Jornal Cultura

A CRÍTICA COMO CONTRIBUTO PARA O DESENVOLVI­MENTO CULTURAL

- João N’gola Trindade

O texto que se segue traz uma re lexão em torno da crítica histórica e da polémica levantada sobre a análise da monogra ia da autoria de uma licenciada em Relações Internacio­nais versada nas relações económicas entre Angola e Portugal, ex-potência colonial. Pretende-se apenas elucidar algumas pessoas sobre o uso da crítica histórica como um dos métodos utilizados pelo historiado­r no contacto com as fontes históricas. Rousseau, Voltaire, etc.) e outras personalid­ades destacadas que abraçaram os ideias de Liberdade, Fraternida­de e Igualdade.

No seio de alguns estudantes universitá­rios prevalece a ideia segundo a qual o importante é ter diploma e com ele rentabiliz­ar ao máximo o salário que infelizmen­te não é usado para a compra de livros. Quem desperta o colega para o debate em torno deste ou aquele fenómeno é mal compreendi­do, ofendido e ameaçado.

Este comportame­nto manifesta falta de preparação para o exercício da liberdade de pensamento, e consequent­emente para a análise dos fenómenos que ocorrerem na sociedade que espera ver solucionad­os os problemas que a preocupam. Como reverter o quadro? Mais do que um simples grau universitá­rio, a formação universitá­ria, e não só, requer auto-didactismo. Isto é, a leitura e releituras de vários autores, síntese e a tomada de uma posição que poderá suscitar debate, re lexão entre os académicos. Neste contexto, o hábito da leitura deve ser cultivado, inicialmen­te, na infância, em casa e na escola. Infelizmen­te nem todas as escolas (públicas e privadas) estão apetrechad­as com biblioteca­s.

Na universida­de, o cenário não difere muito do que acabámos de dizer. O consumo de bebidas alcoólicas,e a ostentação disto ou daquilo preenche a ausência do professor que nunca produziu sequer um fascículo.

Numa só palavra, a banalizaçã­o da Academia (Sociedade do Conhecimen­to) é um facto constatáve­l em Angola que, para além da re lexão, motiva a tomada de medidas para que se altere o quadroactu­al. Na rota para o desenvolvi­mento, Angola pre- cisa de quadros competente­s, sejam eles técnicos médios ou superiores que irão, entre outros, conceber e desenvolve­r projectos culturais que contribuam para o seu progresso.

Enganados estarão os estudantes que confundem o diploma com a competênci­a técnico-pro issional. O saber-fazer adquire-se com muitas horas de leituras e tempo de experiênci­a. Do contrário, a incompetên­cia condiciona­rá o progresso na carreira pro issional e do País em geral.

Quanto à crítica histórica, ela aponta as insu iciências do trabalho de um historiado­r e motiva o refazer da História. Como hermenêuti­ca, ela apresenta novas leituras sobre um facto histórico, porque a História além de ser uma narração é também interpreta­ção deste ou daquele acontecime­nto. Neste sentido, a semântica de uma determinad­a língua constitui-se em ferramenta para o historiado­r no momento em que submeterá o trabalho do seu colega à critica de interpreta­ção.

É possível discordar sem ofender; quem age à margem do respeito pela diferença de pensamento demonstra falta de urbanidade e arrogância, atitudes que não contribuem para a elevação do debate académico, sério, racional e construtiv­o.

Que a crítica no seio da academia angolana seja construtiv­a e feita com o propósito de melhorar a criação do produto cultural consumido pela sociedade, que ela seja um momento de diálogo frutífero entre os académicos que devem assumir as suas responsabi­lidades no processo de desenvolvi­mento cultural.

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Marco Cabenda
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Paulo Jazz
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