas horas de leituras e tempo de experiência. Do contrário, a incompetência condicionará o progresso na carreira pro issional e do País em geral.
Quanto à crítica histórica, ela aponta as insu iciências do trabalho de um historiador e motiva o refazer da História. Como hermenêutica, ela apresenta novas leituras sobre um facto histórico, porque a História além de ser uma narração é também interpretação deste ou daquele acontecimento. Neste sentido, a semântica de uma determinada língua constitui-se em ferramenta para o historiador no momento em que submeterá o trabalho do seu colega à critica de interpretação.
É possível discordar sem ofender; quem age à margem do respeito pela diferença de pensamento demonstra falta de urbanidade e arrogância, atitudes que não contribuem para a elevação do debate académico, sério, racional e construtivo.
Que a crítica no seio da academia angolana seja construtiva e feita com o propósito de melhorar a criação do produto cultural consumido pela sociedade, que ela seja um momento de diálogo frutífero entre os académicos que devem assumir as suas responsabilidades no processo de desenvolvimento cultural.